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As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

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de formar no Brasil uma vasta República livre, alastraram-se triunfalmente entre<br />

aqueles visionários rebela<strong>do</strong>s. Manuel de Carvalho Paes trouxera <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s a semente sagrada. Semeou-a com um entusiasmo heróico. Arregimentou<br />

parceiros ardentes. Tramou a insurreição. Insuflou. Num relâmpago, sacudin<strong>do</strong> o<br />

país, a "Confederação" encorpou assusta<strong>do</strong>ramente. Foram depostos os<br />

governa<strong>do</strong>res legais. Os rebeldes apossaram-se de toda a região. Mas D. Pedro<br />

sorriu daqueles treslouca<strong>do</strong>s. Aprestou vertiginosamente as suas tropas. E fez partir<br />

às lufadas o General Lima e Silva à frente delas.<br />

Levava o solda<strong>do</strong> ordens ferozes. Ordens que Lima e Silva cumpriram com<br />

selvageria. É que uma boa-estrela, desde logo, alumiou as armas imperiais.<br />

Os revolucionários foram bati<strong>do</strong>s em "Couro d'Anta" Foram bati<strong>do</strong>s no<br />

"Agreste". Foram bati<strong>do</strong>s em "Engenho <strong>do</strong> Juiz". Carvalho Paes, vítima da própria<br />

imprudência, separa<strong>do</strong> imprevistamente das suas tropas, fugiu para bor<strong>do</strong> da nau<br />

inglesa "Tweed", onde se asilou.<br />

Os imperiais triunfaram. Começou, então, pelas províncias confederadas,<br />

tremenda enfiada de vinganças.<br />

D. Pedro foi inexorável. Não teve um gesto de clemência. A fúria sanguinária<br />

de Pedro, o Cru, acor<strong>do</strong>u insopitável na alma <strong>do</strong> neto. O Bragança afogou em jorros<br />

de sangue a idéia republicana. To<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s na insurreição estrebucharam<br />

na forca. Não escapou um só. De nada valeu o clamor público a favor de Frei<br />

Caneca. Nem o prestígio <strong>do</strong> simpático Major Agostinho Bezerra Cavalcanti, o mulato<br />

probo. Nem os serviços patrióticos de Nicolau Martins. Nem a batina <strong>do</strong> padre<br />

Gonçalo Bororó. Nem a velhice <strong>do</strong> Ibiapina. Nada!<br />

D. Pedro foi cruel. Man<strong>do</strong>u traspassar a to<strong>do</strong>s. Não houve súplica, não houve<br />

lágrima que abrandasse as suas cóleras.<br />

Nunca mais na vida, até morrer, o Impera<strong>do</strong>r se mostrou tão sem entranhas.<br />

D. Pedro, com assombro de toda gente, revelou-se verdadeiramente tigrino. Pôs<br />

bem a nu a faceta despótica <strong>do</strong> seu caráter. Diante dessa dureza estranha, tão em<br />

contraste com as gaiatices daquele Impera<strong>do</strong>r folgazão, um historia<strong>do</strong>r sensato<br />

ponderou com acerto: "O movimento republicano foi sopea<strong>do</strong>, mas — coisa triste de<br />

recordar-se — D. Pedro I, não satisfeito de ter venci<strong>do</strong> pelas armas, inspira<strong>do</strong> por<br />

uma política de rancor e de vingança, recorreu ao expediente vulgar <strong>do</strong>s cadafalsos.<br />

Ele, que havia se revela<strong>do</strong> contra a própria Pátria, contra seu Rei e contra seu Pai;<br />

que dissolvera a <strong>As</strong>sembléia Constituinte, violan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>gma da soberania nacional,<br />

constituin<strong>do</strong>-se em esta<strong>do</strong> de flagrante ilegalidade; este Príncipe, enfim, grande e<br />

ilustre revolucionário, fez enforcar e fuzilar outros revolucionários pelo crime de<br />

haverem protesta<strong>do</strong> contra o golpe de Esta<strong>do</strong>. Vítimas ilustres cujo perdão mal<br />

bastaria para honrar a demência imperial, e cujo sacrifício foi assaz poderoso para<br />

perpetuar uma tirania odiosa, posto que passageira".<br />

Ratcliff implicara-se na revolução republicana de 1824. Quem era esse<br />

personagem? Di-lo o Conselheiro Moreira Pinto: "João Guilherme Ratcliff nasceu na<br />

cidade <strong>do</strong> Porto, freguesia da Sé, na Rua das Flores, em 1770. Seu pai era polaco.<br />

Sua mãe era portuguesa, filha de polacos. Seu pai tinha negócio de instrumentos<br />

náuticos e de música. Ratcliff navegou muitas vezes para a Ásia. Possuía<br />

esclarecidíssima inteligência. Era alto, gor<strong>do</strong>, claro, cora<strong>do</strong>, cabelos louros.<br />

* * *<br />

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