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As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

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folhas esparzidas, pétalas de rosa por to<strong>do</strong> o chão. Os monges de S. Bento<br />

alegraram de sedas rui<strong>do</strong>sas as fachadas <strong>do</strong> seu mosteiro. Não houve casa, no<br />

itinerário, que não se enfaceirasse. Eram colchas da Índia, tapeçarias nas varandas,<br />

cortinas, velu<strong>do</strong>s colga<strong>do</strong>s à parede. Um esplen<strong>do</strong>r! Na Rua Direita, deslumbran<strong>do</strong>,<br />

ergueram-se três arcos. Foram a grande maravilha decorativa. A maior suntuosidade<br />

<strong>do</strong>s festejos. Os jornais falaram deles com louvores rasga<strong>do</strong>s. Um, o "Arco<br />

Romano", era ofereci<strong>do</strong> pelo Comércio. Fora concebi<strong>do</strong> e realiza<strong>do</strong> por Grandjean<br />

de Montigny e por Debret, os <strong>do</strong>is grandes artistas que o Conde da Barca mandara<br />

vir da França. Era um arco magnífico, com cinqüenta palmos de altura, sustenta<strong>do</strong><br />

por oito colunas dóricas ten<strong>do</strong> no pedestal os símbolos <strong>do</strong> Rio de Janeiro e <strong>do</strong><br />

Danúbio. Um trazia as quinas e castelos de Portugal; outro, as águias imperiais.<br />

Sobre cada um a legenda: "Januarius" — "Danubius". Havia baixos-relevos de<br />

grande efeito. Dum la<strong>do</strong>, a Europa e a Fama: uma tocava a trombeta; outra<br />

depositava sobre um altar as iniciais em ouro <strong>do</strong>s noivos: P. L. Por baixo, também<br />

em ouro, fulgia a inscrição típica: "À feliz união, o Comércio".<br />

Mais além, na esquina da Rua <strong>do</strong> Sabão, o segun<strong>do</strong> arco. Era tão alto como o<br />

de Montigny. Fora risco de Luís Xavier Pereira, maquinista <strong>do</strong> Real Teatro.<br />

Destacava-se nele, lá acima, a figura <strong>do</strong> Himeneu, circundada pelas figuras da<br />

Glória e da Fama. No meio, um medalhão; e no medalhão, em relevo, os retratos de<br />

D. Pedro e D. Leopoldina. No pedestal, em alegorias coloridíssimas, a Europa, a<br />

Ásia, a África, e a América.<br />

Enfim, em frente à Igreja da Cruz, o último arco. Era um "Triunfo romano".<br />

Oito estandartes finca<strong>do</strong>s em terra recobertos de grinaldas e flores. Palmas por toda<br />

parte. Em vez da águia romana, a águia austríaca de duas cabeças. Em vez <strong>do</strong><br />

busto dum general conquista<strong>do</strong>r, o busto em bronze da princesa. Em vez <strong>do</strong> nome<br />

de batalhas ganhas, o rol das virtudes e graças de D. Leopoldina: "Bondade" —<br />

"Amabilidade" — "Doçura" — "Sensibilidade" — "Beneficência" — "Constância" —<br />

"Espírito" — "Talento" — "Ciência" — "Encantos" — "Graça" — "Modéstia".<br />

O DESEMBARQUE<br />

Onze horas. Dia glorioso. Um sol de ouro re<strong>do</strong>uran<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>. Do Paço da Cidade,<br />

aos sons de caixas e de clarins, D. Carlota Joaquina toca para o cais em grande<br />

esta<strong>do</strong>. No cais, já na galeota real, D. João VI espera a Rainha e as Princesas. Sua<br />

Majestade viera por mar da Quinta da Boa Vista. E a galeota, sem mais tardança,<br />

zarpa rumo da nau "D. João VI". Centenas de escaleres engaivotam o mar. Toda a<br />

corte parte na espumarada de el-Rei. É um belo torvelinho de damas e de titulares.<br />

Balões de seda rosa e casacas de riço em verde. E tu<strong>do</strong> alegre, fascinante! O cais<br />

embandeira<strong>do</strong>, as naus embandeiradas, os escaleres embandeira<strong>do</strong>s. E salvas nas<br />

fortalezas, e repiques de sino, e estron<strong>do</strong> de morteiros, e rojões, e músicas atroan<strong>do</strong><br />

os ares. Lin<strong>do</strong>! A galeota fundeia. Os marinheiros, no tombadilho, fazem continência<br />

em honra <strong>do</strong> Rei. E logo, conduzida pelo braço cortesão <strong>do</strong> Marquês de Castelo-<br />

Melhor, D. Leopoldina desce a escadinha de bor<strong>do</strong>. E desce encanta<strong>do</strong>ra,<br />

garridíssima. O mesmo vesti<strong>do</strong> branco de rendas de Bruxelas. O mesmo diadema de<br />

pedras. A mesma grinalda tomban<strong>do</strong>-lhe, como uma cascata de espumas.<br />

Acompanham-na o Conde de Penafiel e o Conde de Louzã, vea<strong>do</strong>res de Sua Alteza.<br />

Depois, em vastos decotes, as Damas austríacas que acompanharam a Sua Alteza. E<br />

D. Leopoldina entra na galeota. Os reis recebem-na com efusão. Beijam-na na testa.<br />

O Príncipe beija-a na face. <strong>As</strong> Princesas beijam-na.<br />

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