As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama
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Um dia, enfim, depois daquele suave perío<strong>do</strong> de galanterias, D. Pedro tomou<br />
uma resolução de louco. Uma resolução verdadeiramente incrível. Sua Majestade<br />
ordenou ao cria<strong>do</strong>:<br />
— Vá à casa <strong>do</strong> Inhambupe e traga-me a filha aqui.<br />
— Aqui no Paço?<br />
— Aqui no Paço! Vá já. Eu fico à espera...<br />
E ficou à espera. <strong>As</strong> horas começaram a passar. Uma só idéia mordia-lhe o<br />
cérebro: será que a moça vem? E D. Pedro andava. Agitava-se. Fumava. O coração<br />
batia-lhe forte. Será que a moça vem? <strong>As</strong> horas passavam... Nada <strong>do</strong> Pláci<strong>do</strong>! E o<br />
Impera<strong>do</strong>r ansioso. E o Impera<strong>do</strong>r cada vez mais aflito. E nada <strong>do</strong> Pláci<strong>do</strong>! De<br />
repente, erguen<strong>do</strong> o reposteiro, surge o camarista de serviço. D. Pedro, ao vê-lo,<br />
arregalou os olhos, espantadíssimo:<br />
— Que há?<br />
— O Senhor Marquês de Inhambupe está na antecâmara. Veio em companhia<br />
de Pláci<strong>do</strong>. O Marquês pede para falar urgentemente a Vossa Majestade.<br />
D. Pedro empalideceu. O coração esfriou-lhe. Que diabo teria aconteci<strong>do</strong>?<br />
Mas ordenou sem vacilar:<br />
— Que entre!<br />
O Marquês entrou. D. Pedro recebeu-o secamente. Estava nervoso e trêmulo.<br />
— Que deseja Marquês?<br />
O Inhambupe entrou logo em matéria:<br />
— Vossa Majestade há de saber que o Pláci<strong>do</strong>, há vários meses já, vem<br />
cortejan<strong>do</strong> a minha filha...<br />
— O Pláci<strong>do</strong>?!<br />
— Sim, o Pláci<strong>do</strong>... Aparecia-me ele, quase to<strong>do</strong> o dia, com mimos para a<br />
rapariga. Era uma flor, uma caixa de confeitos, uma prenda. Eu nunca disse coisa<br />
alguma. O Pláci<strong>do</strong> é bom rapaz, muito sensato, pessoa de bem. Homem um pouco<br />
madurão, é verdade; Vossa Majestade sabe que o nosso Pláci<strong>do</strong> já passa <strong>do</strong>s<br />
quarenta! Mas eu também não gosto lá de peralvilhos... E por isso deixei a coisa<br />
tomar vulto. Hoje, para encurtar histórias, hoje, o homem surge-me lá em casa e<br />
pede-me a rapariga em casamento...<br />
E D. Pedro, com assombro:<br />
— O Pláci<strong>do</strong>?<br />
— Sim, Majestade. O Pláci<strong>do</strong>! Pediu-me a rapariga em casamento. Eu, com<br />
franqueza, nada tenho contra ele. É pessoa que estimo, pessoa que já tem o seu<br />
pecúlio amealha<strong>do</strong>, uma pessoa, enfim, que não envergonha a gente. Mas eu disselhe<br />
(como o Pláci<strong>do</strong> é servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Paço), que viria em primeiro lugar expor a Vossa<br />
Majestade. Estan<strong>do</strong> Vossa Majestade de acor<strong>do</strong>, eu, evidentemente, também,<br />
estaria. Depende tu<strong>do</strong> de Vossa Majestade. Que é que Vossa Majestade resolve?<br />
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