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As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

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D. Pedro ouviu, estupora<strong>do</strong>. A cabeça dançava-lhe. Estava boquiaberto! Mas<br />

respondeu logo, automaticamente, num alvoroço:<br />

— De pleno acor<strong>do</strong>, Marquês! De pleno acor<strong>do</strong>! O Pláci<strong>do</strong> é excelente<br />

pessoa. A filha de Vossa Excelência faz um ótimo casamento. E um casamento <strong>do</strong><br />

meu inteiro agra<strong>do</strong>! Pode ajustar as bodas...<br />

O Marquês iluminou-se. E baboso de contentamento:<br />

— Pois folgo muitíssimo em ver que Vossa Majestade consente... Folgo<br />

muitíssimo... À vista disso — não há mais dúvida — está ajusta<strong>do</strong> o casamento. Vou<br />

levar já a boa nova à minha filha...<br />

Ergueu-se, beijou a mão <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r, saiu tonto de felicidade. D. Pedro<br />

acompanhou-o até à porta. E com um sorriso:<br />

— Diga ao Pláci<strong>do</strong> que entre, Marquês... Quero abraçá-lo!<br />

E D. Pedro, um fun<strong>do</strong> vinco na testa, os braços cruza<strong>do</strong>s, esperou o antigo<br />

barbeiro. O Pláci<strong>do</strong> entrou. Vinha agonia<strong>do</strong>, o ar zonzo. Não teve coragem de fitar o<br />

amo: apenas, num aturdimento, atirou-se como louco aos pés <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r. E<br />

choran<strong>do</strong>, as mãos postas, pôs-se a bradar num desespero:<br />

— Per<strong>do</strong>e-me, Senhor D. Pedro! Per<strong>do</strong>e-me! Eu fui um trai<strong>do</strong>r! Um infame! Eu<br />

bem sei que fui indigno da confiança de Vossa Majestade...<br />

E chorava desabaladamente. D. Pedro ergueu-o desarma<strong>do</strong>: aquelas<br />

lágrimas <strong>do</strong> amigo abrandaram-lhe imediatamente as iras. D. Pedro sorriu um<br />

sorrisinho malicioso. E:<br />

— Mas que é que aconteceu, homem? Que é que significa esta comédia?<br />

Vamos lá. Explica-te...<br />

— É que eu gosto da moça, Majestade! Eu sempre gostei dela! Aquela<br />

rapariga é a minha paixão! É o meu sonho! E eu — Vossa Majestade me per<strong>do</strong>e! —<br />

eu não pude resistir: cortejei-a para mim...<br />

D. Pedro, no fun<strong>do</strong>, era uma alma encanta<strong>do</strong>ra. Aquela aventura <strong>do</strong> cria<strong>do</strong>,<br />

verdadeira página de opereta, entrou-lhe vence<strong>do</strong>ramente pelo coração adentro.<br />

To<strong>do</strong> o seu furor, dissipou-se. Aquilo era dum cômico feroz, irresistível... E ali, diante<br />

<strong>do</strong> noivo trêmulo, de olhos molha<strong>do</strong>s, D. Pedro não pôde reprimir-se: soltou uma<br />

gargalhada gostosa, uma gargalhada que lhe brotou sonoramente na alma!<br />

— Oh! Seu moleque, eu devia mandar-te para a forca; ouviste? Então,<br />

canalha, em vez de conquistar a moça para mim, foste arranjar noiva para ti? Oh!<br />

Grandíssimo tipo...<br />

— Per<strong>do</strong>e-me, Senhor D. Pedro, tornava Pláci<strong>do</strong>, murcho. Per<strong>do</strong>e-me! Foi<br />

uma traição, eu sei, mas eu gosto tanto da moça! Per<strong>do</strong>e-me...<br />

E D. Pedro, jovialmente:<br />

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