As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama
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— Não referen<strong>do</strong>! E digo mais: se Vossa Majestade quiser conservar-me no<br />
Ministério, há de fazer a mim esta mercê, que reputo essencial à moralidade e ao<br />
prestígio <strong>do</strong> Trono: despedir o Chalaça! Mandar o Chalaça embora <strong>do</strong> Brasil!<br />
D. Pedro escutou aquilo, assombra<strong>do</strong>! Não podia acreditar no que ouvia. E<br />
com os olhos arregala<strong>do</strong>s, tonto:<br />
— Mandar o Chalaça embora <strong>do</strong> Brasil?<br />
Barbacena ia responder. Mas nisto, erguen<strong>do</strong> o reposteiro, surgiu no salão a<br />
figura <strong>do</strong>ce e espiritualizada de D. Amélia. Naquele ambiente sombrio, tão carrega<strong>do</strong><br />
de trovoada, a silhueta moça e luminosa da Imperatriz foi como um raio de sol. D.<br />
Pedro, ao vê-la, sorriu. E galhofeiro:<br />
— Sabe? Aqui o Barbacena está a me pedir uma graça incrível...<br />
E a Imperatriz, toda luz e brejeirice:<br />
— Uma graça? Então, Majestade, é necessário concedê-la já. Não se pode<br />
negar coisa alguma ao nosso Barbacena.<br />
— Mas é preciso ver o que pede o Barbacena...<br />
— Que há de ser, meu Deus?<br />
D. Pedro, com um gesto largo:<br />
— Um disparate! Isto: a saída <strong>do</strong> Chalaça <strong>do</strong> Brasil!!<br />
D. Amélia tomou uns ares sisu<strong>do</strong>s. Tornou-se, bruscamente, pensativa e<br />
grave. Aquela boneca frágil, tão galante e loira, sabia ser imperatriz nos momentos<br />
exatos... E ali com uma solenidade súbita, tornou para o Impera<strong>do</strong>r:<br />
— O nosso Marquês tem razão, Majestade! Esse homem precisa sair <strong>do</strong><br />
Império...<br />
— Que diz Vossa Majestade?<br />
— Digo que o Chalaça precisa sair daqui. Vossa Majestade per<strong>do</strong>e... Mas eu<br />
digo mais: esse tipo é abominável! Eu o detesto. E detesto-o, porque ele<br />
desmoraliza o Paço. Porque prejudica o Império. Porque impopulariza o regime.<br />
Porque compromete a Vossa Majestade!<br />
— É um homem nefasto! É um...<br />
E ambos, Imperatriz e Ministro, assediaram o Impera<strong>do</strong>r de argumentos<br />
ferozes. Mas qual! D. Pedro não se deixava vencer. Resistia. Discutia. E afinal, para<br />
cortar o assunto:<br />
— Bem, eu vou pensar...<br />
Barbacena cintilou. Estava ganha a cartada... Sabia bem o astucioso ministro<br />
que D. Amélia, a deliciosa Beanharnais, com os seus radiosos dezessete anos, com<br />
aquela sua mocidade fresca e resplandescente, havia agrilhoa<strong>do</strong> o coração<br />
borboleta <strong>do</strong> moço Impera<strong>do</strong>r. D. Pedro teve pela mulher uma paixão desordenada.<br />
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