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As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

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Além disso — e aqui a situação tomava proporções alarmantes — a Inglaterra<br />

havia empresta<strong>do</strong> a Portugal a soma carrancuda de 1.400.000 libras! Portugal, <strong>do</strong>no<br />

<strong>do</strong> Brasil, isto é, <strong>do</strong>no daquela inexaurível mina de ouro, poderia facilmente pagar.<br />

Mas, sem o Brasil? Como poderia a Inglaterra haver <strong>do</strong> pequenino país já exausto,<br />

com as colônias da África em pandarecos, tanto e tão rico dinheiro? Era preciso,<br />

pois, de qualquer jeito, compor com habilidade a situação negra. E a ilha incumbiuse<br />

de ser medianeira <strong>do</strong> acor<strong>do</strong>. Começaram as negociações. Os plenipotenciários<br />

brasileiros e portugueses reuniram-se em Londres. <strong>As</strong> conferências eram presididas<br />

por Canning, primeiro Ministro. A Áustria, no caráter de amiga e conselheira, fora<br />

admitida a assistir às sessões.<br />

Mas, não houve meio de se chegar a acor<strong>do</strong>. Portugal não cedia um palmo.<br />

Os seus estadistas, por uma inabilidade que custa a crer, impunham que o Brasil,<br />

antes de mais nada, antes de qualquer confabulação, reconhecesse a D. João VI<br />

como rei <strong>do</strong> Brasil. E isto depois <strong>do</strong> 7 de Setembro, depois da derrota <strong>do</strong> General<br />

Madeira, depois de proclama<strong>do</strong> e coroa<strong>do</strong> o nosso Impera<strong>do</strong>r, depois de haverem os<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s reconheci<strong>do</strong> a nossa Independência! Impossível, portanto, uma<br />

conciliação. Portugal estava irritante. Canning, diante disso, resolveu entender-se<br />

diretamente com D. João VI. Suspendeu as negociações diplomáticas de Londres. E<br />

man<strong>do</strong>u "sir" Charles Stuart parlamentar em Lisboa. Levava Stuart instruções<br />

enérgicas e categóricas.<br />

Já em nota oficial declarara Canning, sem reservas, que a Inglaterra "não<br />

admitia intervenção de nenhuma nação no Brasil, o qual estava liga<strong>do</strong> à Grã-<br />

Bretanha por TRANSAÇÕES MERCANTIS E NEGÓCIOS DA MAIS ALTA<br />

IMPORTÁNCIA COMERCIAL". E Stuart, além disso, levou a Portugal uma intimação<br />

crua. Dizia Canning a D. João VI, entre outras coisas:<br />

"A Inglaterra está resolvida a reconhecer as repúblicas americanas e não pode<br />

excetuar o Brasil. Este tem direito de tomar assento entre as nações livres e já os<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s trocaram com D. Pedro diplomatas para representarem os respectivos<br />

países. Não pode a Inglaterra sacrificar as suas conveniências, e deixar a grande<br />

república tomar a dianteira nos negócios políticos e comerciais. O Governo inglês,<br />

portanto, considera terminada a questão <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong> Brasil. Seguirá para o<br />

Rio de Janeiro "sir" Charles Stuart, em caráter diplomático, a fim de negociar com D.<br />

Pedro um trata<strong>do</strong> amistoso que muito interessa à Inglaterra. Aproveite Sua Majestade a<br />

perícia <strong>do</strong> negocia<strong>do</strong>r para um entendimento com o filho, de mo<strong>do</strong> a finalizar a guerra.<br />

Se o Rei de Portugal não ouvir estes conselhos, o governo inglês aban<strong>do</strong>ná-lo-á na luta:<br />

e, sem mais considerações, declara que reconhece a independência <strong>do</strong> Brasil".<br />

D. João VI andava às tontas. O reino convulsionadíssimo. Disputas internas<br />

as mais tremendas. Naquela angústia, urgi<strong>do</strong> pelo seu grande e onipotente alia<strong>do</strong>,<br />

não teve o pobre Rei outro meio de desentalar-se: conferiu a Stuart poderes plenos<br />

para negociar definitivamente com D. Pedro a independência. E Stuart, já então<br />

certo <strong>do</strong> êxito, embarcou para o Rio de Janeiro.<br />

D. Pedro recebeu o diplomata com grandes alvoroços. Ouviu-o logo numa<br />

audiência reservada. Stuart expôs, com a maior sem-cerimônia, as condições <strong>do</strong><br />

reconhecimento. Se D. Pedro aceitasse, a Inglaterra sustentaria o Brasil contra<br />

Portugal; se não aceitasse, sustentaria Portugal contra o Brasil. Que fazer? O monarca<br />

reuniu o seu Conselho de Ministros. Era o gabinete Visconde de Barbacena. D. Pedro<br />

transmitiu-lhe a fórmula <strong>do</strong> acor<strong>do</strong>. E frisou bem os três pontos substanciais:<br />

* * *<br />

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