18.04.2013 Views

As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

www.nead.unama.br<br />

— Deixe-se de asnices, Chalaça! Você já viu atriz séria? Deixe-se de<br />

asnices... Leve o bilhete e diga que vou lá depois <strong>do</strong> teatro. Hoje é dia de festa,<br />

Chalaça! Hoje o Brasil é Brasil! Hoje é dia maior <strong>do</strong> que o 7 de Setembro! Toca a<br />

divertir um pouco, homem!<br />

E D. Pedro delirava de gosto.<br />

Tinha razão o monarca para aqueles júbilos. O 15 de Novembro fora a<br />

culminante vitória da obra que o jovem Bragança realizara. Não se trata,<br />

evidentemente, <strong>do</strong> 15 de Novembro republicano, o de 89. Não! É o 15 de Novembro<br />

de 1825, o monárquico. Foi ali — nesse famoso 15 de Novembro — que Portugal<br />

reconheceu por um decreto, definitivamente, a independência <strong>do</strong> Brasil. Reconheceu<br />

enfim a legitimidade desse império novo, autônomo, que a audácia galharda dum<br />

Príncipe moço criara na América. A história desse decreto é longa. Representa ela,<br />

com todas as suas tricas, a mais porfiada luta diplomática <strong>do</strong> Primeiro Reina<strong>do</strong>.<br />

Forçoso é proclamar, desde logo, que o Brasil deve o reconhecimento da sua<br />

autonomia à cooperação enérgica da Inglaterra. Foram os ingleses — não há dúvida<br />

— que decidiram da nossa sorte, há de parecer estranho (e o é de fato) que a ilha, a<br />

protetora, a amiga, a tradicionalmente aliada de Portugal, assumisse, em<br />

emergência tão áspera, essa atitude imprevista de sustentar a colônia contra a<br />

metrópole. Pois assim foi. E como se explica essa atitude? Por uma simples questão<br />

financeira. A Inglaterra foi sempre um país eminentemente prático. E no caso<br />

brasileiro, então, nada mais fez a Grã-Bretanha, ao sustentar o Brasil, <strong>do</strong> que<br />

defender o seu dinheiro e o seu comércio. Expliquemo-nos.<br />

Portugal, quan<strong>do</strong> estourou a notícia <strong>do</strong> 7 de Setembro, contava certo com a<br />

sua poderosíssima aliada. Os canhões ingleses haveriam de reconduzir a terra<br />

rebelde à sua velha situação de colônia. Mas as coisas, com assombro <strong>do</strong>s<br />

gabinetes europeus, tomaram um rumo ator<strong>do</strong>ante. A causa da independência<br />

incendiara o Brasil inteiro. Desencadeara-se pela colônia uma rajada febrenta de<br />

patriotismos. O General Madeira, que se entocara na Bahia, em defesa de Portugal,<br />

fora já venci<strong>do</strong> e expulso da terra. Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, com a sua larga liberalidade,<br />

reconheceram logo a independência da irmã americana. Um triunfo! O "caso"<br />

complicara-se assusta<strong>do</strong>ramente. Como resolver? A Inglaterra, sempre fria e<br />

utilitária, encarou de frente a situação. Viu, astuta e gananciosa, que tinha um<br />

soberbo trata<strong>do</strong> de comércio com o Brasil. Fora por esse trata<strong>do</strong> que a ilha se<br />

tornara a única nação que mercadejava sem concorrência na terra <strong>do</strong> pau-brasil.<br />

Ora, em 1823, esse trata<strong>do</strong> vencera. Carecia, portanto, reformá-lo. E para reformálo,<br />

urgia captar as boas graças <strong>do</strong> país novo.<br />

Demais (e isto era o grave) a Áustria, por interesses de família, via com os<br />

melhores olhos a independência <strong>do</strong> Brasil. Francisco Leopol<strong>do</strong> queria assegurar à<br />

filha o trono da América. Compreendeu bem a Inglaterra que Metternich, a primeira<br />

cabeça diplomática da época, esboçava já os primeiros passos para intervir a favor<br />

<strong>do</strong> reconhecimento. Resultaria disso — era fatal! — que o trata<strong>do</strong> de comércio<br />

escapuliria da Inglaterra e iria cair nas mãos da Áustria. Seria a maior das<br />

impolíticas. Seria a perda duma posição comercial vantajosíssima.<br />

* * *<br />

* * *<br />

43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!