As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama
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Cinco minutos depois, ao voltar da tonteira, o Impera<strong>do</strong>r vê ao pé de si, muito<br />
loira e muito fina, D. Amélia acarician<strong>do</strong>-lhe as mãos com o mais velu<strong>do</strong>so <strong>do</strong>s afagos...<br />
E pôs-se, então, a beijá-la como louco.<br />
No Paço de S. Cristóvão, depois da bênção nupcial, o Impera<strong>do</strong>r apresentou<br />
os filhos a D. Amélia. Foi uma cena encanta<strong>do</strong>ra. A deliciosa Beauharnais, com<br />
afetuosidades de comover, toda macieza e ternura, cobriu de carinhos longos,<br />
inun<strong>do</strong>u de beijos e de abraços, maternalmente, as princesinhas e o príncipe<br />
herdeiro. D. Pedro sorria, feliz. Mas em meio daqueles mimos, quebran<strong>do</strong> aquele<br />
transbordar de galantezas, o Impera<strong>do</strong>r, o eterno irrefleti<strong>do</strong>, virou-se com singeleza<br />
para a Marquesa de Itaguaí, que assistia comovidamente ao quadro:<br />
— Minha boa Francisca! Vá buscar a Duquesinha de Goiás...<br />
Aquela ordem foi um choque! D. Amélia estremeceu. Secou-lhe bruscamente<br />
o riso no lábio. O seu olhar fuzilou, áspero. E com um gesto autoritário:<br />
— Um instante, Marquesa!<br />
A Marquesa de Itaguaí, que saía, estacou à porta. E D. Amélia, a voz<br />
fremente, o cenho cerra<strong>do</strong>, fitan<strong>do</strong> o Impera<strong>do</strong>r nos olhos:<br />
— Majestade! Poupe-me a <strong>do</strong>r dessa apresentação. Eu quero ser mãe <strong>do</strong>s<br />
filhos de D. Leopoldina. Mas "unicamente" <strong>do</strong>s filhos de D. Leopoldina. Eu não quero<br />
conhecer — nem sequer conhecer! — a bastarda da Senhora Marquesa de Santos...<br />
D. Pedro ouviu, atônito. E D. Amélia, imperturbável:<br />
— Peço a Vossa Majestade, portanto, que faça retirar imediatamente essa<br />
menina <strong>do</strong> Paço! É o primeiro pedi<strong>do</strong>, Senhor D. Pedro, que a Imperatriz faz ao<br />
Impera<strong>do</strong>r.<br />
E sem esperar resposta, incisiva e ríspida, ordenou a D. Francisca:<br />
— Marquesa! Vá avisar as açafatas que a Duquesa de Goiás deve sair já<br />
deste Paço. Que preparem as malas!<br />
A Marquesa embasbacou. Não sabia o que fazer. Olhou aturdida para D.<br />
Pedro, suplican<strong>do</strong> uma decisão...<br />
D. Pedro quase chorava. Mas, como recusar? Venci<strong>do</strong>, olhos no chão,<br />
balbuciou apenas, num cicio:<br />
— Cumpra as ordens da Imperatriz, Marquesa...<br />
A Duquesinha de Goiás, nessa mesma tarde, saiu enxotada <strong>do</strong> Paço de S.<br />
Cristóvão. Trasla<strong>do</strong>u-se para Niterói, onde foi morar com as primas da Marquesa de<br />
Santos.<br />
E foi assim, com esse gesto ferozmente rude, que estreiou no Brasil aquela<br />
deliciosa Imperatriz de dezessete anos, fina e frágil, loira como uma boneca...<br />
* * *<br />
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