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As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

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único rei legitimo de Portugal! Tu<strong>do</strong> o que fizera D. Pedro, dizia o trai<strong>do</strong>r, era<br />

virtualmente nulo. Nulo porque o Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil não tinha direito algum à<br />

sucessão <strong>do</strong> trono. E isto pelas razões seguintes:<br />

1.o) "D. Pedro se tornara o soberano de um país estrangeiro. Esta<br />

circunstância, constituin<strong>do</strong>-o estrangeiro, excluiu-o <strong>do</strong> trono de Portugal, de<br />

conformidade com o decreto das cortes de Lamego;<br />

2.o) A residência de D. Pedro fora <strong>do</strong> reino era contrária às ordenanças das<br />

cortes de Thomar de 1641;<br />

3.o) Ten<strong>do</strong> Portugal e o Brasil se separa<strong>do</strong> em Esta<strong>do</strong>s distintos desde 15 de<br />

novembro de 1825, e ten<strong>do</strong> D. Pedro escolhi<strong>do</strong> a coroa <strong>do</strong> último, se desqualificara<br />

para reinar sobre Portugal, pelos termos das sobreditas cartas patentes de 1642;<br />

4.o) O juramento presta<strong>do</strong> por D. Miguel era inváli<strong>do</strong>, por ter si<strong>do</strong> o mesmo<br />

força<strong>do</strong>, e contraí<strong>do</strong> em país estrangeiro (2)".<br />

D. Miguel, funda<strong>do</strong> em tais princípios, convocou "os três Esta<strong>do</strong>s". Eram os<br />

únicos, de acor<strong>do</strong> com as velhas usanças, que poderiam dizer a palavra decisiva.<br />

Os três Esta<strong>do</strong>s reuniram-se. A decisão — está claro! — não podia ser outra:<br />

proclamaram o Infante rei de Portugal.<br />

D. Miguel sem vacilar, assumiu o título de Miguel I. E por essa forma, com<br />

essa triste comédia, consumou-se o perjúrio tremen<strong>do</strong>. O Infante usurpou assim,<br />

descaradamente, o trono da sobrinha e noiva.<br />

D. Pedro no Rio, nunca imaginou que no Reino se estivessem desenrolan<strong>do</strong><br />

acontecimentos tão fabulosos. Na sua boa-fé, certíssimo de que apaziguara tu<strong>do</strong>,<br />

man<strong>do</strong>u aprestar uma fragata para conduzir D. Maria II a Viena. Determinara o<br />

Impera<strong>do</strong>r que fosse a menina para a Corte <strong>do</strong> avô, o velho Francisco I, aprimorar a<br />

educação e esperar a idade legal para o casamento com D. Miguel. A missão de<br />

acompanhar a rainha à Europa era das mais subidas. Honra grande e séria. Quem<br />

haveria de ser o escolhi<strong>do</strong> para embaixada de tanto lustre? Não é difícil adivinhar: o<br />

Barbacena, o homem único, o diplomata da paixão de D. Pedro.<br />

Caldeira Brant embarcou na "Red-Pole". A bor<strong>do</strong>, recebeu, com minúcias, as<br />

instruções da viagem.<br />

"Largará V. Excia. deste porto em direitura a Gênova, tocan<strong>do</strong> em Gibraltar<br />

para receber o prático <strong>do</strong> Mediterrâneo.<br />

Em Gênova, terá unicamente a demora para que Sua Majestade Fidelíssima D.<br />

Maria da Glória descanse <strong>do</strong>s incômo<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mar e prepare-se o transporte por terra.<br />

S. M. F. tomará, na sua viagem, o título de "Duquesa de Guimarães"; e<br />

passará; por Parma, a fim de visitar sua tia, a Arquiduquesa Maria Luísa.<br />

Chegan<strong>do</strong> a Viena, fará V. S. entrega <strong>do</strong> sagra<strong>do</strong> depósito, de que vai<br />

encarrega<strong>do</strong>, a seu augusto avô; e então ficarão na companhia da rainha, a Condessa<br />

de Atagipe, assim como D. Manana Carlota Brusco, e Joaquina Teresa de Jesus".<br />

Ao mesmo tempo, por esse mesmo barco, levava o ilustre ministro fortíssimas<br />

credenciais junto ao Impera<strong>do</strong>r da Áustria. D. Pedro escrevera ao sogro esta<br />

envaidece<strong>do</strong>ra carta:<br />

"Ultiman<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> quanto eu tinha prometi<strong>do</strong>, envio minha filha, rainha de Portugal,<br />

para a Europa, a fim de aprender na companhia de Vossa Majestade Imperial, Real e<br />

Apostólica, o que lhe convém para um dia vir a ser a imagem de seu avô, fazen<strong>do</strong><br />

felizes os povos a quem governar. O sentimento que, contu<strong>do</strong>, me causa o separar-me<br />

de uma filha tão querida, não me permite dizer agora mais coisa alguma.<br />

O Marquês de Barbacena, encarrega<strong>do</strong> de entregar a Vossa Majestade minha<br />

filha, dirá a Vossa Majestade tu<strong>do</strong> o que quiser saber, não só relativo a mim e a toda<br />

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