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As Maluquices do Imperador _NOVA_ - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Oh, Cauper, fica-te por aí com a princesa: eu vou me divertir um boca<strong>do</strong><br />

com as tuas filhas.<br />

D. João ouviu. Consolou ternamente a desesperada austríaca. Fez-lhe um<br />

agra<strong>do</strong>zinho no queixo:<br />

— Eu sei de tu<strong>do</strong>, minha filha! De tu<strong>do</strong>! O Sousa Lobato já me pôs a par<br />

dessas leviandades <strong>do</strong> Pedro. Aquele rapaz é assim mesmo, minha filha: um<br />

desmiola<strong>do</strong>! Mas deixa o caso por minha conta. Eu serei por ti.<br />

Beijou a nora, fez-lhe outro agra<strong>do</strong>zinho, man<strong>do</strong>u chamar ali mesmo o<br />

Visconde de Parati, o vali<strong>do</strong>, a fim de resolverem aquele caso de família.<br />

Dias depois, na corte, arrebentou uma notícia palpitante. Uma notícia<br />

inesperada, rui<strong>do</strong>síssima: o Cauper fora agracia<strong>do</strong> com um ofício em Lisboa! Um<br />

ofício ótimo, <strong>do</strong>s melhores <strong>do</strong> Reino, que rendia a bagatela de dezoito mil cruza<strong>do</strong>s!<br />

Além <strong>do</strong> oficio, como alta prova da confiança real, levava o guarda-roupa a missão<br />

de transmitir ao governo português ordens e instruções secretas <strong>do</strong> rei.<br />

Tornar a Portugal! Por esse tempo, no Rio, o mais acarinhante desejo da<br />

corte era voltar para o Reino. Ninguém se acostumava no Brasil. Os fidalgos<br />

detestavam aluda vida sensaborona, colonial, numa cidadezinha suja, tristíssima,<br />

cheia de negros e de mosquitos. Ficar com el-Rei era sacrifício. Era um morrer de<br />

tédio. Um suicidar-se. Eis porque, na corte, ao arrebentar a notícia <strong>do</strong> embarque <strong>do</strong><br />

Cauper, não houve cortesão que não suspirasse, invejoso:<br />

— Ora, vede o Cauper! Não há como ser vali<strong>do</strong> <strong>do</strong> príncipe... Que felizar<strong>do</strong>! É<br />

feliz como os Lobatos...<br />

Enfim, numa corveta inglesa, embarcou para o Reino o guarda-roupa <strong>do</strong><br />

príncipe. D. Pedro e D. Leopoldina foram a bor<strong>do</strong> levar aos amigos o abraço de<br />

despedida. O Cauper estava chocadissimo. Ao dizer adeus, então, desenrolou-se<br />

uma cena tocante. O guarda-roupa chorava. <strong>As</strong> moças choravam. D. Pedro chorava.<br />

D. Leopoldina chorava... Foi um mar de lágrimas.<br />

* * *<br />

* * *<br />

Nessa noite, depois <strong>do</strong> terço, no oratório, D. João perguntou baixinho à nora:<br />

— Está contente, minha filha?<br />

E a princesa, com um súbito clarão nos olhos:<br />

— Contentíssima!<br />

E beijou, agradecida, a mão <strong>do</strong> rei.<br />

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