PROJETO RADAMBRASIL
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Trata-se de uma depressäo que è a continuagäo do processo<br />
de circundesnudagäo na periferie da baciai sedimentär<br />
do Amazonas. Sua genese de periférica, assinalada<br />
por Barbosa, Rennó e Franco (1974), na Folha SA.22<br />
Belèm, näo estä evidenciada nessa area, uma vez que os<br />
bordos da bacia paleozóica do Amazonas se apresentam<br />
ao sul, na Folha SA.21 Santarém.<br />
Na Folha NA.21 Tumucumaque e parte da Folha NB.21 ,• os<br />
Planaltos Residuais do Amapä e o Planalto Dissecado<br />
Norte da Amazönia marcam o limite norte-ocidental dessa<br />
depressäo, conferindo-lhe caracteristicas de interplanältica.<br />
Sua denominagäo foi mantida, por tratar-se de um<br />
relevo homogêneo, sem interrupgäo espacial. Constitui a<br />
menor unidade de relevo na ärea mapeada, achando-se<br />
compreendida na Folha NA.21 -Z-D. Talhada sobre rochas<br />
pre-cambrianas do Complexo Guianense, suas altitudes<br />
mèdias variam em torno dos 100 a 200m e a cobertura<br />
vegetal é de Floresta Densa.<br />
A grande densidade de drenagem promoveu uma dissecagäo<br />
genefalizadä^na ärea, originando formas de relevo<br />
predominantementecolinosas (c), com variagöes no indice<br />
de aprofundamento dos rios, que por vezes se apresentam<br />
com vales encaixados (cv). No sudeste dessa unidade,<br />
observa-se um desnivel topogräfico, onde as colinas se<br />
encontram mais rebaixadas. Isso evidencia que a depressäo<br />
comporta niveis topogrêficos embutidos.<br />
A ärea ê drenada pelo rio Paru de Este que, após se superimporao<br />
Planalto Dissecado Norte da Amazönia, corta<br />
essa unidade no sentido NW - SE. Os rios de 2. a ordern säo<br />
afluentes do rio Paru de Este e alguns deles apresentam<br />
vales de fundo chato.<br />
5. UNIDADES MORFOCLIMÄTICAS<br />
Os parèmetros fundamentals para a delimitacäo das Unidades<br />
Morfoclimäticas säo os informes fitogeograficos,<br />
climatológicos, pedológicose litológicos fornecidos pelos<br />
mapeamentos temäticos efetuados no Projeto RADÄM-<br />
BRASIL. A anälise desses elementos permite definir conjuntos<br />
de relevo, cuja evolugäo estä submetida aos<br />
mesmos processos morfogenéticos.<br />
A denominacäo das Unidades Morfoclimäticas näo puderam<br />
seguir os parämetros propostos por Ab'Säber (1967)<br />
porque os tipos de relevo e de cobertura vegetal na ärea<br />
mapeada apresentam uma diversidade muito grande. Em<br />
vista disso, optou-se por denominar as Unidades Morfoclimäticas<br />
pelo nome das Unidades Morfoestruturais. Isso<br />
trouxe a vantagem de permitir räpida localizagäo do fato,<br />
posto que as Unidades Morfoestruturais correspondem a<br />
.divisäo regional do relevo. Criou-se, em nome disso, uma<br />
contradigäo terminolögica de nomear um fato pela genese<br />
de outro.<br />
Na Folha NA.21 Tumucumaque e parte da Folha NB.21<br />
foram identificadosdois Dominios Morfoclimäticos e duas<br />
Faixas deTransicäo(Fig. 11), que seräo descritas a seguir.<br />
5.1 — Dominio Morfoclimätico em Planaltos Dissecados<br />
e Depressäo Interplanältica<br />
Constltuindo a maior unidade da ärea, esse Dominio<br />
140GEOMORFOLOGIA<br />
abränge toda a extensäo do Planalto Dissecado Norte da<br />
Amazönia, parte da Depressäo Interplanältica do Sul das<br />
Guianas, do Pediplano Rio Branco - Rio Nègro e dos<br />
Planaltos Residuais de Roraima, ultrapassando os limites<br />
da ärea mapeada em todos os quadrantes.<br />
Na sua maior extensäo, esse Dominio corresponde ao<br />
clima Subtermaxérico, com a temperatura do mês mais frio<br />
superior a 15°C e apenas um mês seco, compreehdendo,<br />
pois, um clima ümido, com vegetacäo de Floresta Densa.<br />
A noroeste da serra Acarai ou Acari, observa-se uma faixa<br />
de clima Termoxeroquimënico Atenuado com vegetacäo de<br />
Floresta Aberta, marcando o contato dessa unidade com<br />
uma faixa de transicäo que antecede o Dominio Morfoclimatico<br />
em Patamares Erosivos e Superficies Pediplanadas.<br />
Devido ä sua distribuigäo espacial extensiva, essa unidade<br />
morfoclimätica abränge litologias variadas do Prè-Cambriano:<br />
as do Complexo Guianense e do Grupo Uatumä,<br />
coincidindo com as areas mais rebaixadas e as do Granodiorito<br />
Rio Novo, Granito Mäpuera e Gnaisse Tumucumaque,<br />
correspondendo äs areas elevadas. Essa diferenciacäo<br />
de relevo em rochas, que säo geomorfologicamente<br />
fracas, dentro das condigöes morfoclimäticas atuais, è<br />
demonstrativa da interferência de outras variäveis. A<br />
primeira delas resulta de efeitos de reativagäo da tectönica<br />
prê-cambriana, modificando as condigöes topogräficas no<br />
Terciério e Quaternärio. A segunda variävel resulta de<br />
processos morfoclimäticos diferenciados. Assim, ä'presenga<br />
de rochas de fraca resistência ä erosäo atual em<br />
posigäo topogräfica elevada, indica a persistência de<br />
efeitos de morfogênese herdada.<br />
De modo gerat, o relevo se encontra bastante dissecado,<br />
resultando uma feigäo geomörfica colinosa, caracteristica<br />
do clima ümido atual. Em muitos trechos do<br />
Planalto Dissecado Norte da Amazönia observam-se relevos<br />
de topo aplainado com solos do tipo Latossolo<br />
Vermelho-Amarelo muito argiloso. O material argiloso é<br />
evidenciado pela instalagäo de uma drenagem de densidade<br />
alta, que revela impermeabilidade no material de<br />
superficie. Isso permitiu a instalagäo de processo morfoclimatico<br />
com prevalência do escoamento laminar, resultando<br />
bordos cöncavos. Os ravinamentos das encostas<br />
indicam a grande espessura do alterito. Esse tipo de feigäo<br />
è parcialmente coerente com o clima atual. No entanto, os<br />
topos aplainados estäo em desacordo com a tendência<br />
geral ä colinizagäo, implantada peló clima ümido. Esses<br />
topos constituem uma forma herdada de um paleoclirna<br />
mais seco, agora retrabalhada por morfogênese ümida. O<br />
mesmo acontece com o trecho florestado do Pediplano Rio<br />
Branco - Rio Negro, onde a morfogênese atual modelou<br />
colinas muito incipientes, que näo conseguiram apagar<br />
ainda as indicacöes de um ambiente morfoclimatico mais<br />
seco.<br />
A serra Acarai ou Acari quando penetra na Folha<br />
NA.21-Y-A, apresenta-se como um conjunto macigo de<br />
relevo residual, circundado por inselbergs. Essa situagäo<br />
geomorfológica revela uma superposigäo de morfogêneses<br />
diferenciadas em duas fases distintas. Uma fase inicial<br />
mais seca aplainou o relevo regional, deixando a serra<br />
Acarai ou Acari como relevo residual. O aplainamento foi<br />
feito gradualmente, de modo a isolar da serra blocos<br />
rochosos de inselbergs. A segunda fase foi elaborada com<br />
morfogênese mais ümida, substituindo processos predo-