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PROJETO RADAMBRASIL

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se encontram posicionados em meio ä superficie baixa.<br />

Eles constituem relevos marginais a essa superficie e se<br />

dispöem em grandes conjuntos orientados de NW para SE,<br />

seguindo as direcöes preferenciais dos Graben do Paru e<br />

do Mapuera, e das Falhas do Mapaoni e do Cafuini. Essa<br />

situagäo indica a abertura do extenso väo deprimido entre<br />

areas elevadas, originado por movimentagäo tectönica,<br />

com disposicäo do relevo de SW para NE em Roraima e de<br />

NW para SE na Folha NA.21 - Tumucumaque e parte da<br />

Folha NB.21. Näo ha indicagöes para se determinar a data<br />

desse relevo, mas o grau de conservagäo das escarpas de<br />

falha e/ou de linhas de falha näo é indicativo de uma<br />

antiguidade maior que o Terciärio Inferior.<br />

Uma oscilagäo paleoclimatica mais seca desencadeou<br />

processos de pediplanagäo que aproveitou a ärea ja aberta<br />

por tectönica. Desse modo, uma extensa superficie aplainada<br />

instalou-se na ärea, ocupando toda a depressäo.<br />

Esse aplainamento desmontou macigos residuais, transformando-os<br />

em inselbergs. A serra Acarai ou Acari é urn<br />

exemplo disso.<br />

A penetracäo de um clima ümido a partir do centro da<br />

regiäo mapeada, setorizou o clima seco anterior, instalando-se<br />

gradativamente por toda a ärea e nela permanecendo.<br />

Como indicagäo do paleoclima mais seco dentre<br />

outras causas, permaneceram os Campos do Rio Branco,<br />

correspondendo a unidade morfoestrutural denominada<br />

Pediplano Rio Branco — Rio Negro e o relevo da ärea de<br />

Savana ao sul da serra de Tumucumaque. Nessas duas<br />

areas, os processos de morfogênese mecènica continuara<br />

m rebaixando a superficie, originando um nivel topografico<br />

mais baixo que o do restante da area.<br />

Em Roraima, o Pediplano Rio. Branco — Rio Negro näo<br />

apresenta atualmente carater interplanältico, posto que o<br />

antigo divisor de éguas entre o rio Uraricoera e o Negro ja<br />

se encontra erodido. A continuidade espacial desse aplainamento<br />

é nitida. Ele pode ser acompanhado desde sua '<br />

localidade — tipo na ärea de Boa Vista, atè se interpenetrar<br />

aos Planaltos Residuais de Roraima e Planalto.<br />

Dissecado Norte da Amazönia, a sudoeste da ärea mapeada.<br />

NasFolhas NA.21-V-A e NA.21-V-C, ele se apresenta<br />

bem conservado, sob vegetagäo de Campos com inselbergs<br />

dispersos, mostrando as mesmas caracteristicas de<br />

sua localidade — tipo. O estudo do comportamento da<br />

drenagem nessa area permitiu concluir sobre sua evolugäo.<br />

O principal elemento de anälise é o rio Tacutu, que<br />

constitui a drenagem de 3.* ordern. Tendo suas nascentes<br />

no bordo norte da serra Acarai ou Acari, esse rio corre de<br />

sul para norte atè sua confluência com o rio Maü, quando<br />

inflete para oeste, adaptando-se è diregäo estrutural do<br />

graben de mesmo nome. Sua diregäo inicial S — N,<br />

contraria ä dos rios da margem esquerda do Amazonas, e<br />

expiicada pela declividade regional da ärea dada pelo<br />

Graben do Takutu, aliada ä sua condigäo anterior de<br />

pertencer ä bacia do Essequibo. Guerra (1957) sugere a<br />

possibilidade do rio Tacutü junto com o rio Uraricoera<br />

fazerem parte dessa bacia. Franco, Del'Arco e Rivetti<br />

(1975) confirmam essa possibilidade. A mudanga de diregäo<br />

do rio Tacutu, após sua confluência com o rio Maü,<br />

evidencia a captura que esse rio sofreu, levada a efeito pelo<br />

rio Branco. Barbosa & Ramos (1959) assinalam esse fato,<br />

reafirmado por Braun (1974). O rio Tacutu corta os sedimentos<br />

da Formagäo Boa Vista, sendo, pois, posterior a<br />

eles. Conseqüentemente è, tambèm, posterior ao aplainamento<br />

que trunca esses sedimentos. A norte da conflu­<br />

ência do rio Tacutu com o rio Maü, hä inümeras lagoas.<br />

Muitas delas estäo isoladas, outras ja abertas ä drenagem<br />

de 2. a ordern, que as incorporam ä drenagem de 3. a . A<br />

anälise da imagem de radar, possibilitando uma visäo de<br />

conjunto, permite estabelecer uma sequência evolutiva na<br />

seguinte ordern: inicialmente instalou-se o aplainamento<br />

pós-pleistocênico ou finipleistocênico. As lagoas säo<br />

penecontemporäneas ao aplainamento, correspondendo a<br />

uma fase de arreismo, final do processo de pediplanagäo.<br />

Posteriormente instalou-se a drenagem de 3." ordern,<br />

representada sobretudo pelo rio Tacutu. A de 2." ordern<br />

comegou a ser organizada em fungäo desse rio. Ê a fase<br />

inicial do exorreismo. A ultima fase indica uma retomada<br />

de erosäo: pequenos rios comegam a drenar as lagoas<br />

interligando-as entre si e aos rios maiores, indicando uma<br />

fase atual de exorreismo. A vegetagäo florestal avangä<br />

sobre os Cämpos, aproveitando canais exorreicos. Essa<br />

ultima fase é semelhante äquela descrita por Franco,<br />

Del'Arco e Rivetti (1975), quando se referem äs äreas de<br />

acumulagäo mundäveis. Isso da a medida da extensäo<br />

espacial do processo de pediplanagäo.<br />

Ao sul de Conceigäo do Maü, numa faixa diagonal de NE<br />

para SW, a drenagem corta sedimentos da Formagäo Boa<br />

Vista. Apesardepouco profundos, esses rios de 2. a ordern<br />

atingem o embasamento, que na ärea estä em posigäo<br />

subsuperficial. Eies se adaptam ä diregäo estrutural<br />

NE — SW do Graben do Takutu. Isso é indicativo de uma<br />

tectönica muito recente na ärea, praticamente pós-pleistocènica.<br />

Essa neotectönica se reflete na superficie, de<br />

modo a sensibilizarapenas a drenagem, mas sem criar, no<br />

aplainamento, relevos tectönicos.<br />

Ä medida que se caminha para sul em diregäo ä serra<br />

Troväo, a drenagem se torna mais organizada e mais<br />

densa. Isso prenuncia uma transigäo dos Campos para a<br />

Floresta. As lagoas estäo abertas ä drenagem e ao longo<br />

dos vales se instala uma vegetagäo arbórea, enquanto nos<br />

interflüvios permanecem os Campos. Os relevos residuais<br />

que emergem da superficie acham-se cobertos por Floresta.<br />

Deles desce a Floresta-de-Galeria, que invade os Campos.<br />

Esse fenömeno ê evidenciado em conjuntos maiores,<br />

dados pela imagem de radar. A vegetagäo de Floresta<br />

desce das areas topograficamente elevadas, como serra<br />

Acarai ou Acari e se estende pelo pediplano, transitando<br />

para vegetagäo arbustiva e campestre. Essa vegetagäo de<br />

Floresta, que gradualmente se instala nos Campos, deve<br />

ser mais recente, pois ela acompanha os vales, que säo<br />

eventos geomorfológicos posteriores aos interflüvios, onde<br />

se localizam os campos. Essas sugestöes de idades<br />

näo podem serconclusivas porque, sobre a vida vegetal hä<br />

outras interferências, alèm das condigöes geomorfolögicas.<br />

A sul da serra Acarai, o Pediplano Rio Branco — Rio Negro<br />

encontra-se totalmente recoberto por floresta. Nessa ärea,<br />

sua definigäo como pós-pleistocênico se deve ao fato de<br />

se apresentar como forma homogênea, distribuida de<br />

modo continuo desde Roraima. A norte da serra Acarai ou<br />

Acari, ele è datado como tal por truncar a Formagäo Boa<br />

Vista de idade pleistocênica (Montalväo et alli — 1975). O<br />

sobrevóo revelou a existência de areas alagadas sob a<br />

Floresta (Folha NA.21-Y-C), em posigäo muito distante da<br />

interferência dos rios. O encharcamento do terreno indica<br />

a existência de uma superficie, onde a declividade è<br />

minima, revelando, deste modo, a continuagäo do pediplano<br />

sob a Floresta. Nessa area, a drenagem de 3.* ordern<br />

GEOMORFOLOGIA145

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