PROJETO RADAMBRASIL

Destacam-se nesta folha duas sub-regiöes de Savana — a
Savana de Tiriós e parte da Savana do Rio Branco (superficies
aplainada e dissecada).
5.1.1 — Sub-Regiäo da Savana de Tiriós
O sistema de Tiriós esté situado na parte leste, compreendido
entre as coordenadas: longitude 55°27'W e 56°00,W e
parte pela linha de fronteira. No lado norte alcanca a serra
de Tumucumaque, situada acima da latitude 02°25'N, e no
lado sul a sua primeira manifestacäo dä-se logo acima do
igarapé Urucuriana, af luente do Cuminä, localizada sobre a
latitude 00°30'N.
A Savana de Tiriós abränge a bacia de tres principals vias
hidrograf icas: o rio Paru de Oeste ou Cumina, que percorre
o centro da area de norte a sul; o rio Marapi, que Ifmita o
presente sistema com a Regiäo Ecológica da Floresta
Densa pelo lado oeste; e o igarapé Urucuriana qüe contorna
a area pelo lado sudeste. Todos convergem para o rio
Cuminä, afluente do Trombetas.
O contraste fisionömico caracterizado pela ocorrência de
area aberta com formacöes de parques naturais encravados
no imenso conjunto florestal da folha ressalta a presenca
de uma estrutura pedológica descontinua, constituida de
solos oligotróficos de natureza pré-cambriana.
A area da Savana mede aproximadamente 7.358,0 km2 e
estä subdividida em tres ecossistemas:
a) Ecossistema da Savana Arbórea Densa
Esta unidade fisionömica esta localizada na parte central e
sul desta sub-regiäo destacando-se tres areas isoladas,
distribuidas entre as Folhas NA.21-Z-A e NA.21-Z-D.
Geomorfologicamente as suas superficies acham-se
pouco acidentadas, destacando-se porém, em certos
trechos, afloramentos dos testemunhos residuals de
relevo montanhoso, subvulcänico (riolitos), em formas de
colinas, onde se verifica a presenca de grandes blocos de
rochas roladas que se desprendem dos altos em conseqüência
do processo de intemperismo.
A comurridade floristica deste ecossistema constitui-se de
formacöes mais ou menos densas de individuos arbóreos,
apresentando alturas que variam de 10 a 15 m.
O estabelecimento de espécies da Savana nesta area estä
relacionado a fatores naturais e antrópicos, onde as suas
caracteristicas especificas destacam-se como os principals
fatores inibidores para o desenvolvimento de vegetacäo
de porte florestal. A grande parte do solo que
compöe a area da Savana apresenta urn textura porfiróide
quartzifero de cor avermelhada.
Fazendo parte da comunidade floristica da Savana, destacam-se
também algumas espécies da Floresta Densa,
que, por seus ecotipos, apresenta maior amplitude ecológica,
resistindo e adaptando-se ao meio que Ihe é hostil e
pouco favorével. Dentre estas espécies destacam-se as
tamanqueiras, cariperana, parapara, piquiarana, onde suas
caracteristicas externas, como a altura, a forma; a espessura
e a aparência da casca, etcv acham-se completamente
modificadas a fim de adquirir maior resistência contra o
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meio desfavorével. Além destas, foram relacionadas neste
ecossistema as seguintes espécies dominantes: breu-decampo
(Protium cordatum Hub), sucupira-do-campo
(Bowdichia virgilioides H.B.K.), macucu-fofo (Saccoglottis
sp.), uchirana {Saccoglottis amazonica H.B.K.),
goiabinha (Myrtaceae sp.), umiri (Humiria floribunda
Mart.) e outras.
b) Ecossistema da Savana Arbórea Aberta
Este ecossistema estä representado por uma area acidentada
localizada na parte sul da Savana. Situa-se a leste da
Folha NA.21-Z-C, e esté inserido entre o ecossistema da
Savana arbórea densa a sul e Area de Tensäo Ecológica a
norte.
A cobertura floristica deste ecossistema é composta
por elementos arbóreos e graminosos. A estrutura fisionömica
é de aberta a mais ou menos densa, com a
cobertura graminóide rara e agrupada na parte densa da
Savana; torna-se mais continua na parte com pouca cobertura
arbórea, de onde se destacam as espécies do gênero
Andropogon, Croton arirambae Hub., Tococa nitens Triana
e outras.
c) Ecossistema da Savana-Parque
A parte norte e noroeste deste ecossistema, com pequenas
ocorrências na parte sul, em forma de encraves, é caracterizada
por uma extensa area coberta por vegetacäo arborizada
de f isionomia uniforme e continua, conferida essencialmente
por espécies graminóides e arbustivas esparsas
que recobrem toda a superficie plana e, quando muito,
levemente ondulada. (Est. 1.1).
De urn modo geral, näo se trata de urn ambiente totalmente
homogêneo e sim de complexas interferências de pequenos
encraves de formacöes florestais.
Entretanto, estas éreas säo täo reduzidas que näo foram
incluidas no conjunto total da fisionomia dominante em
face da escala de mapeamento (1:1.000.000). Estas formacöes
estäo geralmente representadas pela Floresta-de-
Galeria que delineia as margens dos intrincados cursos de
drenagens perenes. A area é constituida, quase que exclusivamente,
por buritis (Mauritia flexuosa Mart.) e pelo
caranä (Mauritia martiana Spruce.), acrescidas de algumas
outras espécies como a Clusia nemorosa, Qualea grandifolia,
Rhynchanthera grandiflora, Tachigalia sp., Virola
sebifera Aubl., Virola surinamensis Roll (warb), acai (Euterpe
oleracea Mart.) e outras. (Est. I.2).
Devido ao fluxo periódico de éguas, estas drenagens, ao
atravessarem as areas baixas e planas, alagam estes
planos, umedecendo largos trechos ao seu redor, ao
mesmo tempo em que processam a deposicäo de materials
orgänicos; e as espécies da Floresta-de-Galeria, ao encontrar
ambiente propicio, alargam a sua ärea de ocupagäo e
däo origem äs pequenas formacöes florestais, constituidas
pelas seguintes espécies: ucuuba, morototó, envirabranca,
jutai-mirim, pau-jacaré, caripè, tamanqueira, sumaüma,
paraparä, mandioqueira-branca, tinteiro, muiraüba
e outras.
Além destas fisionomias, em outros locais, devido ainda ä
configuracäo topogräfica, alguns cursos d'ägua perdem o
seu leito e transformam-se em sucessöes de baciäs per-