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PROJETO RADAMBRASIL

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è representada pelos rios Jatapu e Mapuera, que cortam o<br />

aplainamento e säo posteriores a ele. O rio Mapuera se<br />

superimpöe ao Planalto Dissecado Norte da Amazonia,<br />

descrevendo meandros de vale. O rio Jatapu apresenta um<br />

sistema de "furos", que diferem dos da llha de Marajó,<br />

conhecidos como "furos" de Breves. O rio Trombetas<br />

também apresenta um sistema de "furos" semelhante aos<br />

do rio Jatapu. Enquanto os de Marajó säo destruidores da<br />

colmatagem, representando uma fase de alta energia do rio<br />

Amazonas (Barbosa; Rennó; Franco — 1974), os "furos"<br />

elaborados pelo Jatapu e pelo Trombetas têm sua origem<br />

ligada a tectönica de rejogo, onde o rio se adapta aos<br />

falhamentos, desmembrando-se em canais. Esses "furos"<br />

estäo associados a cachoeiras do tipo corredeira com<br />

rochas aflorantes do Complexo Guianense.<br />

A sul da serra de Tumucumaque, nas proximidades de<br />

Tiriós (Folha NA.21-X-C) observa-se uma ärea de vegetagäo<br />

de Savana, que se estende meridianamente para a<br />

folha imediatamente a sul (NA.21-Z-A), em meio è ärea<br />

florestada que a circunda. O contato entre a serra de<br />

Tumucumaque e essa ärea de Savana è feito por pedimentos<br />

que bordejam quase toda a parte meridional da serra. A<br />

anélisegranulomêtricae morfoscópica (*) de uma amostra<br />

coletada proximo è aldeia dos Tiriós apresentou material'<br />

arenoso, de granulometria grosseira, com gräos subangulosos<br />

a subarredondados, indicativos de erosäo mecênica<br />

com.pouco transporte. Apesar da existência de apenas<br />

uma amostra, sua coleta foi feita por rigorosa selecäo do<br />

sitio. Esses dados permitem a seguinte interpretacäo para<br />

a area: os pedimentos que bordejam a serra de Tumucumaque<br />

estäo ligados ao aplainamento e a ärea com<br />

vegetagäo de Savaha funcionou como uma zona de deposigäo-desse<br />

pedipiano (Est. III. 2). A textura, o torn da<br />

imagem de radar e\um controle sistemätico dessas äreas<br />

de vegetacäo näo ïlorestal permitem a confirmacäo'de<br />

äreas de acumulagäo do tipo playa, elaborada em oscilagäo<br />

climätica seca do Pleistoceno.<br />

Alguns relevos residuais säo encontrados dentro da superfide<br />

rebaixada, como se pode observar a leste do rio<br />

Marapi e nas proximidades de Tiriós. Um exemplo disso è<br />

o pico Ricardo Franco, ja parcialmente recoberto por<br />

Floresta (Est. IV. 1). Aliados äs äreas de deposicäo dos<br />

pediplanos, esses inselbergs säo comprobatórios da fase<br />

mais seca imediatamente anterior a fase atual. Em muitos<br />

locais säo observados boulders sobre relevos residuais<br />

(Est. IV. 2) e näo raro encontram-se sinais de vocorocamento<br />

indicando uma nitida fase de instabilidade morfoclimätica<br />

da ärea (Est. V.1 e Est. V.2). Boulders säo<br />

documentos geomorfológicos demonstrativos de uma fase<br />

agressiva da erosäo que retira solos e alteritos, expondo a<br />

segunda frentede meteorizagäo. Franco, Del'Arco e Rivetti<br />

(1975) constataram a mesma situacäo na ärea norte de<br />

Roraima. Essas duas posicöes estäo separadas hoje por<br />

äreas florestadas muito extensas, mas apresentam fenómenos<br />

de mesma natureza: uma fase de remocäo räpida da<br />

cobertura de meteorizagäo em clima torrencial de alta taxa<br />

de energia. Como è provävel uma relagäo geomorfológica<br />

da ärea a sul da serra de Tumucumaque com a fase de<br />

aplainamento pós-pleistocênica, essa fase de instabilidade<br />

ocorreu no Holoceno.<br />

(* ) Anallse realizada por Dorcas Perrin, no Laboratório de Geomorfotogia<br />

da Unlversidade Federal da Bahia, por gentileza da Professors Teresa<br />

Cardoso da Silva.<br />

146GEOMORFOLOGIA<br />

No interflüvio do rio Paru de Oeste com o igarapè Urucuriana<br />

(Folha NA.21-Y-C) a agäo do aplainamento póspleistocênico<br />

sobre um macigo residual isolou inselbergs<br />

(Est. VI.1). Pedimentos ligandoos relevos residuais<br />

ä superficie pediplanada funcionam como evidências desse<br />

processo. Esses relevos residuais apresentam formas<br />

variadas como cristas, pontöes e mesas, enquanto outrostem<br />

forma de anfiteatro. Nesse local também hä indicagöes<br />

de um nitido periodo de instabilidade morfoclimätica,<br />

evidenciado pela grande quantidade de afloramentos<br />

rochosos e por decapitagäo de solos.<br />

O trecho florestado da Depressäo Interplanältica do Sul<br />

das Guianas encontra-se totalmente dissecado. Entretanto,<br />

a feicäo geomórf ica é praticamente a mesma em toda a<br />

extensäo: colinas. Essa area colinosa, sob cobertura florestal,<br />

encontra-se em nivel topögräfico sensivelmente<br />

superior ao da pediplanagäo ao sul da serra de Tumucumaque,<br />

ainda sob vegetagäo de Saväna. Isso è indicativo de<br />

que a pediplanagäo que se instalou na Depressäo Interplanältica<br />

foi parcialmente interrompida pelo clima ümido,<br />

que setorizou o paleoclima mais seco.<br />

A introdugäo do clima ümido na ärea mapeada possibilitou<br />

a instalagäo da drenagem. O evento mais antigo dessa<br />

instalagäo ê representado pelos rios de 3." ordern, que<br />

cortam a ärea geralmente na diregäo norte-sul. Os principals<br />

rios säo: o Trombetas, o Paru de Oeste, o Marapi e o<br />

Paru de Este. O primeiro e o ultimo drenam a ärea das<br />

colinas florestadas. Os outros dois cortam a ärea pediplanada<br />

a sul da serra de Tumucumaque, sob vegetagäo de<br />

Savana. As lagoas dessa ärea, que caracterizaram a fase de<br />

arreismo da instalagäo do aplainamento, ja estäo inteiramente<br />

abertas ä drenagem, dando uma feigäo mais<br />

evoluida do que a observada no Pediplano Rio Branco —<br />

Rio Negro. Isso é interpretado como uma continuagäo do<br />

avango gradativo do clima ümido sobre a ärea. Os rios de<br />

2." ordern que abriram as lagoas encontram-se tornados<br />

por Floresta-de-Galeria evidenciando o processo de avango<br />

dessa vegetagäo sobre a Savana.<br />

6.5 — A Morfogênese Holocènica<br />

A remodelagäo do relevo na Folha NA.21 Tumucumaque e<br />

parte da Folha NB.21 pela morfogênese ümida ätual, que<br />

se instalou após o aplainamento, é comum a toda a ärea.<br />

Em alguns lugares ejla promove urn desmonte gradativo de<br />

superficies elevadas;. Em outros, apenas retoca ligeiramente<br />

as feigöes geomorficas precedentes. A intensidade de<br />

atuagäo da morfogênese ümida näo è a mesma para toda a<br />

ärea, porém, hä uma tendência generalizada para a colinizagäo<br />

do relevo.<br />

No Pediplano Rio Branco — Rio Negro a remodelagäo do<br />

relevo tem dois aspectos distintos. Nas äreas de vegetagäo<br />

de Campos, ela se faz mediante a-interligagäo das lagoas<br />

que caracterizaram a fase de pediplanagäo. Fato anälogo<br />

ocorre na Savana margeada pelo rio Marapi, na Depressäo<br />

Interplanältica do Sul das Guianas. Nesse caso, a drenagem<br />

ja se organizou, incorporando todas as lagoas e<br />

dando um aspecto mais evoluido ao fenömeno de dissecagäo.<br />

Muitos dos inselbergs que se encontram nessas<br />

äreas dé Savana, acham-se recobertos, total ou parcialmente,<br />

por vegetagäo de floresta e em forma de pontöes<br />

(Est. 1.1). O trecho do Pediplano Rio Branco — Rio Negro<br />

que se estende a sul da serra Acarai ou Acari, interpene-

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