PROJETO RADAMBRASIL
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VII — Justificativa II — Descricäo dos Recursos Naturais<br />
A area em questäo ja foi objeto de trabalho anterior<br />
(Pandolfo, 1974), onde se propunha a criagäo de uma<br />
Floresta Regional de Rendimento com 17.730 km2 e se<br />
indicava que estudos da FAO/SUDAM propuseram a criagäo<br />
de uma Floresta Nacional com 30.000 krri2.<br />
Em virtude das condicöes da regiäo (o relevo das areas<br />
próximas ao rio Trombetas è bastante acidentado) que<br />
dificultam a exploracäo no total da area acima indicada,<br />
alèm dos dados de inventärios da Divisäo de Vegetagäo do<br />
Projeto <strong>RADAMBRASIL</strong> terem conduzido ä definicäoda<br />
ärea proposta 10.729 km2 como a de melhores condicöes<br />
para a implantagäo de atividades madeireiras, optamos<br />
pela presente proposta de criagäo e implantagäo da Floresta<br />
Nacional de Trombetas. Pelo porte e caracteristicas da<br />
ärea, ja descritos e tendo em vista as diretrizes do I.B.D.F,<br />
onde se lê que "dentro de uma politica florestal adotada<br />
pelo I.B.D.F. rié Amazönia destaca-se pela sua importäncia<br />
a da criagäo de Florestas Nacionais como um dos<br />
meios mais räpidos e seguros de se conservarem os<br />
recursos florestais de uma regiäo, com o fim de assegurar<br />
0 seu abastecimento madeireiro no futuro" (I.B.D.F.,<br />
1974), alêm do fato de existir uma rodovia planejada<br />
(Perimetral Norte BR-210) que passaré nas proximidades,<br />
acreditamos que estudos complementares para demarcagäo<br />
da ärea dentro do perimetro proposto poderiam conduzir<br />
ä criagäo e implantacäo da Floresta Nacional do<br />
Trombetas como instrumento capaz de näo só assegurar<br />
parte do equilibrio ambiental, mas tambêm como um<br />
voiculo de sustentagäo financeira das atividades madeireiras<br />
a serem desenvolvidas sob oriervtagäo e controle do<br />
Poeier Publico.<br />
Dentro da categoria de areas de Protegäo Ambiental para<br />
Preservagäo da Flora e Fauna foram propostas a Estagäo<br />
Ecológica do Rio Poana, situada no munieipio de Oriximiné<br />
(PA), com uma superficie bêsica estimada em<br />
2.346 km 2 , e parte da Estagäo Ecológica do Monte Roraima<br />
(Pitaluga et alii, 1975), (Fig, 8).<br />
ESTAQÄO ECOLÓGICA DO RIO POANA<br />
1 — Limites<br />
A Norte — Limitada pela fronteira do Brasil com a Repüblica<br />
da Guiana.<br />
A Leste — Partindo das nascentes do rio Mane, num ponto<br />
de coordenadas 57°02'30" W Gr. e 01 °57'15"N, situado na<br />
linha de fronteira internacional, dai descendo pela sua<br />
margem direita até sua confluência com o rio Anamu.<br />
Desse ponto, seguindo pela margem direita do rio Anamu<br />
atê sua.confluência com os rios Trombetas e Poana num<br />
ponto de coordenadas 57°04'10"WGr.e 01°01'30"N.<br />
A Sul-Sudoeste — Desse ponto, seguindo pela margem<br />
esquerda do rio Poana, a montante, até sua confluência<br />
com o rio Cafuini num ponto de coordenadas 57°22'30"<br />
WGr.e 01°22'00"N, dai seguindo por uma linha seca até<br />
encontrar o. rio Curiau num ponto de coordenadas<br />
57°08'10" WGr.e 01 °22'00"N.<br />
AOeste — Següindo pela margèm esquerda do rio Curiau,<br />
para montante, até atingir suas cabeceiras, num ponto de<br />
coordenadas 57°14'00"WGr.e 01°56'00"N, situado na linha<br />
de fronteira do Brasil com a Repüblica da Guiana.<br />
356 USO POTENCIAL DA TERRA<br />
a) Geologia — A area pertence ao Complexo Guianense<br />
(Pré-Cambriano Medio a Inferior). Hé ocorrências de granitos,<br />
dioritos, migmatitos e gnaisses.<br />
b) Geomorfologia — O relevo é, na sua maior parte,<br />
dissecado em colinas e ravinas. Ao norte aparece pequena<br />
planicie fluvial inundävel.<br />
c) Solos — A rhaior parte da area ê constituida de<br />
Latossolo Vermelho Amarelo argiloso. Aparecem tambêm<br />
alguns Podzólicos argilosos.<br />
d) Vegetagäo — A vegetagäo é constituida de Floresta<br />
Densa. Dentre as espécies madeireiras destacam-se o<br />
Louro (Lauraceae), a Piquiarana (Caryotar glabrum),<br />
Ucuubas (Virola sp), Andirobas (Carapa guianensis), Seringueiras<br />
(Hevea sp) e Sucupira {Bowdichia sp.).<br />
e) Fauna — Uma variada fauna jé foi assinalada ocorrendo<br />
na area do rio Trombetas e seus afluehtes (Anamu, Cafuini),<br />
em direcäo äs Guianas. Entre os mamiferos temos o<br />
guariba vermelho (Alouata seniculus), o macaco-de-cheiro<br />
(Saimiris sciurea), cotia (Dasyprocta sp.), anta (Tapirus<br />
americanus), paca (Cuniculus paca) e ariranha (Pteronura<br />
brasiliensis). Entre os quelónios temos a tartaruga amazönica<br />
(Podocnemis expansa) e o tracaja (Podocnemis<br />
cayensis). Entre os pässaros temos jacamim (Psophia sp.),<br />
papagaio (Amèzona cestiva) e o socó-boi (Trigosima lineatum)<br />
(Aguiar, 1943).<br />
Das espécies ocorrentes, a ariranha (Pteronura brasiliensis)<br />
merece especial atengäo, constando da Lista Oficial<br />
de Espécies Animais Ameagadas de Extingäo da Fauna<br />
Indigena (Portaria 3.481 de 31 /05/73 do I.B.D.F.). Segundo<br />
observagöes feitas porocasiäo do desenvolvimento dos<br />
trabalhos de campo do Projeto <strong>RADAMBRASIL</strong>, na ärea<br />
dos rios Cafuini, Anamu, Trombetas e Poana, a ariranha<br />
ocorre na area proposta para implantagäo da Estagäo<br />
Ecológica do Rio Poana, em grande densidade.<br />
A situagäo da espécie no Brasil se acha em estado critico,<br />
com seu desapareeimento da maior parte da ärea geogräfica<br />
original (Coimbra-Filho, 1972). A caga em grande<br />
escala que sofre a ariranha é motivada pelo alto valor de<br />
sua pele. Segundo dados estatisticos, sua pele alcangou a<br />
cotagäo média de US$ 65,00 durante a exportagäo dos<br />
estoques remanescentes (CACEX, 1974). O potencial reprodutivo<br />
pode ser considerado razoävel, nascendo de um<br />
a tres filhotes após o periodo de gestagäo, que é aproximadamente<br />
tres meses (Coimbra-Filho, 1972).<br />
Ill — Justificativa<br />
Acreditamos, que a ünica forma de evitar o exterminio de<br />
Pteronura brasiliensis é a instituigäo de uma ärea especifica<br />
onde seja protegida e tenha sua ecologia estudada<br />
visattdo uma téenica de manejo, a fim de que, através de<br />
criadouros mantidos pelo Poder Publico ou mesmo pela<br />
iniciatrva privada, possa seu valor comercial ser aproveitado<br />
na obtengäo de divisas através da exportagäo ao mesmo<br />
tempo em que se assegura a sua perpetuagäo. Experiências<br />
semelhantes com outras espécies de valor para exportagäo<br />
ja foram desenvolvidas por värios paises (Russia e<br />
China, por exemplo) com excelentes resultados.