13.07.2013 Views

A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...

A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...

A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

xiv<br />

Introdução<br />

Quando nos propusemos estu<strong>da</strong>r a <strong>Igreja</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong>, reconhecemos <strong>de</strong><br />

imediato que não se tratava <strong>de</strong> uma peça arquitectónica maior, no conjunto <strong>da</strong>s edificações<br />

sacras <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa. Porém ao cruzarmos as diferentes perspectivas <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gem ao seu<br />

estudo, <strong>de</strong>paramo-nos com um acervo patrimonial bastante completo.<br />

A peça arquitectónica e o seu conjunto iconográfico, também ele <strong>de</strong> importância<br />

variável, levantavam-nos algumas questões. Compreen<strong>de</strong>mos que era um excelente exemplar<br />

<strong>de</strong> arquitectura sacra pombalina, tendo sido concebido por um arquitecto menor, mas bem<br />

ajusta<strong>da</strong> ao Plano previsto por Manuel <strong>da</strong> Maia e Eugénio dos Santos. Encaixando-se na nova<br />

malha urbana, po<strong>de</strong> ser reconheci<strong>da</strong> como um exemplar <strong>da</strong> predialização civilista a que se<br />

tiveram que se sujeitar muitos monumentos sacros, por imposição sujeita para a área. A sua<br />

importância patrimonial <strong>de</strong>ve por isso ser encara<strong>da</strong>, não como um objecto único e isolado, mas<br />

ser apreendido numa perspectiva global <strong>de</strong> património urbano, fruto <strong>de</strong> uma época que marcou<br />

in<strong>de</strong>levelmente a história <strong>de</strong> Lisboa.<br />

To<strong>da</strong>via, a memória <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, faz-se recorrendo não só a ícones visuais, os mais<br />

evi<strong>de</strong>ntes, mas também ao conjunto <strong>de</strong> legados documentais, sem os quais seria impossível<br />

compreen<strong>de</strong>r o objecto construído.<br />

Sobre a <strong>Igreja</strong> e <strong>Hospício</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong>, as questões foram lentamente<br />

emergindo, quem a construiu, quando, com que objectivo, e as respostas foram surgindo ao<br />

longo do trabalho <strong>de</strong> pesquisa documental, encontra<strong>da</strong> dispersa em alguns arquivos históricos,<br />

mas a sua memória pós terramoto, encontrava-se quase intocável no Arquivo <strong>da</strong> instituição: a<br />

Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong>. Esta herança documental e o estado em que se<br />

encontra, reflecte a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar património. Neste caso, uma<br />

memória frágil que se não for rapi<strong>da</strong>mente cui<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong>saparecerá.<br />

Trata-se portanto <strong>de</strong> um estudo multi-referencial abrangendo uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

linguagens patrimoniais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o património arquitectónico (a <strong>Igreja</strong>) ao património urbano<br />

(todo o conjunto <strong>da</strong> Baixa on<strong>de</strong> está inseri<strong>da</strong>) ao inédito património documental (o seu arquivo).<br />

Todo o património documental <strong>de</strong>ste arquivo, e o cruzamento <strong>da</strong>s suas fontes, permitiu-nos<br />

compreen<strong>de</strong>r a fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong>sta Irman<strong>da</strong><strong>de</strong>, a construção <strong>da</strong> sua <strong>Igreja</strong> e <strong>Hospício</strong>, o seu mo<strong>de</strong>lo<br />

social, a sua organização e gestão quotidianas, a sua representação cénica (associa<strong>da</strong> a ritos<br />

cerimoniais como Missas, procissões, funerais que, traduziam as crenças <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>) e a<br />

sua prática caritativa. Destacam-se também as diligências para a reconstrução <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> e<br />

<strong>Hospício</strong> numa Lisboa confusa e caótica, nas relações institucionais que mantinha com os seus<br />

ci<strong>da</strong>dãos <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> catástrofe.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!