A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...
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1. A nova Lisboa A Baixa pombalina<br />
1.1 - Manuel <strong>da</strong> Maia e a requalificação <strong>da</strong> Baixa. “A Dissertação”<br />
O terramoto do 1º <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1755 atingiu tais proporções que <strong>de</strong>struiu gran<strong>de</strong><br />
parte <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo as freguesias <strong>da</strong> Baixa <strong>da</strong>s mais afecta<strong>da</strong>s. Ante tal <strong>de</strong>struição urgia uma<br />
rápi<strong>da</strong> planificação <strong>da</strong> reconstrução <strong>de</strong> que Carvalho e Melo cedo se encarregou. A projecção <strong>da</strong><br />
nova Lisboa, cujos planos foram apresentados logo em Abril <strong>de</strong> 1756, iria ser acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
inúmera legislação <strong>de</strong>terminante para o arranque <strong>da</strong> reconstrução. A construção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
assentaria nos projectos apresentados por equipas forma<strong>da</strong>s e dirigi<strong>da</strong>s pelo engenheiro-mor do<br />
reino, general Manuel <strong>da</strong> Maia, cujas orientações já <strong>de</strong>terminara nas suas Dissertações”.<br />
140<br />
A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção e alteração <strong>da</strong> traça <strong>da</strong> baixa era evi<strong>de</strong>nte . O terramoto,<br />
justifica o pretexto se bem que <strong>de</strong> forma radical, para reformar a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> acabando por permitir a<br />
alteração <strong>da</strong> malha/morfologia urbana, não sendo necessário recorrer a constantes ajustes<br />
sempre que era necessário alargar uma via. Esta situação é referencia<strong>da</strong> e <strong>de</strong>scrita na<br />
Dissertação, como <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> inconveniência causando transtornos à gestão <strong>da</strong> edili<strong>da</strong><strong>de</strong>.”<br />
142<br />
Neste trabalho Manuel <strong>da</strong> Maia apresenta as suas consi<strong>de</strong>rações, dividindo-o em três partes .<br />
Na primeira parte apresenta cinco propostas para a renovação <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rando nas<br />
vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s opções. Faz <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r a eleição <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s cinco<br />
hipóteses, à escolha <strong>de</strong> D. José para o seu novo Paço, e só <strong>de</strong>pois disso se pon<strong>de</strong>rará na melhor<br />
opção.<br />
143<br />
139<br />
Este plano previa a reedificação <strong>da</strong> Baixa segundo mo<strong>de</strong>los urbanísticos já experimentados no estrangeiro dos quais Manuel <strong>da</strong><br />
Maia tinha conhecimento. É influenciado por ocorrências igualmente catastróficas em duas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s europeias em finais do século<br />
XVII, Londres e Turim. Dos projectos feitos para as suas reedificações retirou ensinamentos que aplicou nas Dissertações, traçando<br />
as linhas que iriam orientar a metodologia para a reconstrução <strong>de</strong> Lisboa.<br />
140 Cf. Marieta Dá MESQUITA/Horácio BONIFÁCIO “Reflexos do terramoto <strong>de</strong> 1755 em Lisboa Questões Metodológicas e <strong>de</strong><br />
Investigação» in O Município <strong>de</strong> Lisboa e a Dinâmica Urbana (séculos XVI-XIX), Lisboa, Câmara Municipal <strong>de</strong> Lisboa, 1995.<br />
A Lisboa anterior ao terramoto, apesar do trabalho possível realizado por iniciativa do Senado <strong>da</strong> Câmara, não passava <strong>de</strong> uma<br />
enorme urbe tardo-medieval, caótica “ com ruas amontoa<strong>da</strong>s, tortuosas, estreitas, sujas, em que os percursos viários or<strong>de</strong>navam a<br />
hierarquia <strong>da</strong> malha, <strong>de</strong> traçado casuístico, cujo sentido e or<strong>de</strong>m se baseavam essencialmente na lógica funcional. As habitações<br />
eram <strong>de</strong> má quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> construção precária, elevando-se às vezes na zona central <strong>da</strong> urbe em quatro ou cinco an<strong>da</strong>res,<br />
promíscuos, com pouca higiene.” p. 122.<br />
141 Cf. Nuno MADUREIRA, Lisboa 1740-1830 Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>: Espaço e Quotidiano, Lisboa, Livros Horizonte, 1992, “O antigo traçado <strong>de</strong><br />
vielas, ruas sinuosas e becos há muito que provocava amargos <strong>de</strong> boca ao Senado Municipal. De uma ano para o outro tornava-se<br />
necessário expropriar casas, <strong>de</strong>moli-las, e pagar a respectiva in<strong>de</strong>mnização ao proprietário. Tudo isto com o objectivo expresso<br />
<strong>de</strong> alargar as ruas” p. 16.<br />
142<br />
Cf. Marieta Dá MESQUITA/Horácio BONIFÁCIO,o objectivo principal <strong>de</strong> Maia seria minimizar os efeitos <strong>de</strong> um novo sismo<br />
<strong>de</strong>vastador <strong>de</strong> fogos e sua propagação através <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> edifícios com uma técnica anti-sísmica as «gaiolas». “Não há dúvi<strong>da</strong><br />
que <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s Dissertações <strong>de</strong> Manuel <strong>da</strong> Maia, sugere uma leitura racional do espaço urbano, um cui<strong>da</strong>do expresso na<br />
<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um rigor e <strong>de</strong> uma clareza contudo, ao longo <strong>de</strong> todo o texto são explicita<strong>da</strong>s questões que se pren<strong>de</strong>m com a<br />
segurança, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente com a largura <strong>da</strong>s ruas e a altura dos edifícios, <strong>de</strong>vendo estar presente uma relação <strong>de</strong> segurança<br />
entre as mesmas” p. 122.<br />
143<br />
Cf. J.A. FRANÇA, Pombalismo e Romantismo, Lisboa, ed. Presença, 2004. “Para Manuel <strong>da</strong> Maia, o projecto <strong>de</strong>ve subordinarse<br />
a um acto capaz <strong>de</strong> <strong>da</strong>r coerência à reconstrução: a escolha do sítio on<strong>de</strong> o monarca vai ter o palácio real é portanto<br />
<strong>de</strong>cisiva.”p.15.<br />
139<br />
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