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A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...

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Pressiona<strong>da</strong> pela Reforma Protestante que atribui exclusivamente à fé, como dom <strong>de</strong><br />

Deus, a salvação do crente, a <strong>Igreja</strong> reforçará, então, a divulgação <strong>de</strong>stas práticas, através <strong>de</strong><br />

vários meios, <strong>da</strong>ndo um novo alento a estas obras que, se propagaram quer catequeticamente<br />

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(através <strong>de</strong> novos catecismos ), quer literária , quer iconograficamente, (através <strong>de</strong> imagens<br />

pinta<strong>da</strong>s e esculpi<strong>da</strong>s em muitos e variados suportes), ao gosto <strong>de</strong> letrados e populares.<br />

Importava que se difundisse a compaixão e a entreaju<strong>da</strong> solidária pelo próximo, como formas do<br />

amor a Deus e <strong>de</strong> Salvação <strong>da</strong> alma. A Salvação, em estreita relação com a prática <strong>da</strong>s boas obras,<br />

prometia, como recompensa, a entra<strong>da</strong> no Paraíso ou o alívio <strong>da</strong>s penas do Purgatório,<br />

juntamente com sufrágios e esmolas pela alma do <strong>de</strong>funto.<br />

Já nos séculos XII e XIII, a divulgação <strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ias, levará à criação <strong>de</strong> diversas<br />

instituições <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s às causas assistenciais. Mas serão os séculos XIV e XV, os <strong>de</strong>terminantes<br />

na generalização <strong>da</strong> cari<strong>da</strong><strong>de</strong>, reforçando a sua relação com o Juízo Final.<br />

Movimentos como a Devotio Mo<strong>de</strong>rna e, obras como a Imitação <strong>de</strong> Cristo <strong>de</strong> Thomas Kempis,<br />

alargam o âmbito assistencial às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> leigos, (<strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser uma prerrogativa<br />

exclusivamente religiosa), ansiosas <strong>de</strong> partilharem com os clérigos e fra<strong>de</strong>s, práticas <strong>de</strong> cari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> esmola, nunca per<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> vista o fim último que os motivava.<br />

Em Portugal, a prática <strong>da</strong> cari<strong>da</strong><strong>de</strong> através <strong>da</strong>s obras <strong>de</strong> misericórdia, estava<br />

amplamente difundi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o período medieval. Todos os estratos sociais, dos mais altos aos<br />

mais baixos reconheciam nas boas obras o caminho <strong>da</strong> Salvação.<br />

Era necessário que o mundo laical contribuísse para o estabelecimento e reforço <strong>de</strong>stes<br />

i<strong>de</strong>ais e neste contexto surgem, inegavelmente apoia<strong>da</strong>s pela <strong>Igreja</strong> e suas estruturas, muitas<br />

<strong>de</strong>ssas instituições. São cria<strong>da</strong>s irman<strong>da</strong><strong>de</strong>s, confrarias, albergarias e mercearias <strong>de</strong> leigos,<br />

diferentes no seu âmbito, mas iguais nos seus objectivos. Estas vão <strong>de</strong>sempenhar um papel<br />

primordial, assumindo-se como dinamizadoras <strong>de</strong>sta or<strong>de</strong>m espiritual.<br />

Este movimento laical culminará com a criação <strong>da</strong> Misericórdia <strong>de</strong> Lisboa (1498), por iniciativa<br />

régia, patrocina<strong>da</strong> por D. Leonor, a que se seguiram to<strong>da</strong>s as outras espalha<strong>da</strong>s pelo país.<br />

O século XVI vê assim renascer um reforçado movimento confraternal com uma base<br />

social laica muito alarga<strong>da</strong>. Apesar <strong>da</strong>s confrarias não serem uma invenção <strong>de</strong>ste século,<br />

8 Cf. Rosário <strong>de</strong> CARVALHO, Op. Cit.<br />

9<br />

I<strong>de</strong>m.

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