A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...
A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...
A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...
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O único altar <strong>de</strong> temática hagiográfica reserva-se a um conjunto <strong>de</strong> santos, juntos sem<br />
aparente associação iconológica, concentrando-se no altar <strong>de</strong> Santo Elói. Na tela o Santo<br />
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aparece iconograficamente representado como Bispo, usando a mitra e o báculo. Figura<br />
central, em conjunto com uma pobre mãe que amamenta o seu filho. Ambos protagonizam a<br />
única acção do quadro, o <strong>da</strong>r e o receber <strong>da</strong> esmola. Ao lado esquerdo do Santo encontram-se<br />
outros membros do clero que o acompanham na distribuição <strong>de</strong> oferen<strong>da</strong>s e do direito a<br />
multidão <strong>de</strong> andrajosos pedintes. De composição algo cénica, a acção do Bispo <strong>de</strong>staca-o e eleva-<br />
o dos restantes “figurantes”, suspensos no gesto <strong>da</strong> oferen<strong>da</strong> do óbolo.<br />
As esculturas <strong>de</strong>ste Altar são <strong>de</strong> Santo Elói, (Fig.59) representado como Bispo.<br />
Padroeiro dos ourives, fundidores e <strong>de</strong> outros ofícios <strong>de</strong> precisão, surgirá também como o Santo<br />
que apadrinha o mester dos Cal<strong>de</strong>ireiros, fundidores <strong>de</strong> cobre, fun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> que,<br />
provavelmente por soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> corporativa permitiram, os Irmãos <strong>de</strong>sta Real Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> que,<br />
a Confraria dos Ourives do Ouro, se sediasse na igreja <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong> <strong>de</strong>pois do<br />
terramoto.<br />
Sta Luzia (Fig.62) padroeira dos tecelões está representa<strong>da</strong> com seus atributos, o prato<br />
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com os olhos e palma do martírio. Po<strong>de</strong>mos associá-los por serem ambos patronos <strong>de</strong><br />
mesteres, cujo trabalho necessita minúcia, on<strong>de</strong> o bom estado dos olhos é essencial. Está<br />
coloca<strong>da</strong> numa peanha que seria <strong>de</strong> Santo Elói pois, tem nela gravados os símbolos <strong>da</strong><br />
corporação, um alicate e um martelo. A troca terá sido feita pela centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> escolhi<strong>da</strong> para<br />
Santo Elói no Altar que, sendo mais alto taparia parte <strong>da</strong> tela. Por fim Santa Teresinha do<br />
Menino Jesus, (Fig.61) carmelita como Santa Teresa <strong>de</strong> Ávila, aparece vesti<strong>da</strong> com o hábito <strong>da</strong><br />
or<strong>de</strong>m, tendo nos braços um crucifixo e um ramo <strong>de</strong> rosas. Conheci<strong>da</strong> como a Virgem <strong>de</strong> Lisieux<br />
<strong>de</strong>dicou a sua curta vi<strong>da</strong> a ensinar a virtu<strong>de</strong> e a casti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
No conjunto dos altares laterais po<strong>de</strong>mos verificar que se acentua a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
representações marianas. A Virgem é triplamente representa<strong>da</strong> em figuras e funções distintas.<br />
Destaca-se Maria/Mater sempre associa<strong>da</strong> a seu Filho que, na composição <strong>de</strong>stes altares, em<br />
tela ou em escultura se encontram, enfatizando esta simbologia. Mãe na Sagra<strong>da</strong> Família, Mãe<br />
Dolorosa na Pieta, a Mãe <strong>de</strong> Deus que por Imacula<strong>da</strong> ascen<strong>de</strong> e se reúne à corte celeste.<br />
308 Cf. Durval Pires <strong>de</strong> LIMA, Inventário <strong>de</strong> Lisboa, fascículo 12, Lisboa, Câmara Municipal <strong>de</strong> Lisboa, 1956. O Altar foi oferecido<br />
pela confraria dos Ourives do Ouro e a tela do Santo é <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> do século XVII. Segundo Pires <strong>de</strong> Lima, terá portanto escapa<strong>da</strong> à<br />
<strong>de</strong>struição, quando a capela <strong>da</strong> invocação <strong>de</strong> santo Elói e <strong>da</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> Assunção, se queimou com o terramoto tendo sido<br />
transferi<strong>da</strong> para a <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong>.<br />
309 Tratava-se <strong>de</strong> uma veneração importante para as recolhi<strong>da</strong>s, pois a cegueira, era uma <strong>da</strong>s doenças prioritárias para a admissão no<br />
lar, como consta do Compromisso.