A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...
A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...
A Igreja de Nossa Senhora da Vitória Irmandade e Hospício (1530 ...
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Conclusão<br />
O nosso trabalho sobre a Irman<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>Igreja</strong> e <strong>Hospício</strong> <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong><br />
permitiu-nos abor<strong>da</strong>r alguns aspectos fun<strong>da</strong>mentais do funcionamento e implantação, no<br />
tecido urbano, <strong>de</strong> uma pequena confraria <strong>de</strong> mesteirais, empenhados numa vivência religiosa<br />
que, no seu tempo, era visível pelas sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s cria<strong>da</strong>s em torno <strong>de</strong> um património único.<br />
Em primeiro lugar, a importância e o papel <strong>de</strong> relevo que instituições, como esta<br />
Irman<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> leigos e o seu pequeno Hospital, na sombra <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s confrarias <strong>da</strong><br />
Misericórdia, <strong>de</strong>sempenharam em prol <strong>da</strong>s causas assistenciais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a dita Misericórdia,<br />
passou a controlar a re<strong>de</strong> hospitalar em Lisboa (e um pouco por todo o país), agregando a si a<br />
gran<strong>de</strong> maioria dos pequenos hospitais, com seus bens e ren<strong>da</strong>s.<br />
O Hospital <strong>de</strong> Todos-os-Santos que em menos <strong>de</strong> um século atingira a sua lotação, não<br />
tinha qualquer possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> para albergar doentes crónicos e incuráveis, acabando estes por<br />
receber cui<strong>da</strong>dos nestas instituições, (adstritas ou in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do hospital central), muitas<br />
<strong>de</strong>las nasci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> renova<strong>da</strong> moral tri<strong>de</strong>ntina, assente numa participação mais alarga<strong>da</strong> nas<br />
práticas <strong>da</strong> cari<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O Hospital torna-se, pois, peça chave para a autonomia <strong>de</strong>sta Irman<strong>da</strong><strong>de</strong>, no período que<br />
antece<strong>de</strong>u o terramoto, pois através <strong>de</strong>le, a instituição pô<strong>de</strong> exercer as obras <strong>de</strong> misericórdia e<br />
usufruir <strong>de</strong> doações, os legados pios, que reforçaram os seus bens patrimoniais, acumulados ao<br />
longo <strong>de</strong>ste período, e com eles provi<strong>de</strong>nciar o sustento e tratamento <strong>da</strong>s “entreva<strong>da</strong>s” e<br />
incuráveis<br />
Não foi fácil, se é que foi conseguido, <strong>de</strong>strinçar a transformação <strong>de</strong>sta confraria <strong>de</strong><br />
mester em confraria <strong>de</strong>vocional, apesar <strong>de</strong> termos seguido a hipótese apresenta<strong>da</strong> por Langhans<br />
no seu estudo. Provavelmente obteríamos respostas mais conclusivas, se os primeiros<br />
compromissos tivessem sobrevivido ao incêndio <strong>da</strong> secretaria, ou se existisse estudo análogo<br />
que nos permitisse estabelecer alguma comparação.<br />
O último Compromisso <strong>de</strong> finais do século XVIII, com um projecto feito em 1783, e<br />
versão <strong>de</strong>finitiva em 1789, cujo conteúdo traduz já um discurso secular, manifesta as influências<br />
<strong>de</strong> uma nova era, sem esquecer porém, as suas proveniências, quer em termos explícitos, na<br />
<strong>de</strong>dicatória à Imperatriz dos Céus, <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong>, quer implícitos, no regulamento<br />
<strong>da</strong> sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Na segun<strong>da</strong> parte, com a existência do objecto arquitectónico, constatamos a<br />
importância <strong>de</strong>sta irman<strong>da</strong><strong>de</strong>, que conseguiu reconstruir os seus edificados, <strong>Igreja</strong> e <strong>Hospício</strong>.<br />
Do conjunto <strong>da</strong>s ermi<strong>da</strong>s e capelas existentes nas cinco freguesias <strong>da</strong> Baixa, por nós<br />
<strong>de</strong>limita<strong>da</strong>s, verificamos que sobreviveram duas ermi<strong>da</strong>s, a <strong>de</strong> <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Vitória</strong> dos