Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor
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vesti<strong>do</strong> <strong>com</strong> a modesta farda lendária, no meio <strong>do</strong>s seus marechais em grande<br />
uniforme.<br />
Outra notícia que me obriga a não acabar aqui, é a de estarem os rapazes <strong>do</strong><br />
<strong>com</strong>ércio de S. Paulo fazen<strong>do</strong> reuniões para se alistarem na guarda nacional, em<br />
desacor<strong>do</strong> <strong>com</strong> os daqui, que acabam de pedir dispensa de tal serviço. Questão de<br />
meio; o meio é tu<strong>do</strong>. Não há exaltação para uns nem depressão para outros. Duas<br />
cousas contrárias podem ser verdadeiras e até legítimas conforme a zona. Eu, por<br />
exemplo, execro o mate chimarrão, os nossos irmãos <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul acham<br />
que não há bebida mais saborosa neste mun<strong>do</strong>. Segue-se que o mate deve ser<br />
sempre uma ou outra cousa Não; segue-se o meio; o meio é tu<strong>do</strong>.<br />
[104]<br />
[14 agosto]<br />
Semana e finanças são hoje a mesma cousa. E tão graves são os negócios<br />
financeiros, que escrever isto só, pingar-lhe um ponto e mandar o papel para a<br />
imprensa, seria o melhor mo<strong>do</strong> de cumprir o meu dever. Mas o leitor quer os seus<br />
poetas menores. Que os poetas magnos tratem os sucessos magnos; ele não<br />
dispensa aqui os assuntos mínimos, se os houve, e, se os não houve, a reflexões<br />
leves e curtas. Força é reproduzir o famoso Marche! Marche! de Bossuet... Perdão,<br />
leitor! Bossuet! eis-me aqui mais grave que nunca.<br />
E por que não sei eu finanças Por que, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>tes nativos <strong>com</strong> que<br />
aprouve ao céu distinguir-me entre os homens, não possuo a ciência financeira Por<br />
que ignoro eu a teoria <strong>do</strong> imposto, a lei <strong>do</strong> câmbio, e mal distingo dez mil-réis de dez<br />
tostões Nos bonds é que me sinto vexa<strong>do</strong>. Há sempre três e quatro pessoas<br />
(principalmente agora) que tratam das cousas financeiras e econômicas, e das<br />
causas das cousas, <strong>com</strong> tal ar<strong>do</strong>r e autoridade, que me oprimem. É então que eu<br />
leio algum jornal, se o levo, ou rôo as unhas, — vício dispensável; mas antes vicioso<br />
que ignorante.<br />
Quan<strong>do</strong> não tenho jornal, nem unhas, atiro-me às tabuletas. Miro<br />
ostensivamente as tabuletas, <strong>com</strong>o quem estuda o <strong>com</strong>ércio e a indústria, a pintura<br />
e a ortografia. E não é novo este meu costume, em casos de aperto. Foi assim que<br />
um dia, há anos, não me lembra em que loja, nem em que rua, achei uma tabuleta<br />
que dizia: Ao Planeta <strong>do</strong> Destino. Intencionalmente obscuro, este título era uma<br />
nova edição da esfinge. Pensei nele, estudei-o, e não podia dar <strong>com</strong> o senti<strong>do</strong>, até<br />
que me lembrou virá-lo <strong>do</strong> avesso: Ao Destino <strong>do</strong> Planeta. Vi logo que, assim vira<strong>do</strong>,<br />
tinha mais senso; porque, em suma, pode admitir-se um destino ao planeta em que<br />
pisamos... Talvez a ciência econômica e financeira seja isto mesmo, o avesso <strong>do</strong><br />
que dizem os discuti<strong>do</strong>res de bonds. Quantas verdades escondidas em frases<br />
trocadas! Quanto fiz esta reflexão, exultei. Grande consolação é persuadir-se um<br />
homem de que os outros são asnos.<br />
E aí estão quatro tiras escritas, e aqui vai mais uma, cujo assunto não sei<br />
bem qual seja, tantos são eles e tão opostos. Vamos ao Sena<strong>do</strong>. O Sena<strong>do</strong> discutiu<br />
o chim, o arroz, e o chá, e naturalmente tratou da questão da raça chinesa, que uns<br />
defendem e outros atacam. Eu não tenho opinião; mas nunca ouso falar de raças,<br />
que me não lembre <strong>do</strong> Honório Bicalho. Estava ele no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, perto de<br />
uma cidade alemã. Iam <strong>com</strong> ele moças e homens a cavalo— viram uma flor muito<br />
bonita no alto de uma árvore, Bicalho ou outro quis colhê-la, apoian<strong>do</strong> os pés no<br />
<strong>do</strong>rso <strong>do</strong> cavalo, mas não alcançava a flor. Por fortuna, vinha da povoação um<br />
moleque, e o Bicalho foi ter <strong>com</strong> ele.<br />
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