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Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

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água, sal, soda, muco e fosfato de cal, em que é que diminui a intensidade ou altera<br />

a espiritualidade <strong>do</strong>s sentimentos que a produzem É o próprio poeta que, na<br />

Charogne, anuncian<strong>do</strong> à amante que será cadáver um dia, canta as suas emoções<br />

passadas:<br />

Alors, ô ma beauté! dites à la vermine<br />

Qui vous mangera de baisers,<br />

Que j'ai gardé la forme et l’essence divine<br />

De mes amours dé<strong>com</strong>posés!<br />

Pois a lágrima é isso, é a essência divina, seja da <strong>do</strong>r, seja <strong>do</strong> prazer, seja<br />

ainda da cólera das pobres criaturas humanas. Felizmente, no mesmo volume o<br />

poeta nos dá a tradução <strong>do</strong> famoso soneto de Arvers e de outras <strong>com</strong>posições de<br />

mérito. Eu ainda não disse que tive o gosto de prefaciar o primeiro volume de Lúcio<br />

de Men<strong>do</strong>nça, e não o disse, não só para falar de mim, – que é mau costume, – mas<br />

para não dar razão aos que me arguem de entrar pelo inverno da vida. Em verdade,<br />

esse rapaz, que eu vi balbuciar os primeiros cantos, é hoje magistra<strong>do</strong> e alto<br />

magistra<strong>do</strong>, e o tempo não terá anda<strong>do</strong> só para ele. Mas isso mesmo me faz<br />

relembrar aquela circunstância. Ei-nos aqui os <strong>do</strong>us, após tantos anos, sem haver<br />

descri<strong>do</strong> da letras, e achan<strong>do</strong> nelas um pouco de descanso e um pouco de consolo.<br />

Muita cousa passou depois das Névoas Matutinas; não passou a fé nas musas, e<br />

basta.<br />

1897<br />

[203]<br />

[3 janeiro]<br />

A importância da carta que se vai ler devia excluir qualquer outro cuida<strong>do</strong><br />

desta semana; mas não se perde nada em retificar um lapso. Pequeno lapso:<br />

<strong>do</strong>mingo passa<strong>do</strong> escrevi "autor de Fleurs du Mal" onde devera escrever ’ autor de<br />

Blasphèmes", tu<strong>do</strong> porque uma estrofe de Baudelaire me cantava na memória para<br />

corrigir <strong>com</strong> ela o seu patrício Richepin. Vamos agora a carta. Recebi-a anteontem<br />

de um cidadão americano, o Rev. M. Going, que aqui chegou em agosto <strong>do</strong> ano<br />

fin<strong>do</strong> e partiu a 1 ou 2 de setembro para a ilha da Trindade. – "Suspeito uma cousa",<br />

disse-me ele. – "Que cousa" – "Não posso dizer; se acertar, terei feito uma grande<br />

descoberta, a maior descoberta marítima <strong>do</strong> século; se não acertar, fica o segre<strong>do</strong><br />

<strong>com</strong>igo." Podes imaginar agora, leitor, o assombro <strong>com</strong> que recebi a epístola que<br />

vais ler:<br />

Ilha da Trindade, 26 de dezembro de 1896.<br />

Caro senhor. – Esta carta vos será entregue pelo Rev. James Maxwell, de<br />

Nebrasca. Veio ele <strong>com</strong>igo a esta ilha, sem saber o fim que me trouxe a ela.<br />

Pensava que o meu desejo era conhecer o valor <strong>do</strong> penhasco que os ingleses<br />

queriam tomar ao Brasil, segun<strong>do</strong> 1he disse em Royal Hotel, 3, Rua Clapp, uma<br />

sexta-feira. O Rev. Maxwell vos contará o assombro em que ficou e a minha<br />

desvairada alegria quan<strong>do</strong> vimos o que ele não esperava ver, o que absolutamente<br />

ninguém pensou nem suspeitou nunca.<br />

Senhor, esta ilha não é deserta, <strong>com</strong>o se afirma; esta ilha tem, <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

oriental, uma pequena cidade, <strong>com</strong> algumas vilas e aldeias próximas. Eu<br />

desconfiava disto, não por a1guma razão científica ou confidência de navegante,<br />

mas por uma intuição fundada em tradição de família. Com efeito, é constante na<br />

minha família que um <strong>do</strong>s meus avós, aventureiro e atrevi<strong>do</strong>, deixou um dia as<br />

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