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Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

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pedir. vós outros, proprietários que vos defenda os aluguéis Mas que são<br />

aluguéis Uma convenção precária, um instrumento de opressão, um abuso da<br />

força. Tolera<strong>do</strong> <strong>com</strong>o a tortura, a fogueira e as prisões, os aluguéis têm de acabar<br />

<strong>com</strong>o os demais suplícios. Vós estais quase no fim. Se vos ligais contra os<br />

locatários, é que a vossa perda é certa. O governo é <strong>do</strong>s inquilinos. Não são já os<br />

aristocratas que têm de ser enforca<strong>do</strong>s: sereis vós:<br />

Çà ira, çà ira, çà i'a,<br />

Les propriétaiies à la lanterne!<br />

Não entenden<strong>do</strong> mais que a última palavra, a <strong>com</strong>issão nem espera que o intérprete<br />

traduza to<strong>do</strong>s os conceitos da grande anarquista; e, sem suspeitar que faz<br />

impudicamente um trocadilho ou cousa que o valha, jura que é falso, que os<br />

proprietários não põem lanternas nas casas, mas encanamentos de gás. Se o gás<br />

está caro, não é culpa deles, mas das contas belgas ou <strong>do</strong> gasto excessivo <strong>do</strong>s<br />

inquilinos. Há de ser engraça<strong>do</strong> se, além de perderem os aluguéis, tiverem de pagar<br />

o gás. E as penas d'água as décimas os consertos<br />

Luísa Michel aproveita uma pausa da <strong>com</strong>issão para soltar três vivas à<br />

anarquia e declarar ao empresário americano que embarcará no dia seguinte para ir<br />

pregar a outra parte. Não há que propagar neste país, onde os proprietários se<br />

acham cm tão miserável e justa condição que já se unem contra os inquilinos; a obra<br />

aqui não precisava discursos. O empresário, indigna<strong>do</strong>, saca <strong>do</strong> bolso o contrato e<br />

mostra-lho. Luísa Michel fuzila impropérios. Que são contratos pergunta. O mesmo<br />

que aluguéis,—uma espoliação. Irrita-se o empresário e ameaça. A <strong>com</strong>issão<br />

procura aquietá-lo <strong>com</strong> palavras inglesas: Time is money, five o'clock... O intérprete<br />

perde-se nas traduções. Eu, mais feliz que to<strong>do</strong>s, acabo a semana.<br />

[171]<br />

[27 outubro]<br />

Conversávamos alguns amigos, à volta de uma mesa, eram 5 horas da tarde,<br />

beben<strong>do</strong> chá. Cito a hora e o chá para que se <strong>com</strong>preenda bem a elegância <strong>do</strong>s<br />

costumes e das pessoas. Suponho que os inglese é que inventaram esse uso de<br />

beber chá às 5 horas. Os franceses imitaram os ingleses, nós estávamos ven<strong>do</strong> se,<br />

imitan<strong>do</strong> os franceses há de haver alguém que nos imite. Os russos, esses bebem<br />

chá E todas as horas; o samovar está sempre pronto. Os chineses também e podem<br />

crer-se os homens mais finamente educa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, se E nota da educação é<br />

beber chá em pequeno, <strong>com</strong>o diz um adágio desta terra de café. Creio que chegam<br />

à perfeição de mamá-lo.<br />

Bebíamos chá e falávamos de cousas e lousas. Foi na quarta-feira desta<br />

semana. Abriu-se um capitulo de mistérios, de fenômenos obscuros, e<br />

concordávamos to<strong>do</strong>s <strong>com</strong> Hamlet, relativamente à miséria da filosofia. O próprio<br />

espiritismo teve alguns minutos de atenção. Saí de lá envolvi<strong>do</strong> em sombras. Um<br />

amigo que me a<strong>com</strong>panhou pôde distrair-me, falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> plano que tem (aliás<br />

secreto) de ir ler feócrito, debaixo de alguma árvore da Elélade. Imaginem que é<br />

moço, <strong>com</strong>o a antiguidade, ingênuo e bom, ama e vai casar. Pois <strong>com</strong> tu<strong>do</strong> isso, não<br />

pôde mais que distrair-me, apenas me deixou, as sombras envolveram-me outra<br />

vez.<br />

Então, lembrei-me <strong>do</strong> caso daquela Inês, mora<strong>do</strong>ra à Rua <strong>do</strong>s Arcos n.&deg;<br />

18, que achou a morte, assistin<strong>do</strong> a uma sessão da Associação Espírita, Rua <strong>do</strong><br />

Conde d'Eu. Pode muito bem ser que já te não lembres de Inês, nem da morte, nem<br />

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