Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor
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povo. Não sei se uma grande cidade poderia a<strong>do</strong>tar tal sistema: é duvi<strong>do</strong>so. Mas<br />
para cidades pequenas não creio que haja nada melhor. Tem a <strong>do</strong>çura, sem a<br />
monotonia <strong>do</strong> víspora. E, deixai-me que vo-lo diga francamente, apelan<strong>do</strong> para os<br />
seus deuses, este povo, que conserva as crenças errôneas da raça originária, pensa<br />
que são eles que o ajudam; mas, em verdade. é a Providencia Divina E1a é que<br />
governa a terra toda e dá luz à escuridão <strong>do</strong>s espíritos. Está em Isaías: "Ouvi, ilhas,<br />
e atendei, povos de longe." Está nos Salmos: "Do Senhor é a re<strong>do</strong>ndeza da terra e<br />
to<strong>do</strong>s os seus habita<strong>do</strong>res, porque ele a fun<strong>do</strong>u sobre os mares e sobre os rios."<br />
Haveria muito que dizer se pudesse contar outros costumes deste povo,<br />
fundamentalmente bom e ingênuo; mas paro aqui. Conto estar de volta no Rio de<br />
Janeiro em fins de maio ou princípios de junho. Peço-vos que auxilieis o meu amigo<br />
Rev. Maxwell; ele vai buscar-me alguns livros e um aparelho fotográfico. Indagai<br />
dele as suas impressões, e ouvireis a confirmação <strong>do</strong> que vos digo. Adeus, meu<br />
caro senhor; crede-me vosso muito obediente servo – GOING.<br />
O Rev. Maxwell confirma realmente tu<strong>do</strong> o que me diz a carta <strong>do</strong> Rev. Going.<br />
São <strong>do</strong>us sacer<strong>do</strong>tes; e, embora protestantes, não creio que se liguem para rir de<br />
um homem de boa-fé. É tu<strong>do</strong>, porém, tão extraordinário que, para o caso de ser um<br />
simples hunbug, resolvi publicar a carta. Os entendi<strong>do</strong>s dirão se é possível a<br />
descoberta.<br />
[204]<br />
[24 janeiro]<br />
Anteontem, quan<strong>do</strong> os sinos <strong>com</strong>eçaram a tocar a fina<strong>do</strong>s, um amigo disseme:<br />
"Um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>us morreu, o arcebispo ou a papa." Não foi o papa. Aquele velhinho<br />
transparente, <strong>com</strong> perto de noventa anos as costas, além <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
católico, continua a enterrar os seus cardeais. Agora mesmo, por telegrama<br />
impresso ontem, sabe-se que morreu mais um cardeal, <strong>com</strong> o qual sobem a cento e<br />
dezoito os que se tem i<strong>do</strong> da vida, enquanto Leão XIII fica a espera da hora que<br />
ainda 1he não bateu. Outro amigo meu, que já vira duas vezes o velho pontífice,<br />
acaba de escrever-me que o viu ainda uma vez, em dezembro, na cerimonia da<br />
imposição <strong>do</strong> chapéu a alguns novos cardeais. Descreve a forma da cerimonia,<br />
cheio de admiração e de fé, – uma fé sincera e singela, flor <strong>do</strong>s seus jovens anos.<br />
Ouvira uma missa ao papa, e, posto enfraqueci<strong>do</strong> pela idade, este 1he pareceu<br />
resistir a ação <strong>do</strong> tempo.<br />
Não sucedeu o mesmo ao digno arcebispo <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Posto que<br />
muito mais moço, foi mais depressa toca<strong>do</strong> pela hora da morte. D. João era um<br />
luta<strong>do</strong>r; as folhas <strong>do</strong> dia lembram ou nomeiam os livros e opúsculos que escreveu,<br />
não contan<strong>do</strong> o trabalho de jornalista, obra que desaparece to<strong>do</strong>s os dias <strong>com</strong> o sol,<br />
para re<strong>com</strong>eçar <strong>com</strong> o mesmo sol, e não deixar nada na memória <strong>do</strong>s homens, a<br />
não ser o vago sulco de um nome, que se apaga (para os melhores) <strong>com</strong> a segunda<br />
geração. Este homem, na<strong>do</strong> em Barcelona, filho de um belga e de uma senhora<br />
espanhola, – creio que era espanhola, – estava longe de crer que acabaria na sede<br />
arquiepiscopal de uma grande capital da América. Tais são os destinos, tais os<br />
ventos que levam a vela de cada um, – ou para a navegação costeira e obscura, ou<br />
para a descoberta remota e gloriosa.<br />
Era um luta<strong>do</strong>r. Eu confesso que a primeira e mais viva impressão episcopal<br />
que tenho não é de homem de <strong>com</strong>bate, talvez porque a hora não era de <strong>com</strong>bate.<br />
A impressão que me ficou mais funda foi a daquele D. Manuel <strong>do</strong> Monte Rodrigues,<br />
Conde de Irajá. A boca cheia de riso, <strong>com</strong>o Frei Luís de Sousa refere de S.<br />
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