Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor
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Itamarati pare festejar o aniversário natalício <strong>do</strong> marechal. Encheram-se os salões<br />
de fardas, casacas e vesti<strong>do</strong>s. Gambetta advertiu um dia que la République<br />
manquait de femmes. Compreendia que, numa sociedade polida <strong>com</strong>o a francesa,<br />
as mulheres dão o tom ao governo. As de lá tinham-se retraí<strong>do</strong>; depois apareceram<br />
outras. suponho. Cá houve o mesmo retraimento; nomes distintos e belas elegantes<br />
eliminaram-se inteiramente. Mas nem foram sodas, nem cá se vive tanto de salão.<br />
De resto, <strong>com</strong>o disse acima, Deo<strong>do</strong>ro era amigo das oracas; acabaria por<br />
chamar as senhoras em torno <strong>do</strong> governo. Um dia. por ocasião da promessa de<br />
cumprir a Constituição, tive ocasião de observar uma ação que merece ser contada.<br />
Foi a primeira e única vez que vi o palácio de S. Cristóvão transforma<strong>do</strong> em<br />
parlamento e mal transforma<strong>do</strong>, porque os congressistas, acabada a constituinte.<br />
mudaram-se pare as antigas cases da cidade. Pouca gente; mais nas tribunas que<br />
no recinto, e no recinto mais cadeiras que ocupantes.<br />
Anunciou-se que o presidente chegara, uma <strong>com</strong>issão foi recebê-lo à porta,<br />
enquanto o presidente <strong>do</strong> Congresso,— atual presidente da República,—descia<br />
gravemente os degraus <strong>do</strong> estra<strong>do</strong> em que estava a mesa pare recebe-lo. Assomou<br />
Deo<strong>do</strong>ro, cumprimentou em geral e guiou pare a mesa; em caminho, porém, viu na<br />
tribuna das senhoras algumas que conheci a,—ou conhecia-as todas,—e , levan<strong>do</strong><br />
os de<strong>do</strong>s à boca, fez um gesto cheio de galanteria, acentua<strong>do</strong> pelo sorriso que o<br />
a<strong>com</strong>panhou. Comparai o gesto, a pessoa, a solenidade, o momento político, e<br />
concluí.<br />
Eu <strong>com</strong>parei tu<strong>do</strong>—e <strong>com</strong>parei ainda o presidente e o vice-presidente. Aquele<br />
proferia as palavras <strong>do</strong> <strong>com</strong>promisso <strong>com</strong> a voz clara e vibrante, que reboou na<br />
vasta sala. Desceu depois <strong>com</strong> o mesmo aprumo, e saiu. A entrada <strong>do</strong> vicepresidente<br />
teve igual cerimonial, mas diferiu logo nas palmas das tribunas, que<br />
foram cálidas e numerosas, ao contrário das que saudaram a chegada <strong>do</strong> primeiro<br />
magistra<strong>do</strong>. O marechal Floriano caminhou pare a mesa, cabeça baixa passo curto e<br />
vagaroso, e quan<strong>do</strong> teve de proferir as palavras <strong>do</strong> <strong>com</strong>promisso, fê-lo em voz surda<br />
e mal ouvida.<br />
Tal era o contraste das duas naturezas. Quan<strong>do</strong> o poder veio às mãos de<br />
Floriano, pelas razões que to<strong>do</strong>s vós sabeis melhor que eu, pois to<strong>do</strong>s os políticos,<br />
vieram os sucessos <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> ano, que se prolongaram e des<strong>do</strong>braram até à<br />
revolta de setembro e toda a mais guerra civil, que só agora achou termo, neste<br />
primeiro ano <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Sr. Dr. Prudente de Morais.<br />
O corpo diplomático acentuou anteontem esta circunstancia, por boca <strong>do</strong> Sr.<br />
ministro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, no discurso <strong>com</strong> que apresentou ao honra<strong>do</strong><br />
presidente da República as sues felicitações e de seus colegas. O governo que<br />
terminou há um ano, só pôde cuidar da guerra; o que então <strong>com</strong>eçou, devolven<strong>do</strong> a<br />
paz aos homens, pôde iniciar de vez as festas novembrinas... Novembrinas saiu-me<br />
da pena, por imitação das festas maias <strong>do</strong>s argentinos, que a 25 de maio, data da<br />
independência; mas não há mister nomes pare fazer festas brilhantes; a questão é<br />
fazê-las nacionais e populares.<br />
São obras de paz. Obra de paz é a exposição industrial que se inaugurou<br />
sexta-feira, e vai ficar aberta por muitos dias, mostran<strong>do</strong> ao povo desta cidade o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> esforço e <strong>do</strong> trabalho nacional desde o alfinete até à lo<strong>com</strong>otiva.<br />
Depressa esquecemos os males, ainda bem. Esto que pode ser um perigo em certos<br />
caves, é um grande benefício quan<strong>do</strong> se trata de restaurar a nação.<br />
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