Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor
Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor
Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
logicamente. Muitos há que, se alguém acha o Rangel mais elegante que o Bastos,<br />
exclamam convenci<strong>do</strong>s:<br />
— Ah! já sei, é amigo <strong>do</strong> Rangel!<br />
E to<strong>do</strong> o tempo é pouco para replicar:<br />
Não, homem de Deus, não sou amigo nem inimigo <strong>do</strong> Rangel; creio até que<br />
ele me deve dez tostões. O que digo, é que, <strong>com</strong>para<strong>do</strong> <strong>com</strong> o Bastos, o Rangel é<br />
mais elegante.<br />
— Pobre Bastos! Ódio velho não cansa. Por que não confessa logo que o<br />
detesta<br />
— Mas eu não detesto o Bastos; simpatizo até <strong>com</strong> ele, e, se bem me lembro,<br />
devo-lhe um favor, não pequeno, aqui há anos, tanto mais digno de lembrança<br />
quanto foi espontâneo ...<br />
— Mas por que lhe chama lapuz<br />
— Que lapuz Não disse tal. Disse que acho o Rangel mais elegante...<br />
— Que o a<strong>do</strong>ra, em suma.<br />
Não há sair daqui. O melhor, em tais casos é calar a boca, ou encerrar o<br />
escrito, se escreve. Viva Deus! Creio que está finda a crônica.<br />
[141]<br />
[2 setembro]<br />
Acabo de ler que os condutores de bonds tiram anualmente para si, das<br />
passagens que recebem, mais de mil contos de réis. Só a Companhia <strong>do</strong> Jardim<br />
Botânico perdeu por essa via, no ano passa<strong>do</strong>, trezentos e sessenta contos.<br />
Escrevo por extenso todas as quantias, não só por evitar enganos de impressão,<br />
fáceis de dar <strong>com</strong> algarismos, mas ainda para não assustar logo à primeira vista, se<br />
os números saírem certos. Pode acontecer também, que tais números, sen<strong>do</strong><br />
grandes, gerem incredulidade, e nada mais duro que escrever para incrédulos.<br />
Parece que as <strong>com</strong>panhias têm experimenta<strong>do</strong> vários meios de fiscalizar a<br />
cobrança, sem claro efeito. Atribui-se ao fina<strong>do</strong> Miller, gerente que foi da Companhia<br />
<strong>do</strong> Jardim Botânico, um dito mais gracioso que verdadeiro, assaz expressivo <strong>do</strong><br />
ceticismo que distinguia aquele amável alemão. Dizia ele, se é verdade, que, pon<strong>do</strong><br />
fiscais aos condutores, <strong>com</strong>iam condutores e fiscais, melhor era que só <strong>com</strong>essem<br />
condutores. Há nisso parcialidade. Ou o espiritismo é nada, ou Miller foi condutor de<br />
bond em alguma existência anterior, e daí essa proteção exclusiva a uma classe.<br />
Não haveria bonds, mas havia homens. Miller terá si<strong>do</strong> condutor de homens, os<br />
quais, juntos em nação, formam um vasto bond, ora atola<strong>do</strong> e para<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o a<br />
China, ora tira<strong>do</strong> por eletricidade, <strong>com</strong>o o Japão.<br />
Mas eu não creio que Miller tenha dito semelhante cousa; há de ser invenção<br />
<strong>do</strong> cocheiro. Ninguém acusa o cocheiro de conivência na subtração <strong>do</strong>s mil e tantos<br />
coitos, sen<strong>do</strong> aliás certo que, no organismo político e parlamentar <strong>do</strong> bond, ele é o<br />
presidente <strong>do</strong> conselho, o chefe <strong>do</strong> gabinete. O condutor é o rei constitucional, que<br />
reina e não governa, os passageiros são os contribuintes. Que o condutor não<br />
governa, vê-se a to<strong>do</strong> instante pela desatenção <strong>do</strong> cocheiro à campainha, que o<br />
manda parar. "Advirto Vossa Majestade, diz o cocheiro <strong>com</strong> o gesto, que a<br />
responsabilidade <strong>do</strong> governo é minha, e eu só obedeço à vontade <strong>do</strong> parlamento,<br />
76