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Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

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<strong>do</strong> infinito: — Que há de novo Os ventos, as marés, a burra de Balaão, as<br />

lo<strong>com</strong>otivas, as bocas de fogo, os profetas, todas as vozes celestes e terrestres<br />

formavam este grito uníssono: Que há de novo<br />

Quis vingar-me; mas onde há tal ação que nos vingue de uma cidade inteira<br />

Não poden<strong>do</strong> queimá-la, a<strong>do</strong>tei um processo delica<strong>do</strong> e amigo. Na quarta-feira, mal<br />

saí à rua, dei <strong>com</strong> um conheci<strong>do</strong> que me disse, depois <strong>do</strong>s bons dias costuma<strong>do</strong>s:<br />

— Que há de novo<br />

— O terremoto.<br />

— Que terremoto Verdade é que esta noite ouvi grandes estron<strong>do</strong>s, tanto<br />

que supus serem as fortalezas todas juntas. Mas há de ser isso, um terremoto; as<br />

paredes da minha casa estremeceram; eu saltei da cama; estou ainda sur<strong>do</strong> ...<br />

Houve algum desastre<br />

— Ruínas, senhor, e grandes ruínas.<br />

— Não me diga isso! A Rua <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>r, ao menos ...<br />

— A Rua <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>r está intacta, e corri ela a Gazeta de Notícias.<br />

— Mas onde foi<br />

— Foi em Lisboa.<br />

— Em Lisboa<br />

— No dia de hoje, 1 de novembro, há século e meio. Uma calamidade,<br />

senhor! A cidade inteira em ruínas. Imagine por um instante, que não havia o<br />

Marquês de Pombal, — ainda o não era, Sebastião José de Carvalho, um grande<br />

homem, que pôs ordem a tu<strong>do</strong>, enterran<strong>do</strong> os mortos, salvan<strong>do</strong> os vivos, enforcan<strong>do</strong><br />

os ladrões, e restauran<strong>do</strong> a cidade. Fala-se da reconstrução de Chicago; eu creio<br />

que não lhe fica abaixo o caso de Lisboa, visto a diferença <strong>do</strong>s tempos, e a distância<br />

que vai de um povo a um homem. Grande homem, senhor! Uma calamidade! uma<br />

terrível calamidade!<br />

Meio embaça<strong>do</strong>, o meu interlocutor seguiu caminho, a buscar notícias mais<br />

frescas. Peguei em mim e fui por aí fora distribuin<strong>do</strong> o terremoto a todas as<br />

curiosidades insaciáveis. Tornei satisfeito a casa; tinha o dia ganho.<br />

Na quinta-feira, <strong>do</strong>us de novembro, era minha intenção ir tão somente ao<br />

cemitério; mas não há cemitério que valha contra o personagem <strong>do</strong> Verso e<br />

Reverso. Pouco depois de transpor o portão da lúgubre morada, veio a mim um<br />

amigo vesti<strong>do</strong> de preto, que me apertou a mão. Tinha i<strong>do</strong> visitar os restos da esposa<br />

(uma santa!), suspirou e concluiu:<br />

— Que há de novo<br />

— Foram executa<strong>do</strong>s.<br />

— Quem<br />

— A coragem, porém, <strong>com</strong> que morreram, <strong>com</strong>pensou os desvarios da ação,<br />

se ela os teve; mas eu creio que não. Realmente, era um escândalo. Depois, a<br />

traição <strong>do</strong> pupilo e afilha<strong>do</strong> foi indigna; pagou-se-lhe o prêmio, mas a indignação<br />

pública vingou a morte <strong>do</strong> traí<strong>do</strong>.<br />

— De acor<strong>do</strong>: um pupilo ... Mas quem é o pupilo<br />

— Um miserável. Lázaro de Melo.<br />

— Não conheço. Então, foram executa<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s<br />

— To<strong>do</strong>s; isto é, <strong>do</strong>us. Um <strong>do</strong>s cabeças foi degreda<strong>do</strong> por dez anos.<br />

— Quais foram os executa<strong>do</strong>s<br />

— Sampaio. .<br />

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