09.01.2015 Views

Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ao la<strong>do</strong> dela seja protegida a arte franco-brasileira Esta é um fruto local; se merece<br />

menos que a outra, não deixa de fazer algum juz à eqüidade. Aí fica a idéia; é<br />

exeqüível. Não a <strong>do</strong>u por dinheiro, mas de graça e a sério.<br />

Não me arguam de prestar tanta atenção à língua de uma arte e à meia<br />

língua de outra. Grande cousa é a língua. Aquele diplomata venezuelano que acaba<br />

de ator<strong>do</strong>ar os espíritos <strong>do</strong>s seus <strong>com</strong>patriotas pela revelação de que o trata<strong>do</strong><br />

celebra<strong>do</strong> <strong>com</strong> a Inglaterra, graças aos bons ofícios <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, serve ao<br />

interesse destes <strong>do</strong>us países <strong>com</strong> perda para Venezuela, pode não ter razão (e<br />

creio que não tenha), mas dá prova certa <strong>do</strong> que vale a língua. Os outros <strong>do</strong>us são<br />

ingleses, falam inglês; foi o pai que ensinou esta língua ao filho. Venezuela é uma<br />

das muitas filhas e netas de Espanha que se deixaram ficar por este mun<strong>do</strong>. A<br />

língua castelhana é rica; mas é menos falada. Se o diplomata tivesse razão, em<br />

Caracas, que é o Rio de Janeiro de Venezuela, as <strong>com</strong>panhias nacionais é que<br />

agüentariam os maiores impostos, enquanto que as de Londres e New York<br />

representariam sem pagar nada. Mas é um desvario, decerto; esperemos outros<br />

telegramas.<br />

Relevem o estilo e as idéias; a minha <strong>do</strong>r de cabeça não dá para mais.<br />

[201]<br />

[20 dezembro]<br />

É minha opinião que não se deve dizer mal de ninguém, e ainda menos da<br />

polícia. A polícia é uma instituição necessária à ordem e à vida de uma cidade.<br />

Nos melhores tempos da nossa bela Guanabara, <strong>com</strong>o lhe chamam poetas,<br />

tínhamos o Vidigal e o Aragão. Esse Aragão, que eu não conheci, vinha ainda falar<br />

aos de minha geração pela boca <strong>do</strong> sino de S. Francisco de Paula, às 10 horas da<br />

noite, — hora de recolher, fazen<strong>do</strong> lembrar aquilo da ópera: — Abitanti de Parigi, è<br />

ora di riposar.<br />

Ó tempos! Tempos! Os escravos corriam para casa <strong>do</strong>s senhores, e to<strong>do</strong> o<br />

cidadão, por mais livre que fosse, tinha obrigação de se deixar apalpar, a ver se<br />

trazia navalha na algibeira. Era primitivo, mas tiradas as navalhas aos malfeitores,<br />

poupava-se a vida à gente pacífica.<br />

Não se deve dizer mal da polícia. Ela pode não ser boa, pode não ter<br />

sagacidade, nem habilidade, nem méto<strong>do</strong>, nem pessoal; mas, <strong>com</strong> tu<strong>do</strong> isso, ou sem<br />

tu<strong>do</strong> isso, é instituição necessária. Os tempos vão suprin<strong>do</strong> as lacunas, emendan<strong>do</strong><br />

os defeitos. Para falar de nós, já <strong>com</strong>eçamos a perder a idéia de uma polícia eleitoral<br />

ou de um canapé destina<strong>do</strong> a alguém que passa de um cargo a outro e descansa<br />

um mês para tomar fôlego. O pessoal secreto é difícil de se escolher; outra, nem<br />

sequer era secreto. Quem se não lembra daquele famoso assassinato da Rua<br />

Uruguaiana , há anos, cujo autor fugia persegui<strong>do</strong> por pessoas <strong>do</strong> povo que<br />

bradavam: "Pega! é secreta!" Duas lições houve nesse acontecimento: 1 o ., o crime<br />

pratica<strong>do</strong> pela virtude; 2 o ., o secreto conheci<strong>do</strong> de toda gente. Não obstante, repito,<br />

a instituição é necessária, e antes medíocre que nenhuma.<br />

Agora mesmo, se nada se tem encontra<strong>do</strong> acerca da dinamite tirada de um<br />

depósito, é porque os ladrões de dinamite não são <strong>com</strong>o os de simples lenços<br />

pendura<strong>do</strong>s às portas das lojas. Estes são obriga<strong>do</strong>s a furtar de dia, à vista <strong>do</strong> <strong>do</strong>no<br />

e <strong>do</strong>s passantes, correm, são persegui<strong>do</strong>s pelo clamor público, e afinal pega<strong>do</strong>s. Eu,<br />

apesar <strong>do</strong> gosto que tenho a psicologia, ainda não pude descobrir o móvel secreto<br />

das pessoas que perseguem neste caso a um gatuno. É o simples impulso da<br />

virtude É o desejo de perseguir um homem hábil que quer escapar à lei Mistério<br />

188

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!