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Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

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sucessivas, por mo<strong>do</strong> que, ao cabo de um século, já a droga que a curou não cura;<br />

é preciso outra. Não me digam que, se isto é assim, a observação basta para dar a<br />

sucessão <strong>do</strong>s remédios. Em primeiro lugar, não é a observação que produz todas as<br />

modificações terapêuticas; muitas destas são de pura sugestão. Em segun<strong>do</strong> lugar,<br />

a observação, em substância, não é mais que uma sugestão refletida da natureza.<br />

Prova desta solução é o fato curiosíssimo de que grande parte <strong>do</strong>s remédios<br />

cita<strong>do</strong>s e não cita<strong>do</strong>s, existentes há quarenta e cinqüenta anos, curavam<br />

particularmente a erisipela. Variavam as outras moléstias, mas a erisipela estava<br />

inclusa na lista de cada um deles. Naturalmente, era moléstia vulgar; daí a<br />

florescência <strong>do</strong>s medicamentos apropria<strong>do</strong>s à cura. O povo, graças à ilusão da<br />

Providência, costuma dizer que Deus dá o frio conforme a roupa; o caso da erisipela<br />

mostra que a roupa vem conforme o frio.<br />

Não importa que daqui a algumas dezenas de anos, um século ou ainda mais,<br />

certos medicamentos de hoje estejam mortos. Verificar-se-á que a modificação <strong>do</strong><br />

mal trouxe a modificação da cura. Tanto melhor para os homens. O mal irá<br />

recuan<strong>do</strong>. Essa marcha gradativa terá um termo, remotíssimo, é verdade, mas certo.<br />

Assim, chegará o dia em que, por falta de <strong>do</strong>enças, acabarão os remédios, e o<br />

homem, <strong>com</strong> a saúde moral, terá alcança<strong>do</strong> a saúde física, perene e indestrutível,<br />

<strong>com</strong>o aquela.<br />

Indestrutível Tu<strong>do</strong> se pode esperar da indústria humana, a braços <strong>com</strong> o<br />

eterno aborrecimento. A monotonia da saúde pode inspirar a busca de uma ou outra<br />

macacoa leve. O homem receitará tonturas ao homem. Haverá fábrica de resfria<strong>do</strong>s.<br />

Vender-se-ão calos artificiais, quase tão <strong>do</strong>lorosos <strong>com</strong>o os verdadeiros. Alguns<br />

dirão que mais.<br />

1894<br />

[129]<br />

[1 fevereiro]<br />

Sombre quatre-vingt-treize! É o caso de dizer, <strong>com</strong> o poeta, agora que ele se<br />

despede de nós, este ano em que perfaz um século o a terrível da Revolução. Mas a<br />

crônica não gosta de lembranças tristes por mais heróicas que também sejam; não<br />

vai para epopéias, nem tragédias. Cousas <strong>do</strong>ces, leves, sem sangue nem lágrimas.<br />

No banquete da vida, para falar <strong>com</strong>o outro poeta ... Já agora falo por poetas;<br />

está prova<strong>do</strong> que, apesar de fantásticos e sonha<strong>do</strong>r são ainda os mais hábeis<br />

conta<strong>do</strong>res de história e inventores de imagens. A vida, por exemplo, <strong>com</strong>parada a<br />

um banquete é idéia felicíssima. Cada um de nós tem ali o seu lugar; uns retiram-se<br />

logo depois da sopa, outros <strong>do</strong> coup du milieu, não raros vão até à sobremesa. Tem<br />

havi<strong>do</strong> casos em que o conviva se deixa estar <strong>com</strong>i bebi<strong>do</strong>, e senta<strong>do</strong>. É o que os<br />

noticiários chamam macróbio, quan<strong>do</strong> a pessoa é mulher, por uma dessas<br />

liberdades que toda gente usa <strong>com</strong> a língua, macróbia.<br />

Felizes esses! Não que o banquete seja sempre uma delícia. sopas<br />

execráveis, peixes podres e não poucas vezes esturro. Mas, u vez que a gente se<br />

deixou vir para a mesa, melhor é ir farto dela para não levar saudades. Não se sente<br />

a marcha; vai-se pelos pés <strong>do</strong>s outros. Houve desses retardatários, Moltke esteve<br />

prestes a sê-lo, Gladstone creio que acaba por aí, <strong>com</strong>o os nossos Saldanha Manho<br />

e Tamandaré. Deus os fade a to<strong>do</strong>s!<br />

Imaginemos um homem que haja nasci<strong>do</strong> <strong>com</strong> o século e mor <strong>com</strong> ele. Vítor<br />

Hugo já o achou <strong>com</strong> <strong>do</strong>us anos (ce siècle avait de ans) e pode ser que contasse<br />

viver até o fim; não passou da casa d oitenta. Mas Heine, que veio ao mun<strong>do</strong> no<br />

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