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Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

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tabeliães onde eles devem ficar,—nos romances de Balzac, nas <strong>com</strong>édias de Scribe<br />

e na Rua <strong>do</strong> Rosário.<br />

Mas, que remédio <strong>do</strong>u então para fazer todas as eleições puras Nenhum,<br />

não enten<strong>do</strong> de política. Sou um homem que, por ler jornais e haver i<strong>do</strong> em criança<br />

às galerias das câmaras, tem visto muita reforma, muito esforço sincero para<br />

alcançar a verdade eleitoral, evitan<strong>do</strong> a fraude e a violência, mas por não saber de<br />

política, ficou sem conhecer as causas <strong>do</strong> malogro de tantas tentativas. Quan<strong>do</strong> a lei<br />

das minorias apareceu, refleti que talvez fosse melhor trocar de méto<strong>do</strong>, <strong>com</strong>eçan<strong>do</strong><br />

por fazer uma lei da representação das maiores. Um chefe político, varão hábil,<br />

pegou da pena e ensinou, por circular pública, o mo<strong>do</strong> de cumprir e descumprir a lei,<br />

ou, mais catolicamente, de ir para o céu <strong>com</strong>en<strong>do</strong> carne à sexta-feira. Questão de<br />

algarismos. Vingou o plano; a lei desapareceu. Vi outras reformas; vi a eleição direta<br />

servir aos <strong>do</strong>us parti<strong>do</strong>s, conforme a situação deles. Vi... Que não tenho eu visto<br />

<strong>com</strong> estes pobres olhos<br />

A última cousa que vi foi que a eleição é também outra Margarida Gautier.<br />

Talvez não suspire, <strong>com</strong>o as primeiras: Combien jesus changée! Mas <strong>com</strong> certeza<br />

atribuirá ao <strong>do</strong>utor a promessa de a curar. e dirá <strong>com</strong>o a irmão <strong>do</strong> teatro e a da<br />

praça: J'aurai patience.<br />

[175]<br />

[115 dezembro]<br />

Temo errar, mas creio que Lopes Neto foi o primeiro brasileiro que se deixou<br />

queimar, por testamento, <strong>com</strong> todas as formalidades <strong>do</strong> estilo. As suas cinzas, no<br />

discurso <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>res, foram verdadeiramente cinzas. Agora repousam no lugar<br />

indica<strong>do</strong> pelo testa<strong>do</strong>r, e é mais um exemplo que dá a sociedade italiana da<br />

incineração aos homens que vão morrer. Estou certo, porém, que o sentimento<br />

produzi<strong>do</strong> nos patrícios de Lopes Neto foi menos de admiração que de horror. Toda<br />

gente que conheço repele a idéia de ser queimada. Ninguém abre mão de ir para<br />

baixo da terra integralmente, deixan<strong>do</strong> aos amigos póstumos <strong>do</strong> homem o ofício de<br />

lhe <strong>com</strong>erem os últimos boca<strong>do</strong>s.<br />

São gostos, são costumes. De mim confesso que tal é o me<strong>do</strong> que tenho de<br />

ser enterra<strong>do</strong> vivo, e morrer lá embaixo, que não recusaria ser queima<strong>do</strong> cá em<br />

cima. Poeticamente, a incineração é mais bela. Vede os funerais de Heitor. Os<br />

troianos gastam nove dias em carregar e amontoar as achas necessárias para uma<br />

imensa fogueira. Quan<strong>do</strong> a Aurora, sempre <strong>com</strong> aqueles seus de<strong>do</strong>s cor-de-rosa,<br />

abre as portas ao décimo dia, o cadáver é posto no alto da fogueira, e esta arde um<br />

dia to<strong>do</strong>. Na manhã seguinte, apagadas as brasas' <strong>com</strong> vinho, os lacrimosos irmãos<br />

e amigos <strong>do</strong> magnânimo Heitor coligem os ossos <strong>do</strong> herói e os encerram na urna,<br />

que metem na cova, sobre a qual erigem um túmulo. Daí vão para o esplêndi<strong>do</strong><br />

banquete <strong>do</strong>s funerais no palácio <strong>do</strong> rei Príamo.<br />

Bem sei que nem todas as incinerações podem ter esta feição épica raras<br />

acabarão um livro de Homero, e a vulgaridade dará à cremação, <strong>com</strong>o se lhe<br />

chama, um ar chocho e administrativo. O Sr. Conde de Herzberg há de morrer um<br />

dia (que seja tarde!) e será inuma<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> menos para ser coerente. Outros<br />

condes virão, e se a prática <strong>do</strong> fogo houver já venci<strong>do</strong>, poderão celebrar contrato<br />

<strong>com</strong> a Santa Casa para queimar os cadáveres nos seus próprios estabelecimentos.<br />

Então é que havemos de abençoar a memória <strong>do</strong> atual conde! Naturalmente haverá<br />

duas espécies de classes, a presente (coches, cavalos, etc.) e a da própria<br />

incineração, que se distinguirá pelo esplen<strong>do</strong>r, mediania ou miséria <strong>do</strong>s fornos,<br />

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