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esta última página! Agora mesmo dão os jornais notícia de um carro fúnebre que<br />

chegou à casa <strong>do</strong> defunto duas horas depois da pactuada. Acrescentam que, ao que<br />

parece, o coche foi servir primeiro a outro defunto. Enfim, que é um carro velho,<br />

estraga<strong>do</strong> e sujo, não contan<strong>do</strong> que a cova estava cheia de lo<strong>do</strong>, e que o custo total<br />

<strong>do</strong> enterro é pesadíssimo. Tu<strong>do</strong> isso forma o índice da vida, esta pode ser cara,<br />

barata, mediana ou até gratuita, mas a morte é sempre onerosa. Acusa-se disto ~<br />

Empresa Funerária. Não pode ser; a culpa da impontualidade é antes <strong>do</strong>s que<br />

morrem em desproporção <strong>com</strong> o material da empresa. Fala-se <strong>do</strong> privilégio. Não há<br />

privilégio, há educação da liberdade; assim <strong>com</strong>o foi preciso preparar a liberdade<br />

política, antes de a decretar, assim também é mister preparar a liberdade funerária.<br />

Cumpre notar que tal queixa em tal semana é descabida. Tu<strong>do</strong> se deve<br />

per<strong>do</strong>ar por estes dias. Cristo, morren<strong>do</strong>, per<strong>do</strong>ou aos próprios algozes, "por não<br />

saberem o que faziam". Não se trata aqui de algozes propriamente ditos, e pode ser<br />

também que a empresa não saiba o que está fazen<strong>do</strong>. Em to<strong>do</strong> caso, a queixa devia<br />

ter si<strong>do</strong> adiada para amanhã ou depois.<br />

Faço igual reflexão relativamente ao juiz da <strong>com</strong>arca <strong>do</strong> Rio Grande, que,<br />

segun<strong>do</strong> telegramas desta semana, vai ser meti<strong>do</strong> em processo. A causa sabe-se<br />

qual é. Não consentiu o juiz em que os jura<strong>do</strong>s votem a descoberto, <strong>com</strong>o dispõe a<br />

reforma judiciária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; afirma ele que a Constituição Federal é contrária a<br />

semelhante cláusula. Não sou jurista, não posso dizer que sim nem que não. O que<br />

vagamente me parece, é que se o estatuto político <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> difere em alguma<br />

parte <strong>do</strong> da União, é impertinência não cumprir o que os poderes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

mandam. Mas, de um ou de outro mo<strong>do</strong>, creio que não foi oportuno mandar falar<br />

agora sobre processo nem censurar o magistra<strong>do</strong> antes de amanhã.<br />

Esta questão leva-me a pensar que, se não puder conciliar o voto secreto<br />

<strong>com</strong> o voto público, ou ainda mesmo que se conciliem é ocasião de modificar a<br />

instituição, a ser verdade o que dizem dela pessoas conspícuas. Na assembléia<br />

legislativa <strong>do</strong> Rio de Janeiro, o Sr. Alfre<strong>do</strong> Watheley declarou há <strong>do</strong>us meses, entre<br />

outras cousas, que "em regra o júri é um passa-culpas". Ao que o Sr. Leoni Ramos<br />

aduziu: "É muito raro que no júri, perguntan<strong>do</strong> o juiz aos jura<strong>do</strong>s se precisam ouvir<br />

as testemunhas, eles respondam que sim, dizem sempre que as dispensam."<br />

Também eu ouvi igual dispensa, mas relativamente ao interrogatório <strong>do</strong> próprio réu.<br />

Foi há muitos anos. Interroga<strong>do</strong> sobre o delito, pediu ele para não falar de assuntos<br />

que Lhe eram penosos, e os jura<strong>do</strong>s concordaram cm não ouvi-lo. Realmente, o<br />

acusa<strong>do</strong> merecia piedade, era um caso de honra, mas dispensada a audiência <strong>do</strong><br />

réu e das testemunhas, não tarda que se faça o mesmo ao promotor e ao defensor,<br />

e finalmente à leitura <strong>do</strong> processo, aliás penosíssima de ouvir, mormente se o<br />

escrivão apenas sabe escrever.<br />

[182]<br />

[26 abril]<br />

"Terminaram as festas de Shakespeare", diz um telegrama de Londres, 24,<br />

publica<strong>do</strong> anteontem, na Notícia. Eu, que supunha o mun<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong> no meio de<br />

tantas guerras atuais e iminentes, crises formidáveis, próximas anexações e<br />

desanexações, respirei <strong>com</strong>o alguém que sentisse tirar-lhe um peso de cima <strong>do</strong><br />

peito. Que me importa já saber se o príncipe da Bulgária <strong>com</strong>ungou ou não, esta<br />

semana, ten<strong>do</strong>-lhe o papa nega<strong>do</strong> licença Provavelmente não <strong>com</strong>ungará mais,<br />

tu<strong>do</strong> por haver consenti<strong>do</strong> que o filho fosse batiza<strong>do</strong> na religião orto<strong>do</strong>xa. Quantos<br />

outros pais terão deixa<strong>do</strong> batizar os filhos em religiões alheias, sem perder por isso o<br />

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