Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor
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fui vê-la sair. Éramos <strong>do</strong>us, um amigo e eu; logo depois éramos quatro, nós e as<br />
nossas melancolias. Deus de bondade! Que diferença entre a procissão de sextafeira<br />
e as de outrora. Ordem, número, pompa, tu<strong>do</strong> o que havia quan<strong>do</strong> eu era<br />
menino, tu<strong>do</strong> desapareceu. Valha a piedade, posto não faltaram olhos cristãos, e<br />
femininos, — um par deles — para a<strong>com</strong>panhar <strong>com</strong> riso amigo e particular uma<br />
velha opa encarnada e inquieta. Foi o meu amigo que notou essa passagem <strong>do</strong><br />
Cântico <strong>do</strong>s Cânticos. To<strong>do</strong> eu era pouco para evocar a minha meninice...<br />
E, tu, Belém Efrata... Vede ainda uma reminiscência bíblica; é <strong>do</strong> profeta<br />
Miquéias... Não tenho outra para significar a vitória de Teresópolis De Belém tinha<br />
de vir o salva<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o de Teresópolis há de vir a salvação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
fluminense. Está feito capital o lin<strong>do</strong> e fresco deserto das montanhas. Peso de<br />
Campos (agora é imitar o profeta Isaías), peso de Vassouras, peso de Niterói. Não<br />
valeram riquezas, nem súplicas. A ti, pobre e antiga Niterói não te valeu a eloqüência<br />
<strong>do</strong> teu Belisário Augusto, nem sequer a rivalidade das outras cidades pretendentes.<br />
Tinha de ser Teresópolis. "F tu, Belém Efrata, tu és pequenina entre as milhares de<br />
Judá..." Pequenina também é Teresópolis, mas pequenina em casas, terras há<br />
muitas, pedras não faltam, nem cal, nem trolhas, nem tempo. Falta o meu velho<br />
amigo Rodrigues — ora morto e enterra<strong>do</strong>, — que possuía uma boa parte daquelas<br />
terras desertas. Ai, Justiniano! Os teus dias passaram <strong>com</strong>o as águas que não<br />
voltam mais. É ainda uma palavra da Escritura.<br />
Fora <strong>com</strong> estes sapatos de Israel. Calcemo-nos à maneira da Rua <strong>do</strong><br />
Ouvi<strong>do</strong>r, que pisamos, onde a vida passa em burburinho de to<strong>do</strong>s os dias e de cada<br />
hora. Chovem assuntos modernos. O banco, por exemplo, o novo banco, filho de<br />
<strong>do</strong>us pais, <strong>com</strong>o aquela criança divina que era, dizia Camões, nascida de duas<br />
mães. As duas mães, <strong>com</strong>o sabeis, eram a madre de sua madre, e a coxa de seu<br />
padre, porque no tempo em que Júpiter engendrou esse pequerrucho, ainda não<br />
estava descoberto o remédio que previne a concepção para sempre, e de que ouço<br />
falar na Rua <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>r. Dizem até que se anuncia, mas eu não leio anúncios.<br />
No tempo em que os lia, até os ia catar nos jornais estrangeiros. Um destes,<br />
creio que americano, trazia um de excelente remédio para não sei que perturbações<br />
gástricas; re<strong>com</strong>endava porém, às senhoras que o não tomassem, em esta<strong>do</strong> de<br />
gravidez, poio risco que corriam de abortar... O remédio não tinha outro fin1 senão<br />
justamente este mas a policia ficava sem haver por onde pegar <strong>do</strong> invento e <strong>do</strong><br />
inventor. Era assim, por meios astutos e grande dissimulação, que o remédio se<br />
oferecia às senhoras cansadas de aturar crianças.<br />
A moeda falsa, que previne a miséria, não a previne para sempre visto que a<br />
polícia tem o poder iníquo de interromper os estu<strong>do</strong>s de gravura e meter toda uma<br />
academia na Detenção. Já li que se trata de demolir caracteres, e também que a<br />
autoridade está atacan<strong>do</strong> o capital. Eu, em se me falan<strong>do</strong> esta linguagem, fico <strong>do</strong><br />
la<strong>do</strong> <strong>do</strong> capital e <strong>do</strong>s caracteres. Que pode, sem eles, uma sociedade<br />
Um cria<strong>do</strong> meu, que perdeu tu<strong>do</strong> o que possuía na <strong>com</strong>pra de desventuras...<br />
per<strong>do</strong>em-lhe; é um pobre homem que fala mal. Ensinei-lhe a correta pronúncia de<br />
debêntures, mas ele disse-me que desventuras é o que elas eram, desventuras e<br />
patifarias. Pois esse cria<strong>do</strong> também defende o capital; a diferença é que não se<br />
acusa a si de atacar o <strong>do</strong>s outros. e sim aos outros de lhe terem leva<strong>do</strong> o seu.<br />
Quanto aos caracteres, enten<strong>do</strong> que, se alguma cousa quer demolir não são os<br />
caracteres, mas as próprias caras, que são os caracteres externos, e não o faz por<br />
me<strong>do</strong> da polícia.<br />
Lê tu<strong>do</strong> o que os jornais publicam, este homem. Foi ele que me deu notícia da<br />
nova denúncia contra a Geral; ele chama-lhe nova. não sei se houve outra. Contou-<br />
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