09.01.2015 Views

Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mun<strong>do</strong>, é porque espero encontrá-los no outro, onde já nos aguardam os xaropes <strong>do</strong><br />

Bosque e de outras partes. Lá irá ter o grande Kneipp, e anos depois o kneippismo.<br />

pela regra de que primeiro morrem os autores que as invenções. Há mais de um<br />

exemplo na filosofia e na farmácia.<br />

Não tireis da última frase a conclusão de cepticismo. Não achareis linha<br />

céptica nestas minhas conversações <strong>do</strong>minicais. Se destes <strong>com</strong> alguma que se<br />

possa dizer pessimista, adverte que nada há mais oposto ao cepticismo. Achar que<br />

uma cousa é ruim, não é duvidar deles, mas afirmá-la. O verdadeiro, céptico não crê,<br />

<strong>com</strong>o o Dr. Pangloss. que os narizes se fizeram para os óculos, nem, <strong>com</strong>o eu, que<br />

os óculos é que se fizeram para os narizes; o céptico verdadeiro descrê de uns e de<br />

outros. Que economia de vidros e de defluxos, se eu pudesse ter esta opinião!<br />

Adeus, leitor. Força é deitar aqui o ponto final. A mim, se não fora a<br />

conveniência de ir para s rede, custar-me-ia muito pinear o dito ponto, pelas<br />

saudades que levo de ti. Não há nada <strong>com</strong>o falar a uma pessoa que não interrompe.<br />

Diz-se-lhe tu<strong>do</strong> o que se auer, o ctue va1e e o que não vale, repetem-se-1he as<br />

cousas e os mo<strong>do</strong>s, as frases e as idéias, contradizem-se-lhe as opiniões, e a<br />

pessoa que lê, não interrompe. Pode lançar a folha para o la<strong>do</strong> ou acabar <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>.<br />

Quem escreve não vê o gesto nem o sono, segue caminho e acaba. Verdade é que,<br />

neste momento, adivinho uma reflexão tua. Estás a pensar que o melhor mo<strong>do</strong> de<br />

sair de uma obrigação destas não difere <strong>do</strong> de deixar um baile, que é descer ao<br />

vestiário, enfiar o sobretu<strong>do</strong> e sumir-se no carro ou na escuridão. Isto de empregar<br />

tanto discurso .faz crer que se presumem saudades nos outros, além de ser fora da<br />

etiqueta. Tens razão, leitor; e, se fosse tempo de rasgar esta papelada e escrever<br />

diversamente, crê que o faria; mas é tarde, muito tarde. Demais, a frase final da<br />

outra semana precisava de ser explicada e cumprida; daí to<strong>do</strong>s estes suspiros e<br />

curvaturas. Falei então na confusão da minha alma, e devia dizer em que é que ela<br />

consistia e consiste, e cuja era a causa. A causa está dita; é a natural melancolia da<br />

separação. Adeus, amigo, até a vista. Ou, se queres um jeito de falar mais nosso,<br />

até um dia. Creio que me entendeste, e creio também que me aplaudes, <strong>com</strong>o te<br />

anunciei na semana passada. Adeus!<br />

[209]<br />

[4 novembro]<br />

Entre tais e tão tristes casos da semana, <strong>com</strong>o o terremoto de Venezuela, a<br />

queda <strong>do</strong> Banco Rural e a morte <strong>do</strong> sineiro da Glória, o que mais me <strong>com</strong>oveu foi o<br />

<strong>do</strong> sineiro.<br />

Conheci <strong>do</strong>us sineiros na minha infância, aliás três, – o Sineiro de S. Paulo,<br />

drama que se representava no Teatro S. Pedro, – o sineiro da Notre Dame de Paris,<br />

aquele que fazia um só corpo, ele e o sino, e voavam juntos em plena Idade Média,<br />

e um terceiro, que não digo, por ser caso particular. A este, quan<strong>do</strong> tornei a vê, era<br />

caduco. Ora, o da Glória, parece ter lança<strong>do</strong> a barra adiante de to<strong>do</strong>s.<br />

Ouvi muita vez repicarem, ouvi <strong>do</strong>brarem os sinos da Glória, mas estava<br />

longe absolutamente de saber quem era o autor de ambas as falas. Um dia cheguei<br />

a crer que andasse nisso eletricidade. Esta força misteriosa há de acabar por entrar<br />

na igreja e já entrou, creio eu, em forma de luz. O gás também já ali se estabeleceu.<br />

A igreja é que vai abrin<strong>do</strong> a porta as novidades, desde que a abriu a cantora de<br />

sociedade ou de teatro, para dar aos solos a voz de soprano, quan<strong>do</strong> nós a<br />

tínhamos trazida por D. João VI, sem despir-1he as calças. Conheci uma dessas<br />

vozes, pessoa velha, pálida e desbarbada; cantan<strong>do</strong>, parecia moça.<br />

205

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!