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Baixe o PDF do Livro! - Mensagens com Amor

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parte, já fizera testamento, não saben<strong>do</strong> se voltaria para casa, visto que a existência<br />

dependia agora de uma bala fortuita. Gostei de ouvi-lo. Era o contraste judicioso e<br />

melancólico <strong>do</strong> primeiro. Quan<strong>do</strong> ele se despediu, perguntei a um terceiro: "Quem é<br />

este senhor" — "É um tabelião", respondeu-me.<br />

Assim vai o mun<strong>do</strong>. Nem sempre o cidadão mata o homem. E Bruto, o<br />

cidadão, também é homem, diz um verso de Garret. Deixem-me acrescentar, em<br />

prosa, que o homem é muitas vezes mulher, por esse vício de curiosidade que<br />

her<strong>do</strong>u da nossa mãe Eva, — outra ilustre banalidade. É a segunda que digo hoje.<br />

Rigorosamente, devia parar aqui; mas então não falaria das emissões particulares<br />

que estão aparecen<strong>do</strong> em Joinville, Catuguases e Campos. A Gazeta anteontem,<br />

transcreveu três notas campistas, e indignou-se. Prova que é mais moça que eu. Há<br />

muitos anos, 1868 ou 1869, lembro-me bem ter visto em Petrópolis bilhetes de<br />

emissões particulares, não impressos, mas ingenuamente manuscritos. Não traziam<br />

filetes nem emblemas; não se davam ao escrúpulo <strong>do</strong>s números de série. Vale tanto,<br />

ou vale isto, mais nada. Não posso afirmar <strong>com</strong> segurança se ainda se conhecia a<br />

origem de alguns; mas creio que sim.<br />

Esta questão prende <strong>com</strong> uma teoria, que reputo verdadeira, a saber, que o<br />

direito de emitir é individual. Cada homem pode pôr em circulação o número de<br />

bilhetes que lhe parecer. Serão aceitos até onde for a confiança. O crédito<br />

responderá pelo valor. Nesta hipótese, melhor é o manuscrito que o impresso;<br />

porque o impresso é de to<strong>do</strong>s, e o manuscrito é meu. Entendam-me bem. Não<br />

admiro a cláusula forçada da troca <strong>do</strong> bilhete por outro, prata ou papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;<br />

seria rebaixar a uma permuta de cousas tangíveis uma operação que deve repousar<br />

pura e simplesmente no crédito, "essa alavanca <strong>do</strong> progresso e da civilização", para<br />

falar <strong>com</strong>o o meu cria<strong>do</strong>. Isto posto, a sociedade terá acha<strong>do</strong> o eixo que perdeu<br />

desde a morte <strong>do</strong> feudalismo. A fome morrerá de fome. Ninguém pedirá, to<strong>do</strong>s<br />

darão.<br />

Não me acordeis, se é sonho. Mas não é sonho. Vejo mais que to<strong>do</strong>s vós que<br />

vos supondes acorda<strong>do</strong>s. Se descreis disto, chegareis a descrer <strong>do</strong> espiritismo,<br />

perdereis a própria razão. Que radioso paraíso! Nesse dia, o tempo será aquele<br />

mesmo relógio que o poeta americano pôs na escada <strong>do</strong>s seus versos; mas a<br />

pêndula não baterá mais que amor, paz e abundância, <strong>com</strong> esta pequena alteração<br />

<strong>do</strong> estribilho:<br />

Ever — forever!<br />

Forever — ever!<br />

[128]<br />

[119 novembro]<br />

Um dia destes, len<strong>do</strong> nos diários alguns atesta<strong>do</strong>s sobre as excelência s <strong>do</strong><br />

xarope Cambará, fiz lima observação tão justa que não quero furtá-la aos<br />

contemporâneos, e porventura aos pósteros. Verdadeiramente, a minha observação<br />

é um problema, e, <strong>com</strong>o o de Hamlet, trata da vida e da morte. Quan<strong>do</strong> a gente não<br />

pode imitar os grandes homens, imite no menos as grandes ficções.<br />

E por que não hei de eu imitar os grandes homens Conta-se que Xerxes,<br />

contemplan<strong>do</strong> um dia o seu imenso exército, chorou <strong>com</strong> a idéia de que, ao cabo de<br />

um século, toda aquela gente estaria morta. Também eu contemplo, e choro, por<br />

efeito de igual idéia; o exército é que é outro. Não são os homens que me levam à<br />

melancolia persa, mas os remédios que os curam. Miran<strong>do</strong> os remédios vivos e<br />

eficazes, faço esta pergunta a mim mesmo: Por que é que os remédios morrem<br />

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