João LuÃs Nabo - Index of - Universidade de Évora
João LuÃs Nabo - Index of - Universidade de Évora
João LuÃs Nabo - Index of - Universidade de Évora
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
provavelmente menos informados, a acreditar que o autor estava <strong>de</strong> acordo com as experiências do<br />
protagonista 649 . De facto, Ellis cria no leitor uma ilusão da realida<strong>de</strong> ao mesmo tempo que, utilizando<br />
uma expressão <strong>de</strong> Lodge, comanda “the willing suspension <strong>of</strong> the rea<strong>de</strong>r’s disbelief.” 650 A utilização<br />
do presente do indicativo e <strong>de</strong> um narrador <strong>de</strong> primeira pessoa neste romance acrescenta à narrativa<br />
um estilo confessional, utilizado em alguns tipos <strong>de</strong> “stream-<strong>of</strong>-consciousness fiction, where it is<br />
called interior monologue.” 651 Como alerta David Lodge, “the most common kind <strong>of</strong> first-person novel<br />
is still the fictious autobiography or confession.” 652 Cria-se <strong>de</strong>sta forma uma ligação entre todo o<br />
conteúdo <strong>de</strong> American Psycho e a epígrafe com um excerto <strong>de</strong> Dostoievski, apresentada por Ellis antes<br />
do início do primeiro capítulo: “Both the author <strong>of</strong> these Notes and the Notes themselves are, <strong>of</strong><br />
course, fictional.” 653<br />
5.2.3.2. Pat não é Bret<br />
I i<strong>de</strong>ntified with Patrick Bateman initially because in a<br />
lot <strong>of</strong> ways he was like me. He was young, he was<br />
successful, he lived a certain kind <strong>of</strong> lifestyle, and so in<br />
that respect I saw him <strong>of</strong>ten as myself. That’s why I<br />
consi<strong>de</strong>r the novel autobiographical. 654<br />
Bret Easton Ellis, “An Interview with Bret Easton Ellis”<br />
Partimos dos textos <strong>de</strong> Ellis e das entrevistas concedidas aos media com o objectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir<br />
se o escritor, sendo her<strong>de</strong>iro directo da tradição literária Gótica Norte-Americana, utilizou Patrick<br />
Bateman como uma projecção do autor, <strong>de</strong> forma a exorcizar esteticamente os seus fantasmas e a<br />
objectivar o seu lado negro através <strong>de</strong> um Duplo. A i<strong>de</strong>ntificação com Patrick Bateman é assumida<br />
pelo escritor, mas num enquadramento muito específico e justificado. Ellis tinha percorrido os locais<br />
escolhidos para cenário da acção e convivera com o tipo <strong>de</strong> pessoas que retrata em American Psycho.<br />
Para o autor era indispensável enten<strong>de</strong>r os motivos que levavam Bateman a comportamentos múltiplos<br />
649 Ibi<strong>de</strong>m.<br />
650 David Lodge, Consciousness and the Novel, p. 87.<br />
651 Ibi<strong>de</strong>m. p. 35.<br />
652 David Lodge, Consciousness and the Novel, p. 82.<br />
653 Apud Bret Easton Ellis, American Psycho, s/ p.<br />
654 Bret Easton Ellis, entrevista a Jamie Clark, acedido em 24/04/07, em:<br />
http://www.geocities.com/Athens/Forum/8506/Ellis/clarkeint2.html.<br />
148