14.11.2012 Views

João Luís Nabo - Index of - Universidade de Évora

João Luís Nabo - Index of - Universidade de Évora

João Luís Nabo - Index of - Universidade de Évora

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ligação estreita da American Novel à Nação Americana, porque é no romance que se projectam as<br />

preocupações obsessivas da vida nacional. Explica este autor que a Literatura Americana é muitas<br />

vezes uma câmara <strong>de</strong> horrores, disfarçada <strong>de</strong> feira popular on<strong>de</strong> os americanos são confrontados “with<br />

a series <strong>of</strong> inter-reflecting mirrors which present us with a thousand versions <strong>of</strong> our own face.” 284<br />

Neste sentido, o crítico acaba por <strong>de</strong>finir o Romance Americano como “pre-eminently a novel <strong>of</strong><br />

terror.” 285 Para Louis Gross, tal conclusão encontra justificação no facto <strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> terem imaginado<br />

um país on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem libertar-se dos terrores do passado, os Founding Fathers encontraram “an<br />

equally mysterious, even <strong>de</strong>monic landscape which invited combat.” 286 Complementando esta<br />

caracterização do espaço americano e a sua influência no romance Gótico, Richard Dimaggio refere:<br />

“The excursion into the hostile wil<strong>de</strong>rness frequently resembles the perilous journey <strong>of</strong> the Gothic<br />

quest: the voyage into a haunted, ominous, and horrific realm <strong>of</strong> labyrinth and maze.” 287<br />

Os autores americanos dos primórdios do Gótico manifestaram claramente estas novas<br />

preocupações nas suas narrativas. Charles Brock<strong>de</strong>n Brown, autor <strong>de</strong> Wieland (1798), retrata-nos o<br />

medo e a influência das superstições do povo americano, não em castelos longínquos, mas no espaço<br />

americano seu contemporâneo 288 . Poe e Hawthorne, por sua vez, transportam para as suas obras<br />

preocupações <strong>de</strong> outra or<strong>de</strong>m, embora perfeitamente enquadradas no espírito Gótico, já afastado do<br />

Europeu. Daí que David Punter refira a preferência <strong>de</strong> Poe em tratar temas que tenham por base<br />

situações psicologicamente mórbidas, enquanto Hawthorne é consi<strong>de</strong>rado o primeiro escritor<br />

americano a mostrar os males do Puritanismo, igualmente causador <strong>de</strong> fragmentações e<br />

duplicida<strong>de</strong>s 289 . Nas narrativas <strong>de</strong>ste autor, o campo <strong>de</strong> acção <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser concebido e entendido como<br />

um espaço físico on<strong>de</strong> os acontecimentos se <strong>de</strong>senrolam, sendo consi<strong>de</strong>rado, segundo Richard Chase<br />

em The American Novel and its Tradition (1980), um estado <strong>de</strong> espírito, um território <strong>de</strong> fronteira<br />

on<strong>de</strong> o real e imaginário se misturam 290 . As novas fontes <strong>de</strong> terror, comuns nas narrativas americanas,<br />

são, como já referimos, a floresta e o espaço selvagem (wil<strong>de</strong>rness), a aguardarem a chegada dos<br />

pioneiros. Para além <strong>de</strong>stes referentes espaciais, a Casa é outro lugar fulcral on<strong>de</strong> <strong>de</strong>corre a acção em<br />

obras como, por exemplo, The House <strong>of</strong> the Seven Gables (1851) <strong>de</strong> Hawthorne, “The Fall <strong>of</strong> the<br />

House <strong>of</strong> Usher” (1839) <strong>de</strong> Poe, The Shining <strong>de</strong> Stephen King e Lunar Park <strong>de</strong> Bret Easton Ellis.<br />

Aliada a estes novos espaços físicos, vamos ainda encontrar a mente das personagens, perseguidas por<br />

um passado que se recusam a aceitar, vítimas <strong>de</strong> uma consciência pessoal ou colectiva e dos conflitos,<br />

aparentemente sem solução. Estas adaptações que a American Novel foi s<strong>of</strong>rendo reflectem as<br />

284 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

285 Ibi<strong>de</strong>m, p. 26.<br />

286 Louis S. Gross, Re<strong>de</strong>fining the American Gothic, from Wieland to Day <strong>of</strong> the Dead, p. 89.<br />

287 Richard Sam Dimaggio, The Tradition <strong>of</strong> the American Gothic Novel, p. 62.<br />

288 David Punter, The Literature <strong>of</strong> Terror, p. 193.<br />

289 Ibi<strong>de</strong>m, p. 198.<br />

290 Richard Chase, The American Novel and its Tradition, p. 19.<br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!