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João Luís Nabo - Index of - Universidade de Évora

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and cruel forces [that] haunt and terrorise the civilised, human world (…), haunted houses, ghosts,<br />

monsters, and the ‘un<strong>de</strong>ad’.” 178 Estes dados levam-nos a reflectir sobre a socieda<strong>de</strong> em geral, sobre a<br />

América do século XXI e, <strong>de</strong> uma forma mais particular, sobre os monstros que habitam <strong>de</strong>ntro do<br />

escritor, das suas personagens e também <strong>de</strong>ntro nós.<br />

Em relação ao perfil das personagens do universo elliano, estas são jovens estudantes (Less<br />

Than Zero, The Rules <strong>of</strong> Attraction, The Informers), yuppies endinheirados (American Psycho),<br />

mo<strong>de</strong>los, actores e escritores (Glamorama e Lunar Park), que mostram ser, através <strong>de</strong> concretizações<br />

diferentes, personagens perturbadas, com comportamentos <strong>de</strong>sviantes, que se movimentam em<br />

contextos caóticos <strong>de</strong> transgressão e <strong>de</strong> perversão social e sexual. A utilização <strong>de</strong>ssas personagens<br />

como narradores das suas próprias histórias confere-lhes uma posição <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e um estatuto <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> com o leitor. Desta forma, o leitor encara-as como fiáveis em relação aos<br />

acontecimentos que narram, havendo a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las ser entendida como uma<br />

extensão, um alter-ego ou um Duplo do próprio escritor, tendo como base a sua vida e, sobretudo, as<br />

suas experiências mais negativas. No romance American Psycho, Ellis cria um tipo <strong>de</strong> personagem<br />

com comportamentos ambivalentes, produto <strong>de</strong> uma pr<strong>of</strong>unda duplicida<strong>de</strong>, que provoca no leitor<br />

constantes sentimentos <strong>de</strong> terror: as <strong>de</strong>scrições das cenas <strong>de</strong> violência, <strong>de</strong> crime e violação são<br />

fortíssimas, cruas, realistas, e a personagem Patrick Bateman é a prova <strong>de</strong> que nenhum cidadão está<br />

acima <strong>de</strong> qualquer suspeita. A utilização do narrador <strong>de</strong> primeira pessoa é, neste caso concreto, a<br />

estratégia i<strong>de</strong>al para provocar na mente do leitor a suposição <strong>de</strong> que Bateman é o porta-voz do autor.<br />

A reflexão sobre o próprio acto criativo, sobre a atitu<strong>de</strong> perante a obra criada ou em plena<br />

criação, e a assunção do texto ao serviço da consciência do indivíduo foram necessida<strong>de</strong>s manifestadas<br />

pelos textos mo<strong>de</strong>rnistas e pós-mo<strong>de</strong>rnistas, com o propósito <strong>de</strong> objectivar, através da literatura, o caos<br />

que domina a “era da paranóia”. Noam Chomsky, citado por David Lodge, afirmou: “‘It is quite<br />

possible (…) that we will always learn more about human life and personality from novels than from<br />

scientific psychology.’” 179<br />

178 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

179 Apud David Lodge, Consciousness and the Novel, p. 10.<br />

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