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João Luís Nabo - Index of - Universidade de Évora

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life, can it also become life?” 700 Ou, como se interrogou Ellis em Lunar Park, para se <strong>de</strong>sfazer o que se<br />

fez através da escrita, basta reescrever?<br />

Neste confronto com o passado, com o presente e com a sua escrita, Ellis vê-se projectado ao<br />

longo da narrativa em várias personagens, todas Duplos do escritor: a personagem-narrador Bret<br />

Easton Ellis, que passaremos a <strong>de</strong>signar por “Ellis”; o pai, Robert Ellis; o filho, Bobby; o boneco<br />

monstruoso, Terby; e Clay e Patrick Bateman, personagens <strong>de</strong> outros romances. Como Ellis confessa,<br />

“these are the things that Bret Ellis is haunted by – I was haunted by Patrick Bateman; I was haunted<br />

by my dad; by things that I had written when I was younger.” 701<br />

Tal como acontecia em American Psycho, o estado <strong>de</strong> embriaguez <strong>de</strong> “Ellis”, bem como a sua<br />

<strong>de</strong>pendência das drogas, levam o próprio protagonista a <strong>de</strong>sconfiar da sua própria narrativa, não<br />

po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rado um narrador fiável. Contudo, neste romance em particular, o escritor não se<br />

mostra preocupado com essa ausência <strong>de</strong> reliability ou com a falta <strong>de</strong> idoneida<strong>de</strong> moral dos seus<br />

Duplos. O que se torna fundamental no romance é a construção ficcional <strong>de</strong> vários monstros, tanto<br />

personagens como textos perturbadores, on<strong>de</strong> possa objectivar o seu lado negro. Estes Duplos <strong>de</strong> Ellis,<br />

ou das suas obras, funcionam mais como símbolos e menos como elementos lógicos <strong>de</strong> uma história<br />

<strong>de</strong> terror, que <strong>de</strong>veria obe<strong>de</strong>cer a <strong>de</strong>terminados cânones. Embora Ellis, tal como Poe nos seus contos,<br />

informe o leitor da serieda<strong>de</strong> e verosimilhança do texto que vai ler, no caso <strong>de</strong> Lunar Park, o leitor<br />

<strong>de</strong>verá assumir uma atitu<strong>de</strong> diferente: não manifestar preocupação em distinguir a ficção da realida<strong>de</strong>,<br />

porque o que é importante não é o que vai ser contado, mas o simbolismo que essa narrativa contém.<br />

Ned Sears viu neste romance características re<strong>de</strong>ntoras para um autor em busca <strong>de</strong> exorcismo:<br />

The narrative shifts seamlessly from scary to sweet, from disturbing to touching, from awful<br />

to beautiful. In the process, Ellis reveals the source <strong>of</strong> the bitter anguish that produced and<br />

marked his previous work. It seems that Ellis - whose “American Psycho” was so gruesome<br />

and misogynistic that Simon & Schuster refused to publish it on grounds <strong>of</strong> taste - sincerely<br />

may be seeking re<strong>de</strong>mption. 702<br />

5.3.1 O Nome do Protagonista-narrador<br />

700 Christine Thomas, “Ellis writes himself into suburbs”, acedido em 25/04/08, em: http://www.sfgate.com/cgibin/article.cgi?f=/chronicle/reviews/books/LUNAR_PARK.DTL.<br />

701 Bret Easton Ellis, in “Behind Bret's mask” (10/10/2005), acedido em 17/02/06, em:<br />

http://www.manchesteronline.co.uk/entertainment/arts/literature/comments/view.html?story_id=177300.<br />

702 Ned Sears, “Lunar Park” (08/14/2005), acedido em 28/05/08, em:<br />

http://www.stltoday.com/stltoday/entertainment/reviews.nsf/book/story.<br />

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