João LuÃs Nabo - Index of - Universidade de Évora
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Duplos, produtos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sintegração psicológica que conduziu Ellis, o autor, a perseguir-se a si<br />
próprio, através <strong>de</strong> várias entida<strong>de</strong>s, “all <strong>of</strong> them commenting madly on one another.” 807<br />
5.3.4. The Fall <strong>of</strong> the House <strong>of</strong> Ellis<br />
What was it – I paused to think –what was it<br />
that so unnerved me in the contemplation <strong>of</strong> the<br />
House <strong>of</strong> Usher?” 808<br />
Edgar Allan Poe, “The Fall <strong>of</strong> the House <strong>of</strong> Usher”<br />
Na Literatura Gótica Norte-Americana, a Casa é um espaço fulcral, fonte e lugar <strong>de</strong> mistérios e<br />
conflitos, funcionando como correlativo objectivo do estado <strong>de</strong> espírito e das perturbações vividas<br />
pelos seus habitantes, vítimas das suas mentes em fragmentação. Um dos exemplos mais clássicos e<br />
paradigmáticos da intensa ligação entre o espaço e as personagens é o conto “The Fall <strong>of</strong> the House <strong>of</strong><br />
Usher” (1839) <strong>de</strong> Edgar Allan Poe, já referido neste trabalho. A <strong>de</strong>gradação da mente <strong>de</strong> Ro<strong>de</strong>rick<br />
Usher, “pre<strong>de</strong>stinado a s<strong>of</strong>rer uma maldição” 809 , é acompanhada pari passu pela <strong>de</strong>cadência da<br />
mansão, que acaba por ser engolida pelas águas do lago, guardando para sempre os seus terríveis<br />
segredos. Igualmente enquadrada na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> correlativo objectivo, apresentada T. S. Eliot em<br />
Hamlet 810 , a Casa <strong>de</strong> Elsinore Lane assume também esse estatuto, estando o edifício pr<strong>of</strong>undamente<br />
ligado às emoções vividas pelo protagonista, funcionando como Duplo da sua mente em progressiva<br />
alienação e, ao mesmo tempo, como instrumento provocador <strong>de</strong>ssa alienação.<br />
A casa on<strong>de</strong> vive “Ellis” com a família, um espaço carregado <strong>de</strong> simbolismo, fica situada numa<br />
zona, cujo nome nos remete para a tragédia <strong>de</strong> William Shakespeare, Hamlet (1603), on<strong>de</strong>, no castelo<br />
<strong>de</strong> Elsinore, o fantasma do rei aparece ao filho, clamando vingança. Depois <strong>de</strong> um alerta para essa<br />
analogia na epígrafe inicial do romance, retirada do texto da tragédia, <strong>de</strong>scobrimos que, para além da<br />
zona on<strong>de</strong> mora o protagonista, há também um conjunto <strong>de</strong> topónimos que nos sugerem outros<br />
referentes daquela tragédia <strong>de</strong> Shakespeare, on<strong>de</strong> são narrados acontecimentos terríveis, <strong>de</strong> certa forma<br />
análogos aos que “Ellis” se prepara para contar. Tal como o castelo <strong>de</strong> Elsinore, na Dinamarca, não<br />
representava segurança para alguns dos seus moradores, também “Ellis” começou a notar, no <strong>de</strong>correr<br />
807 M. John Harrison, “Down Elsinore Lane” (23/10/2005), acedido em 10/05/08, em:<br />
http://www.powells.com/review/2005_10_23.html.<br />
808 Edgar Allan Poe, “The Fall <strong>of</strong> the House <strong>of</strong> Usher”. In Edgar Allan Poe Selected Writings, p. 138.<br />
809 Maria Antónia Lima, Terror na Literatura Norte-Americana, p. 328, Vol. 2.<br />
810 T. S. Eliot, “Hamlet”. In Essays, p. 145.<br />
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