BIOMA MATA ATLÂNTICANa primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XX, a população humana continuou a crescer <strong>de</strong> formaacentua<strong>da</strong> na região <strong>da</strong> Mata Atlântica. Entre 1900 e 1950 a população <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste cresceu <strong>de</strong>aproxima<strong>da</strong>mente 7 para 22 milhões <strong>de</strong> pessoas (DEAN, 1996).No início <strong>do</strong>s anos 30, Getúlio Vargas <strong>de</strong>cretou uma série <strong>de</strong> códigos regulamentan<strong>do</strong> um novo códigoflorestal conten<strong>do</strong> um embrião <strong>do</strong> que temos <strong>de</strong> legislação ambiental hoje, e em 1937, foi <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> naEcorregião <strong>Serra</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong>, o Parque Nacional <strong>de</strong> Itatiaia, primeira uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sse tipo <strong>do</strong> Brasil.O surgimento <strong>da</strong> industrialização no Brasil iniciou o processo <strong>de</strong> transformação <strong>da</strong> economianacional, acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma intensa migração rural em direção às ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> setransformou, concentran<strong>do</strong>-se ca<strong>da</strong> vez mais nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. No entanto, para a Mata Atlântica, estastransformações não significaram alívio <strong>da</strong>s pressões socioeconômicas: estima-se que em 1948,a lenha e o carvão representavam 79% <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a energia consumi<strong>da</strong> no país, e quase to<strong>da</strong> estalenha vinha <strong>de</strong> florestas nativas (DEAN, 1996).© WWF-Brasil / Gustavo Accacio
Visão <strong>de</strong> Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Ecorregião <strong>Serra</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong>45Em 1961, o presi<strong>de</strong>nte Jânio Quadros <strong>de</strong>clarou to<strong>da</strong> a <strong>Serra</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong>, <strong>do</strong> Espírito Santo até oRio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, como “florestas protetoras” <strong>de</strong> mananciais e solos. Em 1967 um novocódigo florestal foi promulga<strong>do</strong>, ratifican<strong>do</strong> a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sobre as florestasparticulares e restabelecen<strong>do</strong> penali<strong>da</strong><strong>de</strong>s criminais por infrações. Estendia tambéma proteção a outros tipos <strong>de</strong> vegetação, incluin<strong>do</strong> florestas <strong>de</strong> galeria e manguezais, esimplificava a classificação <strong>da</strong>s florestas.Ao final <strong>de</strong> 1973, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> crescimento econômico conheci<strong>do</strong> por “milagreeconômico” foi abala<strong>do</strong> com a crise internacional <strong>do</strong> petróleo. Uma série <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>sfoi toma<strong>da</strong>, com eleva<strong>do</strong>s custos ao meio ambiente e à Mata Atlântica. O programaPROALCOOL rapi<strong>da</strong>mente tornou-se causa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento e a expansão <strong>da</strong>cana <strong>de</strong> açucar foi responsável por quase meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>sflorestamento <strong>da</strong> mata primáriaocorri<strong>do</strong> entre 1962 e 1984 (DEAN, 1996). No entanto, o mais prejudicial <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estesprogramas para a região <strong>da</strong> Mata Atlântica foi a implantação <strong>da</strong> matriz hidrelétrica. Em 1992,269 usinas hidrelétricas haviam inun<strong>da</strong><strong>do</strong> 17.130 km 2 na região su<strong>de</strong>ste <strong>da</strong> Mata Atlântica,oitenta e oito usinas já haviam si<strong>do</strong> <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong>s, e outras, em construção, inun<strong>da</strong>riam mais10 mil km 2 (DEAN, 1996). Em 2010, os empreendimentos hidrelétricos em operação já somam537 e 51 estão na fase <strong>de</strong> construção (ANEEL, 2010).Também em mea<strong>do</strong>s <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70 aespeculação imobiliária passou a ameaçar a faixa litorânea. Nesta época, a população urbana<strong>da</strong> Mata Atlântica chegava a 62 milhões <strong>de</strong> pessoas (DEAN, 1996).A revisão <strong>do</strong> primeiro Atlas <strong>de</strong> remanescentes <strong>da</strong> Mata Atlântica, publica<strong>do</strong> pela Fun<strong>da</strong>çãoSOS Mata Atlântica (1990), mostra que em 1985 apenas 9,12% <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio original <strong>da</strong> MataAtlântica estavam cobertos com floresta primária ou secundária. Em 1990 este valor era <strong>de</strong>8,8% e em 1995 <strong>de</strong> 7,3%. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006 a contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> era <strong>de</strong> apenas 6,98% <strong>de</strong>mata remanescente, com 5% concentra<strong>do</strong>s na Ecorregião <strong>Serra</strong> <strong>do</strong> Ma r (Figura 6).Figura 6Remanescentes florestais <strong>da</strong> Ecorregião<strong>da</strong> <strong>Serra</strong> <strong>do</strong> <strong>Mar</strong> no ano <strong>de</strong> 2000 (Fonte:SOS Mata Atlântica).UNIR PARA CONSERVAR A VIDA