Carta ao AFRICOM No. 1 - Air & Space Power Chronicle
Carta ao AFRICOM No. 1 - Air & Space Power Chronicle
Carta ao AFRICOM No. 1 - Air & Space Power Chronicle
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
52 AIR & SPACE POWER JOURNALrecente na mente de muitos. Além disso, asimagens da Operação Liberdade do Iraque eda contrainsurgência em curso no Iraque continuarãoa ser relevantes na África por muitotempo, ilustrando a intenção suspeita de colonialismo.Assim, é melhor combinar operaçõespolíticas e de desenvolvimento que colocam ocomponente militar em segundo plano. Devemosmanter em mente que as lutas e guerrasde libertação continuam vivas nas mentes demuitos líderes africanos e, os Estados Unidos,muitas vezes, estiveram no lado “errado” doconflito. Durante a Guerra Fria, apoiaram ogoverno da maioria branca na África do Sul,receando que o Congresso Nacional Africano(ANC) possuia tendências comunistas. Agora,o ANC, eleito democraticamente, retém o podere muitos dentro do partido lembram aquem apoiávamos. Os Estados Unidos tambémapoiaram Portugal em sua tentativa malogradacontra a luta de libertação de Moçambique eAngola. Em seguida, apoiaram os movimentosinsurgentes impopulares, mas “anticomunistas”:a RENAMO em Moçambique e UNITA emAngola. As gerações de líderes africanos mudam,mas lembram dos Estados Unidos maiscomo defensor do status quo colonial do quecomo potência anticolonial.O sul-africano Abel Esterhuyse observa quea criação do <strong>AFRICOM</strong> norte-americano “écompelido por considerações negativas naÁfrica e não por interesses positivos”, o quepossivelmente inclui a rivalidade, de renovadovigor, entre os Estados Unidos e a China,como durante a Guerra Fria. 7 Esse temor destacaa importância do <strong>AFRICOM</strong>, colocandoênfase nos três pilares: militar, político e desenvolvimentista.A rivalidade entre os EstadosUnidos e a China em desenvolvimento (talvezpolítico) seria usada por nações africanas paraavançar as próprias aspirações e melhorar aeconomia. Contudo, a concorrência militarprovavelmente conduzirá apenas à militarizaçãoe destruição como durante os conflitos daGuerra Fria.Local: Adis AbebaQuando levamos em consideração a históriarecente da África independente, o quartelgeneraldo <strong>AFRICOM</strong> deveria estar localizadoem Adis Abeba, Etiópia. As brigas intra-africanasde lado, esta cidade é o foco da busca pelaindependência e unificação. A Etiópia nuncafoi colonizada. O verde, amarelo e vermelhoda bandeira são as cores pan-africanas reconhecidas.A cidade melhor incorpora o conceitode “África” como um só continente comseus próprios interesses. Os países escolheramessa cidade como a sede da Organização daUnidade Africana em 1963 e da organizaçãosucessora, a União Africana (AU), em 2001. Apolítica norte-americana apoia o empenhoregional e pan-africano da União Africana,inclusive as tentativas de manutenção da paz.Em prática, as relações entre os EstadosUnidos e a Etiópia são boas, o que facilitaria oestabelecimento de sede nascente. Certamente,pode-se argumentar que a infraestrutura dopaís não comportaria facilmente grande estruturade comando. Entretanto, a sede nãonecessita ser organização de grande porte,apenas de tamanho suficiente para proporcionarinteração eficaz com a União Africana.Várias embaixadas já lá se encontram. Assim,outra estrutura do mesmo tamanho seria bemassimilada. O comandante civil do <strong>AFRICOM</strong>deve ser o embaixador dos EUA na UniãoAfricana. Tal diplomata não só representari<strong>ao</strong>s Estados Unidos no Continente, mas, comoexposto acima, é também civil e coloca emrelevo a tradição americana de controle civildos militares. Contudo, a nomeação de diplomatapara liderar uma organização paramilitarrequer ação do Congresso ou Presidente,bem como mudança de leis. Não é novo conceito,já que tanto o Presidente quanto o Secretáriode Defesa, os dois principais líderesdas forças armadas, são civis. Enquanto a sededo <strong>AFRICOM</strong> estaria localizada em AdisAbeba, os vários subcomponentes diplomático,militar e de desenvolvimento seriam distribuidospor todo o Continente para estaremmais próximos <strong>ao</strong>s grupos regionais, sendoassim mais funcionais. Todos os subcomponentesmilitares seriam necessariamente justapostos<strong>ao</strong>s elementos diplomáticos e de desenvolvimento,destacando a cooperação e asupervisão civis. Em níveis mais baixos, oscomponentes militares, de forma ideal, esta-