62 AIR & SPACE POWER JOURNALSinopse doConflitoSuposiçõesPrincipaisSemelhanças àIntervenção Militarem DarfurDiferenças do Conflitoem DarfurAOperaçãoProvideComfort(Iraque)Ampla coalizão denaçõesdefenderam osrefugiados Kurdosde forçasiraquianas eauxiliaram seuregresso seguro<strong>ao</strong> Kurdistão.Operação similarauxiliaria osrefugiados deDarfur no Tchad.As coalizões internacionaisconfrontaramgovernos incompetentesque usavamidentidade racista,étnica para dividir,controlar e oprimir apopulação.O retorno de refugiados doDarfur não é de vital interesse<strong>ao</strong>s E.U.A. e Aliados.A comunidade internacionalnão demonstrou desejo oucapacidade de aplicar força deforma eficaz no Sudão.AOperaçãoDenyFlight(Bósnia)AOperaçãoAlliedForce(Kosovo)Sanções econômicas,indiciamentosjurídicos e ataquesaéreos cronometradosàs ofensivasterrestres muçulmanasecroatas, forçaramMilosevich a negociarcom a OTAN.Embora sem sofrerbaixas em combate,enorme operaçãoaérea forçouMilosevic a retiraras forças Sérviasde Kosovo.Ataques aéreose indiciamentosoportunosapoiam negociaçõespara cessarfogo em DarfurA potência aéreapode extrair concessõescombaixo custo esem forte compromentimentode forças terrestres.Baixo interesse estratégico,objetivosopostos da coalizão eprotagonistas nãoestataiselusivos pousavamgrandes problemaspara acoerção dos governosem pautaAs coalizões usavamdois mecanismos decoerção: denegaçãoe erosão da base depoder.As coalizões usavamtrês instrumentoscoercivos: potênciaaérea, sanções econômicase isolamentopolítico.O objetivo dos habitantes deDarfur não é a independênciamas proteção física, acessopolitico e maior quinhão dariqueza nacional.As inquietudes relacionadas<strong>ao</strong> conflito de Darfur estãosubordinadas à resolução daguerra civil entre o <strong>No</strong>rte e oSul.O Sudão não possui economiaindustrial avançada sensívela ataques aéreos.O Sudão em 2009 não estátão politicamento isoladocomo a Sérvia nos anos 90.Figura 2. Similaridades e Diferenças entre Darfur e operações humanitárias análogasAs forças da coalizão, em reação, defenderamcom êxito os refugiados Kurdos das forças doIraque, auxiliaram seu retorno à zona segurano Iraque Setentrional e transportaram quantidadesenormes de suprimentos humanitáriosà região. Uma suposição essencial emergedessa campanha: uma operação similar poderiaauxiliar os refugiados de Darfur no Tchade “salvar a vida de africanos”. Entretanto, ascircuntâncias <strong>ao</strong> redor da operação ProvideComfort foram excepcionais e os Estados Unidosverão que será difícil recriar duas condiçõesque tornaram o regresso de refugiadosKurdos <strong>ao</strong> Iraque um sucesso: forte interesseestratégico para solucionar a crise de refugiadose a capacidade demonstrada de uso deforça na região.As Diferenças emInteresses InternacionaisContrário a Darfur, o regresso de refugiadosà sua terra natal, o Iraque, foi de vital in-
COMO SALVAR DARFUR 63teresse <strong>ao</strong>s Estados Unidos e principais Aliados.Os Kurdos fazem parte de grande minoriade descontentos na Turquia e o influxo decentenas de milhares desses refugiados pousavagrande ameaça à segurança. A Turquiapublicamente convidou os Aliados a intervir etambém fechou as fronteiras, encurralandoos refugiados nas montanhas no meio do Inverno.51 Um mês antes, o Presidente GeorgeH. W. Bush havia incitado o povo iraquiano a“tomar as rédeas da situação” e a “forçar SaddamHussein, o ditador, a retirar-se.” 52 Contudo,o apoio material dos Estados Unidos àsubsequente rebelião não ocorreu e as forçasarmadas iraquianas esmagaram os guerrilheirosKurdos com a ajuda de helicópteros armadose bombardeiros caças, em desafio àUNSCR 686. 53 As necessidades de segurançade aliado importante e imagens publicadaspela mídia do sofrimento dos Kurdos compelirama administração a reagir, lançando suprimentosde aviões, somente sete dias após oinício da crise. Dentro de semanas, as forçasde coalizão estabeleceram uma zona de segurançana porção norte do Iraque. Dentro desete semanas, a operação humanitária completamenterepatriou os Kurdos da região dafronteira Turca. 54Em contraste, as justificativas para intervençãoem Darfur são quase completamente humanitárias.Os 250.000 refugiados na fronteiracom Tchad somente pousam ameaça à segurançada região em si e a cobertura do padecimentohumano pela mídia é pouca. <strong>No</strong>ventapor cento das fatalidades em Darfur ocorreramentre 2003 e 2004. As notícias do genocídioquase que desapareceram após a assinaturado CPA pelo Sudão Setentrional e Meridionalem janeiro de 2005, pondo um fim <strong>ao</strong>s 21 anosde guerra civil. 55 Houve um surto de coberturapela mídia antes das Olimpíadas de Verão emBeijing e as eleições presidenciais de 2008.Contudo, o enfoque da cobertura mais recentefoi o indiciamento iminente de al-Bashir peloTPI. 56 A população dos campos de refugiadosestabilizou-se. Entretanto, a segurança associada<strong>ao</strong>s mesmos, continua sendo um problema.Desde janeiro de 2008 os bandidos eagressores mataram 11 trabalhadores humanitários,sequestraram 170 membros de pessoale 225 veículos em Darfur. 57 Apesar da violência,as potências principais não se comprometeramcom recursos militares para manter asegurança dos refugiados e do pessoal humanitáriona região.Talvez o apoio sem brilho de um milhão derefugiados Kurdos que escaparam da Turquia,rumo <strong>ao</strong> Irã esclareça mais a situação. O Irãrecebeu somente um pouco mais da metadeda assistência internacional total para essesrefugiados, apesar de proteger um númeroquase o triplo do da Turquia. 58As Diferenças em CredibilidadeO regime de Saddam não conseguiu colocarobstáculos à volta dos refugiados Kurdos. Aoperação Provide Comfort manteve-se firme e osEstados Unidos e Aliados demonstraram deforma crível a “capacidade e disposição do usode força”. 59 A operação teve início somentedois meses após a operação Desert Storm, comsua campanha aérea devastadora, mutilandoas forças de Saddam. Muitas das armas, soldadose procedimentos continuaram a postospara fazer frente <strong>ao</strong> regime. As forças terrestrestambém estavam disponíveis para distribuirsuprimentos, providenciar segurança e expandira zona segura para o eventual regresso dosrefugiados Kurdos. Os Estados Unidos inseriram5.000 tropas na região e o comandante daforça-tarefa combinada, o Major-BrigadeiroJohn Shalikashvili encontrou-se pessoalmentecom os representantes militares iraquianosque se encontravam a postos <strong>ao</strong> longo da fronteirado Iraque Setentrional para ditar os termosda intervenção e a extensão da zona desegurança. 60 Um dia após a reunião, os FuzileirosNavais em terra, direcionaram ataques aéreossimulados contra posições iraquianas,forçando o abandono da área. 61 As aeronavesda OTAN e 2.500 tropas em alerta no sudesteda Turquia também serviram de dissuasão,quando as agências da ONU e ONGs assumiramresponsabilidade pela distribuição de assistênciahumanitária. 62 A fragilidade das forçasarmadas iraquianas e a integração críveldas forças aéreas e de superfície, americanas ealiadas, contra inimigo convencional foramessenciais <strong>ao</strong> sucesso da operação.