Retorno_a_Historia_Do_Pensamento_Cristao_-_Justo_Gonzalez
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ESCRITURA E TRADIÇÃO<br />
I ' I ,presente ensaio é um convite para que nosso olhar se volte para<br />
*^./o passado. Esse convite, entretanto, exige uma justificativa.<br />
Afinal, o passado pode ser uma carga tão onerosa que nos impede<br />
de enfrentar nossa responsabilidade presente. O passado é tradição.<br />
E já sabemos da difícil luta que alguns de nossos antepassados na fé<br />
tiveram de travar contra a autoridade indevida da tradição.<br />
Se a Reforma protestante do século XVI nos ensinou algo, foi<br />
a necessidade de retomar constantemente às fontes de nossa fé. Os<br />
reformadores descobriram em seus estudos das Escrituras que, de<br />
muitas formas, a fé recebida de seus antepassados havia se esquecido<br />
de alguns dos elementos básicos da fé bíblica e deturpado outros.<br />
Quando anunciaram suas descobertas, foi-lhes respondido que o que<br />
diziam se opunha à tradição da igreja.<br />
A tradição, a história da igreja, transformou-se então em impedimento,<br />
pretexto, regra que se devia obedecer e seguir ao 1er<br />
e interpretar as Escrituras. Por isso, um dos pontos essenciais da<br />
Reforma, sobre o qual houve acordo entre todos os reformadores, é<br />
o da autoridade das Escrituras sobre a tradição'.<br />
Mas, como protestantes que somos, é importante que cuidemos<br />
para não cair na armadilha em que caiu a igreja contra a qual Lutero<br />
e os outros reformadores se rebelaram.<br />
' Isso não significa que os reform adores não tenham tido discordâncias sobre o m odo com o<br />
esse princípio deveria ser aplicado, É de conhecim ento geral que, enquanto o luteranism o e<br />
0 anglicanism o m antiveram o m áxim o possível da tradição, sem pre que não se opusesse aos<br />
ensinam entos claros das E scrituras, a tradição refoim ada foi m ais radical nesse sentido, e a<br />
anabatista m uito m ais ainda.