Retorno_a_Historia_Do_Pensamento_Cristao_-_Justo_Gonzalez
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egiões de língua grega^l Em todo caso, a tradição que Irineu levou<br />
consigo para a Gália refletia aquela que circulava na Ásia Menor<br />
naquela época. Seus precursores teológicos, além de Policarpo, são<br />
o Apocalipse, que inclui uma carta dirigida à igreja em Esmima, o<br />
Quarto evangelho, do qual ele bebe constantemente, e outros espíritos<br />
afins, como Inácio de Antioquia, Teófiilo e — exceto em questões<br />
filosóficas — Justino Mártir.<br />
Ao se comparar Irineu com Tertuliano e Orígenes, o contraste<br />
fica claro. Em primeiro lugar, dos três, apenas Irineu foi pastor de<br />
uma congregação. Se ele resolveu escrever sua teologia, foi porque<br />
certas doutrinas que lhe pareciam falsas ameaçavam o bem-estar<br />
de seu rebanho, ou porque esse rebanho precisava de uma introdução<br />
clara e concisa à fé cristã. Em segundo lugar, Irineu não<br />
foi um escritor prolífico como os outros dois. Legou à posteridade<br />
apenas duas obras principais e alguns poucos fragmentos citados<br />
por autores posteriores.<br />
Por último, Irineu podia reivindicar laços com a tradição subapostólica<br />
muito mais estreitos do que os outros dois. Em Esmirna,<br />
onde transcorreram seus anos de juventude, foi discípulo de<br />
Policarpo, que, por seu turno, fora discípulo de “João” em Éfeso.<br />
Embora não esteja inteiramente claro quem era esse “João”, não<br />
resta dúvida de que a igreja antiga — especialmente na Ásia Menor<br />
— 0 considerava um dos <strong>Do</strong>ze, ou pelo menos um discípulo direto<br />
deles. Aparentemente, Irineu estava convencido de que se tratava<br />
do apóstolo João, com quem tinha vínculo direto através de seu<br />
próprio mestre Policarpo. O historiador Eusébio de Cesareia cita<br />
um dos escritos perdidos de Irineu:<br />
O que se aprende em criança vai crescendo com a alma e<br />
vai se tornando um com ela, tanto que posso inclusive dizer<br />
Seus nom es são gregos, e não gauleses ou rom anos. A. H. M . Jones, em “T he E conom ic<br />
L ife o f the Tow ns o f the R om an E m pire” , Recueils de la SocietéJean Bodin, 1995, p. 182- 83,<br />
estudou a com unidade de com erciantes de Lyon e chegou à conclusão de que m uitos deles<br />
eram provenientes do leste, ou seja, da Á sia M enor e até da Síria. N enhum dos m em bros<br />
cuja origem ele pôde investigar era natural de Lião. L ogo, cabe perguntar por que esses<br />
cristãos abandonaram suas regiões natais e se estabeleceram na G ália. Seria por causa de seus<br />
negócios? Seria porque fugiam da perseguição na Á sia M enor e na Síria? Seria p o r am bas as<br />
razões? C onsiderando-se o estado de nossas fontes, é im possível sabê-lo com certeza.