Retorno_a_Historia_Do_Pensamento_Cristao_-_Justo_Gonzalez
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e coletivo que ia muito além do puramente individual* e, portanto,<br />
aproximava-se da visão do tipo C. Além disso, é necessário lembrar<br />
que Wesley foi um estudioso da teologia patrística e que, em seus<br />
estudos sobre a teologia da igreja antiga, descobriu vários elementos<br />
que até então tinham ficado esquecidos ou pelo menos relegados ao<br />
segundo plano. Mesmo assim, sempre existiu uma facção importante<br />
dentro do metodismo que tentou interpretá-lo em termos do<br />
pietismo continental e, por conseguinte, empobrecê-lo.<br />
Durante o século XIX, a história começou a atrair o interesse<br />
dos teólogos e filósofos. Para entender isso, é preciso voltar ao<br />
século XIII e à reintrodução da filosofia aristotélica na Europa ocidental.<br />
Até então, a teoria platônica do conhecimento, modificada<br />
por Agostinho para fazer dela uma teoria do conhecimento como<br />
iluminação, havia predominado. De acordo com essa teoria, os<br />
sentidos e seus dados têm pouca relação com o verdadeiro conhecimento<br />
e, portanto, o que os sentidos percebem, sejam fenômenos<br />
naturais, sejam históricos, tem pouco valor permanente. Quem<br />
quiser ser verdadeiramente sábio não deve desperdiçar seu tempo<br />
com tais assuntos.<br />
No entanto, a reintrodução de Aristóteles no século XIII ofereceu<br />
à Europa ocidental uma teoria do conhecimento em que os sentidos<br />
desempenhavam um papel importante. Não é por coincidência<br />
que Alberto Magno, o mestre de São Tomás de Aquino, escreveu<br />
não apenas sobre temas teológicos e filosóficos tradicionais, mas<br />
também sobre as ciências naturais. A partir de então, a civilização<br />
ocidental passou, cada vez mais, a se dar conta da importância do<br />
mundo físico e temporal. Mais tarde, a partir do Renascimento, o<br />
rápido desenvolvimento das ciências e da tecnologia produziu a<br />
convicção de que há efetivamente coisas novas e que, portanto, a<br />
história é muito mais do que a narração repetitiva de acontecimentos<br />
sem importância.<br />
Ao chegar o século XIX, a ideia da história tinha se apoderado<br />
da mente ocidental de tal modo que Hegel propôs um sistema filosófico<br />
em que a história era o eixo central do próprio sistema. Embora<br />
* o cristianism o é essencialm ente um a religião social, e transform á-lo num a religião<br />
solitária é destruí-lo” (Sermão 24.5).