Retorno_a_Historia_Do_Pensamento_Cristao_-_Justo_Gonzalez
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itmo em que os produz o mundo “desenvolvido”, por quanto tempo<br />
haveria vida no oceano?<br />
Todas essas perguntas e muitas mais de natureza semelhante<br />
indicam que, do ponto de vista do “Terceiro Mundo” — ou seja, do<br />
ponto de vista da imensa maioria da humanidade — , as promessas<br />
do Norte se mostraram falsas.<br />
Estes três elementos: o desenvolvimento de uma igreja verdadeiramente<br />
universal, as novas condições pós-constantinianas e o<br />
fracasso das promessas do Norte, desafiam os cristãos do mundo<br />
inteiro, e não apenas os dos países pobres. É cada vez maior o<br />
número de crentes que se encontram em situações semelhantes às<br />
que existiam antes de Constantino. O mero fato de se chamar de<br />
cristão ou de ser líder da igreja não representa mais um motivo de<br />
respeito como era antes. A igreja não pode contar mais com a escola<br />
pública ou os costumes da sociedade para transmitir os valores cristãos<br />
e inculcar nas novas gerações uma visão cristã da vida e do<br />
mundo. É cada vez maior o número de cristãos que vivenciam uma<br />
forte tensão entre suas convicções e as realidades do mercado e do<br />
trabalho. Muitos simplesmente se dão por vencidos ou decidem que<br />
sua fé é uma questão privada e interna, que pouco tem a ver com<br />
sua vida social e econômica. Mas outros continuam se confrontando<br />
com essa tensão e atingem, assim, uma visão mais profunda de sua<br />
fé cristã — e uma visão que se assemelha muito à teologia do tipo C.<br />
Isso ocorreu tanto nas terras tradicionalmente cristãs do Norte<br />
quanto entre as “igrejas jovens” dos países mais pobres. Essa nova<br />
teologia do tipo C, como sua equivalente dos primeiros séculos, não<br />
vê o cristianismo como, acima de tudo, um modo de se chegar ao<br />
céu, mas como uma janela que nos mostra os propósitos de Deus<br />
para a história e para a criação e que nos convida a unir-nos a esses<br />
propósitos. Essa teologia, nova, mas semelhante à velha teologia do<br />
tipo C, foi abrindo caminho em fins do século XX à medida que os<br />
negros na África do Sul, os camponeses da América Central e do<br />
Sul, o negros na América do Norte, os garis na índia, as mulheres no<br />
mundo inteiro e muitas outras pessoas se organizavam para resistir a<br />
repressões e opressões de toda sorte.<br />
Muitas das raízes dessa nova espécie de teologia remontam à<br />
primeira metade do século XX e aos escritos de Karl Barth. Ele