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Retorno_a_Historia_Do_Pensamento_Cristao_-_Justo_Gonzalez

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Para levar isso em conta, é necessário ir além da mera exposição<br />

e comparação dos três tipos de teologia. Devemos nos perguntar que<br />

interesses sociais encontravam apoio ou oposição em cada um desses<br />

tipos, mesmo que seus principais expoentes — Tertuliano, Orígenes<br />

e Irineu — não se dessem conta disso. Com base nisso, poderemos<br />

compreender por que o tipo C tendeu a desaparecer, eclipsado pelos<br />

outros dois — e também por que em muitas de nossas congregações<br />

locais predomina o tipo A, enquanto o B parece ser mais comum nas<br />

universidades, seminários e outros centros de estudo.<br />

Isso complica nossa investigação, pois é pouco o que se sabe<br />

sobre as circunstâncias sociais e econômicas dos cristãos no século<br />

II, em parte porque os textos que foram conservados não oferecem<br />

muita informação a esse respeito e, em parte, porque os pesquisadores<br />

em geral não têm feito a esses textos muitas perguntas de<br />

cunho social, político e econômico'. O pouco que se sabe não nos<br />

permite distinguir categoricamente entre os interesses sociais que<br />

poderiam prevalecer em um lugar ou noutro. Além disso, por causa<br />

do caráter fragmentário das fontes e da falta de dados estatísticos<br />

confiáveis, sempre existe o perigo de que algum documento que<br />

nos parece típico reflita, na realidade, circunstâncias excepcionais.<br />

Portanto, não é possível estudar os contextos de nossos três tipos de<br />

teologia com a mesma metodologia e precisão com que se podem<br />

estudar, por exemplo, os contextos sociais em que surgiram o fundamentalismo<br />

e o evangelho social nos Estados Unidos.<br />

' Em tem pos recentes, tem havido m uitas tentativas de preencher essa lacuna. A Society o f<br />

Biblical Literature (S ociedade de L iteratura B íblica] e a American Academy o f Religion<br />

[A cadem ia A m ericana de R eligião] organizaram um “grupo de trabalho” sobre o m undo<br />

social do cristianism o antigo. Em relação ao N ovo T estam ento, foram feitos vários estudos<br />

que m erecem ser citados. Veja W. A. M eeks, The First Urban Christians: The Social World<br />

o f the Apostle Paul, N ew H aven: Yale U niversity P ress, 1983, e a bibliografia incluída ali.<br />

N um nível um pouco m ais popular: J. E. S tam baugh e D. L. B alch, The New Testament in<br />

Its Social Environment, P hiladelphia: W estm inster, 1986. Em relação ao período patristico,<br />

veja m in h a o b ra Faith and Wealth: A History o f Early Christian Ideas on the Origin,<br />

Significance, and Use o f Money, San F rancisco: H arper & R ow , 1990. Em todo caso, a<br />

d ificuldade continua, pois, com o diz R am say M acM ullen, “ o cristian ism o depois do Novo<br />

T estam ento se nos apresenta quase exclusivam ente em páginas dirig id as a leitores de classe<br />

a lta” (Christianizing the Roman Empire: A .D . 100-400, N ew H aven: Yale U niversity Press,<br />

1984). Já 0 que M acM ullen acrescenta é m ais duvidoso: “E tais pessoas preferiam m anter<br />

distância en tre elas e seus in ferio res.”

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