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egistros de estudos a respeito<br />
de atividades de<br />
vendas não são muito<br />
frequentes. O tema vendas,<br />
por motivos desconhecidos,<br />
curiosamente,<br />
ainda não inspira o mundo<br />
acadêmico na proporção<br />
de sua importância.<br />
Há cerca de cem anos,<br />
as atividades relacionadas<br />
a estratégias de vendas<br />
deram passos importantes<br />
– com maior<br />
intensidade a partir da<br />
Segunda Guerra Mundial<br />
(1939–1945) –, difundindo-se<br />
através de<br />
diversas “tecnologias”<br />
de como vender. Nesse período, surgiram novos<br />
mercados, o poder de compra foi potencializado<br />
e conceitos de marketing e gerenciamento da<br />
qualidade se desenvolveram, ao mesmo tempo<br />
que o consumidor se fortaleceu com a criação de<br />
normas de proteção e defesa.<br />
Além disso, as primeiras ações focadas na promoção<br />
de vendas se intensificaram com o acirramento<br />
da competição entre empresas e mercados<br />
globais. A atividade de vendas, portanto, passou a<br />
ser instigada a desenvolver novas táticas para alcançar<br />
novos clientes, tornando-se, na visão de<br />
alguns especialistas, uma arte.<br />
A persuasão não é suficiente<br />
para conquistar clientes<br />
A partir disso, a instrumentação essencial de todo<br />
bom vendedor evoluiu – como a comunicação adequada<br />
e as técnicas de persuasão –, mantendo sua<br />
relevância tanto na venda de bens quanto na de<br />
serviços. Mais recentemente, a força das redes sociais<br />
reinventou formas de abordar e conquistar o<br />
cliente digital. A qualidade dos produtos e dos<br />
serviços, somada à capacidade de atender ao perfil<br />
e à lealdade desse cliente no ambiente digital, passou<br />
a ser posta à prova.<br />
Nesse contexto, escolas de administração começaram<br />
a oferecer cursos de gestão de negócios,<br />
incluindo matérias relacionadas às vendas em<br />
suas grades disciplinares. Novas competências são<br />
exigidas dos profissionais, que mergulham nas<br />
atividades comerciais. Vendedores de qualidade<br />
conquistam maior valorização profissional do mercado,<br />
especializam-se e ganham reconhecimento.<br />
Evoluir na profissão depende sobremaneira do<br />
empenho e do networking pessoal e corporativo.<br />
Vender ainda é uma grande interação entre<br />
posições e interesses, uma afinada conexão com o<br />
público-alvo. Atribui-se aos bons vendedores sua<br />
adaptabilidade e versatilidade no discurso, que<br />
atendam às necessidades e às expectativas exclusivas.<br />
Ferramentas de TI e treinamentos de aperfeiçoamento<br />
dessas interações também encontram<br />
seu espaço. Além de forte conhecimento técnico do<br />
que vendem, o rapport adequado no aperto de mão,<br />
no sorrir, no olho do cliente permanecem também<br />
como diferenciais relevantes.<br />
O iceberg como ameaça ou oportunidade<br />
A metáfora proposta neste artigo é enxergar o<br />
cliente como se enxerga um iceberg, um grande<br />
bloco de gelo flutuando nos oceanos, que exige dos<br />
navegadores grande atenção, habilidades específicas<br />
e equipamentos adequados a fim de se evitar a<br />
ameaça dos erros de percurso, surpresas desagradáveis<br />
ou até desastres.<br />
Estudos comprovam que icebergs provenientes<br />
de degelo dos polos se desprendem do continente<br />
e se movimentam através de inúmeras correntes<br />
marinhas. Com suas duas faces, calcula-se que 10%<br />
de seu volume fica aparente, visível na superfície,<br />
mantendo-se encobertos os 90% restantes, submersos<br />
e invisíveis, podendo ter dimensões maiores em<br />
largura e profundidade. É papel do vendedor aproveitar<br />
ao máximo a face aparente e imaginar o<br />
tamanho da face submersa como fonte de inspiração<br />
e de oportunidades.<br />
Os mercados, como os oceanos, funcionam mais<br />
ou menos assim: apresentam oportunidades e ameaças.<br />
Movimentam-se soltos na direção das novas<br />
tendências, das novas correntes marinhas (ou de<br />
consumo) que seguem o sentido dos ventos – contrários<br />
ou favoráveis. O iceberg, comparado ao<br />
cliente, segue sua rota conforme suas possibilidades,<br />
expondo seu lado visível, acima da linha d’água. A<br />
ponta do iceberg representa suas necessidades básicas,<br />
aquilo que o cliente declara aos quatro cantos<br />
sobre o que precisa para comprar e satisfazer necessidades,<br />
como qualidade, preço, prazo e atendimento<br />
cordial.<br />
A face submersa, movendo-se ao mesmo tempo<br />
– só que encoberta –, representa suas expectativas,<br />
seus desejos, suas motivações intrínsecas. É onde<br />
vendamais.com.br - MAIO-JUNHO 2017 51