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Jornal das Oficinas 173

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Colaboração Centro CESVIMAP<br />

www.cesvimap.com<br />

Para se conseguirem reduzir as<br />

emissões poluentes foi necessário<br />

um grande esforço por<br />

parte dos fabricantes e fornecedores<br />

de componentes, que desenvolveram<br />

tecnologias capazes de fazer com que<br />

os gases emitidos pelos veículos que<br />

circulam nas estra<strong>das</strong> sejam cada<br />

vez mais “limpos”, chegando mesmo<br />

a limites que eram inimagináveis há<br />

apenas uma década. Permitindo uma<br />

atmosfera o mais limpa possível (um<br />

dos grandes desafios que a sociedade<br />

enfrenta na atualidade).<br />

A nova norma antipoluição Euro VII,<br />

que entrou em vigor este ano, obriga<br />

os fabricantes a conseguirem uma<br />

média de emissões de CO 2 de 95 g/km<br />

em toda a sua oferta de modelos, com<br />

as suas diferentes motorizações, bem<br />

como a aplicar o novo ciclo de homologação<br />

WLTP (Worldwide Harmonized<br />

Light Vehicles Test Procedure - Procedimento<br />

de Ensaio Harmonizado a<br />

Nível Mundial para Veículos Ligeiros).<br />

Este ciclo é mais realista com os consumos<br />

e, portanto, com as emissões. Por<br />

isso, desde há algum tempo, tem sido<br />

estimulado o aparecimento quer de<br />

veículos híbridos plug-in com ligação à<br />

rede elétrica, quer de veículos elétricos<br />

para se poder cumprir este objetivo.<br />

Estas soluções são, economicamente,<br />

mais dispendiosas comparativamente<br />

aos automóveis “convencionais”, pelo<br />

que os fabricantes desenvolveram a<br />

tecnologia Mild Hybrid de 48 Volt,<br />

que permite contribuir para que os<br />

seus modelos reduzam as emissões de<br />

CO 2 com recurso a uma solução muito<br />

mais económica.<br />

Assistência elétrica<br />

A tecnologia Mild Hybrid consiste em<br />

integrar um pequeno motor elétrico,<br />

Honda PCX com hibridação suave<br />

de corrente alterna, com uma potência<br />

de 9 a 12 kW, numa bateria adicional,<br />

com capacidade entre 0,5 e 1 kW, de<br />

modo a ajudar o motor de combustão<br />

interna nos momentos mais desfavoráveis<br />

do seu funcionamento e a contribuir<br />

para a recuperação de energia<br />

nas fases de desaceleração ou travagem.<br />

Esta solução pode ser considerada<br />

como uma hibridação em paralelo.<br />

O objetivo principal da tecnologia<br />

Mild Hybrid de 48 Volt (ou hibridação<br />

suave) é reduzir as emissões<br />

de CO 2 através <strong>das</strong> funções de recuperação<br />

de energia nas fases de desaceleração<br />

ou travagem do veículo,<br />

bem como do sistema de arranque e<br />

paragem (start/stop). Para além disto,<br />

a utilização da tecnologia de 48<br />

Volt proporciona um binário adicional<br />

em certos momentos da condução,<br />

o que permite um rendimento<br />

superior do veículo. Nalguns casos,<br />

pode mesmo manter, durante algum<br />

tempo, a velocidade de cruzeiro ou<br />

desligar o motor de combustão interna<br />

a velocidades compreendi<strong>das</strong><br />

Bateria de 48 Volt de polímero de lítio do<br />

Hyundai Tucson, situada na bagageira<br />

entre 10 e 15 km/h (a chamada função<br />

“sailing”, também conhecida por<br />

velejar ou andar à vela). Além disso,<br />

a introdução da solução de 48 Volt<br />

permite uma instalação paralela de<br />

alimentação para certos sistemas,<br />

como direções elétricas e sistemas de<br />

sobrealimentação (como compressores<br />

ou turbocompressores, por exemplo),<br />

que requerem muito consumo<br />

de eletricidade, conseguindo libertar<br />

carga do motor de combustão interna<br />

e, deste modo, reduzir consumos e<br />

emissões. Uma vantagem adicional é<br />

que a mesma potência requer apenas<br />

uma quarta parte da corrente comparativamente<br />

a um sistema convencional.<br />

O resultado leva a que a<br />

cablagem possa ser mais fina e, portanto,<br />

mais leve, o que contribui, de<br />

forma indireta, para a eficiência.<br />

Componentes do sistema<br />

A tecnologia Mild Hybrid de 48 Volt<br />

é formada pelos seguintes elementos:<br />

• Motor-gerador: motor elétrico<br />

com uma potência entre 9 e 12 kW.<br />

Auxilia o motor de combustão interna<br />

em certas fases de funcionamento,<br />

aumentando, de forma imediata, o seu<br />

binário através de um impulso elétrico.<br />

Ao mesmo tempo, tem a função de<br />

gerador de energia em fases de desaceleração<br />

ou travagem. Dependendo da<br />

configuração que a hibridação apresente<br />

(será abordada mais adiante),<br />

se estiver unido à cambota do veículo<br />

realiza as funções de arranque do motor<br />

de forma muito mais rápida e silenciosa.<br />

A sua refrigeração, consoante<br />

o fabricante e a potência do motor,<br />

pode ser através de ar ou líquida;<br />

• inversor: para fornecer a energia<br />

necessária para o funcionamento do<br />

motor elétrico, o inversor transforma<br />

a tensão de corrente contínua fornecida<br />

pela bateria de 48 Volt em tensão<br />

alterna trifásica. Durante as fases<br />

de regeneração ou carga, o inversor<br />

transforma a tensão alterna gerada<br />

pelo motor-gerador elétrico em corrente<br />

contínua;<br />

• Conversor contínua/contínua:<br />

caso o motor-gerador de 48 Volt<br />

tenha como função carregar a bateria<br />

de 12 Volt e alimentar o sistema convencional<br />

do veículo, reduz a tensão<br />

de 48 Volt para 12 Volt;<br />

• Bateria: a bateria de 48 Volt é, geralmente,<br />

de iões de lítio (Li-ion) ou<br />

de polímero de lítio (Li-Pol), de pequena<br />

capacidade, podendo oscilar<br />

entre 0,5 e 1 kW. Armazena a energia<br />

<strong>das</strong> fases de desaceleração ou travagem<br />

e a proporcionada pelo motor e/<br />

ou alternador.<br />

Outra vantagem apresentada pela hibridação<br />

de 48 Volt é que, ao dispor<br />

de uma tensão inferior a 60 Volt, não<br />

é considerada alta tensão, dispensando,<br />

assim, o cumprimento dos requisitos<br />

de segurança que afetam os veículos<br />

híbridos e elétricos no que toca<br />

a instalação elétrica, conectores, sistemas<br />

de segurança e isolamentos, entre<br />

outros, tornando o sistema menos<br />

dispendioso. De igual modo, ao não<br />

ser de alta tensão, dispensa qualquer<br />

tipo de acreditação para a sua manipulação.<br />

Dentro da tecnologia de 48<br />

Volt, consoante os fabricantes, como<br />

Bosch, Continental, Delphi, Schaeffler<br />

ou Valeo, podem encontrar-se diferentes<br />

configurações de alojamento<br />

da máquina elétrica. A saber:<br />

• Nível 0: o motor elétrico está unido<br />

à cambota do motor de combustão<br />

interna através de uma transmissão<br />

por correia. Com este motor/alternador,<br />

é possível recuperar grande<br />

parte da energia cinética que se perde<br />

ao travar. Utiliza-se, também, para o<br />

arranque do motor. Atualmente, é o<br />

sistema mais difundido;<br />

• Nível 1: a disposição do motor elétrico<br />

de 48 Volt também consiste numa<br />

união à cambota, mas sem correia de<br />

acoplamento. Comparativamente aos<br />

geradores de arranque acionados por<br />

correia, o motor montado na cambota<br />

proporciona uma potência de saída<br />

mais elevada e gera mais energia, o<br />

que contribui para melhor eficiência.<br />

Também permite o arranque do<br />

motor. Nas motorizações em “V”, é o<br />

sistema mais difundido;<br />

• Nível 2: neste nível, o motor elétrico<br />

www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Abril I 2020 61

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