A Arte do Encontro
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
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mídia “filme”, mas pode ser parte do acordo social “ir ao cinema”, que
inclui o próprio filme, bem como a configuração arquitetônica dos
assentos confortáveis e o design de interiores. A luz é, necessariamente,
uma parte da mídia filme, da mesma forma que a mídia filme
faz parte integrante de uma visita ao cinema (HAGGREN et al., 2009,
p. 13-14, tradução própria).
Grosso modo, o estímulo diz respeito ao texto midiático, enquanto
o acordo diz respeito ao contexto midiático. A partir da relação midiática
entre estímulos e acordos, os autores propõem uma divisão
das mídias em três categorias 60 : espetáculo, interatividade e participação.
As duas primeiras categorias são mais facilmente reconhecidas
como mídias, uma vez que dizem respeito às manifestações
hegemonicamente estabelecidas. Na mídia espetacular e na mídia
interativa, o poder tanto sobre os acordos quanto sobre os estímulos
está concentrado numa figura cristalizada (o emissor). Ao receptor,
cabe abstrair a partir dos estímulos (no caso da mídia espetacular)
ou escolher quais estímulos irá abstrair (na mídia interativa) de um
produto midiático imutável. Por conta disso, essas duas categorias
são também descritas como discursivas.
Já nas mídias participativas, a relação é dialógica. Todos os envolvidos
geram estímulos uns aos outros, de modo que a divisão entre emissor
e receptor é incabível. É, por excelência, uma mídia processual: não é
possível participar quando a posição do indivíduo é a de consumidor de
um produto acabado. Ao contrário da abstração e da nomeação, atividades
encontradas respectivamente nas mídias espetacular e interativa,
a mídia participativa é caracterizada pelo agenciamento: a capacidade
de agir em diálogo com as ações dos outros participantes, de maneira
que a experiência de todos os envolvidos é afetada.
60. Atento para o fato de que, diferentemente da teoria da mídia prossiana, a presente
categorização diz respeito mais à relação entre os indivíduos envolvidos no processo comunicacional
do que nos aparatos que porventura são utilizados por eles.